Esta entrevista integra a série Vidas e Vozes de Mulheres na Pandemia.
Carmen Regina Ebele: Quem é você? Qual o seu nome, idade, estado civil, se tem filhos, quantos, onde mora, profissão, alguma outra informação que descreve você?
Meu nome é Sirlei Maria Erthal Herrmann, tenho 40 anos. Sou casada, tenho dois filhos e moro na Lorena. Sou diarista e amo muito o que eu faço.
CRE: Conte sobre sua rotina diária. A pandemia afetou de alguma forma as suas atividades ou das outras pessoas da família?
Sirlei Maria Erthal Herrmann: Meu dia a dia é bem corrido. Dia 19 de março de 2020 foi um dia bem assustador! Fui dispensada do serviço. Minha patroa entrou em pânico por causa da Covid. Indo para casa, eram só empresas fechando as portas, dispensando seus funcionários, mercados lotados, como se o mundo estivesse acabando. Fiquei parada, sem serviço, durante três semanas.
CRE: Qual a sensação de sair para trabalhar em locais e residências que podem ter pessoas infectadas pelo vírus? Qual o sentimento que você tem frente a essa realidade tão desafiadora? Já pensou em desistir da profissão pelos riscos que a pandemia traz a vocês trabalhadoras domésticas?
SMEH: No começo saía para trabalhar com o coração bem apertado. Mas, precisava trabalhar ou nós não teríamos comida. Peço muito a Deus, todos os dias, que me proteja, e proteja todas as famílias.
CRE: As relações com as pessoas que você trabalha foram afetados por conta do coronavírus?
SMEH: Em nenhum momento pensei em desistir. Todas as famílias com quem trabalho foram afetadas de alguma forma. No dia a dia estou no serviço das famílias, à noite eu tenho as minhas atividades, tenho as atividades escolares…
CRE: Conte como é realizar as atividades escolares em casa com seus filhos e agregar a educação escolar às outras atividades que você já tinha ou que tem diariamente. Qual a sensação de se dedicar a tantas atividades? Você acha que está trabalhando mais na quarentena?
SMEH: Muito difícil, pois minha filha tem quatro anos e não quer fazer as atividades, pois ela diz que não sou professora, e sim a mãe dela. Já meu menino de quinze anos é responsável e está com muita saudade de voltar às aulas. Minha vida é bem corrida durante o dia, com as famílias. À noite, em minha casa, tenho muitos afazeres, as atividades dos meus filhos…
CRE: E seus filhos têm participado das atividades da escola? E como você os vê neste período de quarentena? Eles estão motivados, aborrecidos, cansados ou felizes? Qual a reação dela no momento das atividades? E seu marido, como tem reagido a essa nova rotina?
SMEH: Passam o dia em casa sempre fazendo algo para não ficarem sem os estudos, muitas vezes aborrecidos. Meu marido, pela sua profissão de caminhoneiro, na maioria das vezes não se encontra em casa.
CRE: Cite medos vivenciados na quarentena, alegrias, do que sente falta e o sentimento que você tem frente à pandemia.
SMEH: Sair todos os dias de casa com medo de trazer a doença para dentro de casa e para meus familiares. Sinto muita falta de visitá-los, e também das aulas presenciais dos meus filhos.
CRE: O que você descobriu sobre você nessa pandemia?
SMEH: Me sinto forte em enfrentar tudo isso.
CRE: Em meio a tantas incertezas, mudanças, desafios que a pandemia nos impõe, você tem dicas, sugestões ou alternativas para as mulheres se manterem bem nesse novo estilo de vida?
SMEH: A todas as mulheres com profissões diferentes da minha, que nunca desistem, pois mais difícil que seja, sair com um sorriso no rosto e Deus no coração.
CRE: Como você acha que será a vida da humanidade após a pandemia?
SMEH: Tenho a esperança de que depois da pandemia tudo volte ao normal.
CRE: O que a pandemia vai deixar nas nossas memórias?
SMEH: Ela ficará na memória de todos. Uns mais unidos, outros mais tristes por terem perdido algum familiar.
CRE: Quando esse tempo difícil passar, quais são as coisas que você mais quer fazer?
Quando tudo isso passar, quero poder voltar à rotina normal, sem precisar usar máscara, sair sem medo, e todas as famílias, mesmo com dificuldades diferentes das minhas, não desistam de serem famílias unidas e felizes!
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