Entrevista: Amilton Stedile

Aos 35 anos, é vice-presidência do Conselho Municipal de Turismo de Guabiruba (Comtur), envolvido nas questões culturais e um dos gestores de uma loja de materiais de construção

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Conhecido por seu envolvimento cultural e trabalho voltado ao resgate e preservação da cultura italiana, Amilton Stedile, 35 anos, é um dos gestores da empresa Stedile Materiais de Construção e Acabamentos, localizada na região central de Guabiruba. Em 2021, assumiu a vice-presidência do Conselho Municipal de Turismo de Guabiruba (Comtur).

O filho de Altamiro e Élia Maria Stedile, é pai da Luana Heloisa Stedile, de 14 anos. Morou até os 11 anos no bairro Lageado Alto, mudando-se posteriormente para o Centro de Guabiruba e, atualmente, reside no bairro Guarani, em Brusque. Porém, a maior parte do seu tempo é vivido em Guabiruba, onde fica sua empresa e as atividades sociais que desenvolve.

Amilton estudou até a 4ª série na Escola Municipal Matias Moritz, Lageado Alto. Depois, frequentou a Escola de Educação Básica Professor João Boos. É formado em Gestão Comercial pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci (Uniasselvi – Brusque).

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Desde os 11 anos foi incentivado pelo pai a trabalhar na empresa da família, sendo admitido em 1999, aos 14 anos. “Trabalhei por muitos anos como vendedor da loja, depois setor financeiro e hoje sou gerente de compras e um dos gestores. Estou em torno de 24 anos na empresa”, conta Amilton, que tem na sua trajetória o envolvimento comunitário.

Ligado à Igreja Católica, assim que finalizou a Crisma, cursou Emaús, trabalhando por vários anos no movimento, além de integrar o grupo litúrgico, ser catequista e membro do Conselho de Pastoral. Também foi um dos idealizadores do Cerco de Jericó da Igreja Matriz Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e integrante do movimento de campistas.

O gosto pela cultura o fez atuar em várias frentes: participou do Teatro Paixão e Morte de um Homem Livre, integra o Gruppo de Dança Tutti Buona Gente, é secretário da Associação Italiana de Guabiruba (ACIG) e foi um dos idealizadores da Festa Italiana de Guabiruba e Sfilatta del Vino.

Guabiruba Zeitung: Como surgiu seu interesse pelo estudo e resgate da cultura italiana?

Amilton Stedile: Sou descente de italianos. Meu tataravô Pietro (por parte do pai) e trisavô Matheus (por parte da mãe) imigraram para o Brasil da região de Trento, no Norte da Itália. Vieram em busca de uma vida melhor e deixaram um legado muito bonito que vem sendo transmitido de geração em geração.

Em 2009, surgiu a oportunidade de integrar o Gruppo de Dança Italiana Tutti Buona Gente por um convite do Marcelo Carminati, na época presidente da Associação Artístico Cultural São Pedro, do qual o grupo faz parte. O grupo foi apresentado em uma grande festa na Sociedade Guabirubense. Depois disso, fomos construindo com vários amigos e simpatizantes da cultura italiana um resgate dentro do município, já que existia uma presença forte desta comunidade, mas que por muitos anos foi deixada de lado pelos governos municipais.  Levamos o nome de Guabiruba para várias cidades do estado e em 2013 viajamos para a Itália e Alemanha para apresentações e visitações na região de onde vieram os nossos antepassados. Após esta viagem, a paixão por ser descendente desta cultura ficou ainda mais forte e o sentimento de levar essa linda tradição ao povo de Guabiruba e região só se multiplicava.

Através de vários colaboradores, damos mais força à Festa Italiana, que passou a ser de um dia inteiro. Antes era realizada como Noite Italiana. Em 2018, tive a ideia de fazermos um desfile no Centro, já que a festa ocorre no bairro Lageado Alto, para assim divulgar os aspectos da festa e da cultura no Centro.

Neste período, também surgiu a Associação Cultural Italiana de Guabiruba, possibilitando a criação de uma identidade e uma melhor organização nos movimentos pela cultura italiana.

GZ: Como surgiu a ideia de montar o monumento no bairro Lageado Alto?

AS: Sempre tive muita vontade de homenagear os imigrantes italianos vindos a Guabiruba e surgiu a oportunidade, através de um projeto organizado pela Fundação Cultural de Guabiruba, de angariar fundos. Em 2019, instalamos um “Caldeirão da Polenta” junto ao paisagismo feito na época no Memorial Ítalo Guabirubense Sacristão Francesco Celva, que fica do lado da Igreja Imaculada Conceição, no Lageado Alto.

Este símbolo lembrava muito a dificuldade das primeiras famílias quando se instalaram naquela comunidade, onde, por muitas vezes, comiam apenas polenta: de manhã, de meio dia e à noite. O monumento foi uma forma de homenagem e de dizer o nosso muito obrigado por não terem desistido. Símbolo este que hoje também significa fartura: uma polenta acompanhada de galinha caipira e outras guarnições são motivos para reunir a família. O que antes era o alimento de sobrevivência, hoje se transforma no alimento de união.

GZ: Quantos membros integram a Associação Cultural Italiana de Guabiruba (ACIG) e como foi passar pela pandemia da Covid-19?

AS: A ACIG é uma entidade sem fins lucrativos e possui oito membros. Na pandemia a entidade não teve eventos e foi muito prejudicada, pois a 10ª Festa seria na semana do “look down”, resultando em prejuízo para a entidade. Mesmo assim, estamos fortes e vamos superar este prejuízo na festa em março de 2022. O que foi feito ao longo deste tempo foi a manutenção do Memorial pelos membros da ACIG, de forma voluntaria, a fim de zelar por aquele espaço que é e será fundamental para história da imigração italiana em nosso município.

GZ: A ACIG pretende retomar as festas e desfiles quando passar a pandemia? Qual é o planejamento da entidade?

AS: Em 2022 faremos a 4ª Sfilatta del Vino e a 10ª Festa Italiana, também abriremos o Memorial para visitação. Pretendemos criar horários para receber grupos e turistas para visitar o memorial. Com o lucro manteremos a estrutura do local e pagaremos o saldo de dívidas que a pandemia deixou.

GZ: Como empresário no comércio de materiais de construção, como analisa o setor antes, durante e nesse processo de pós pandemia?

AS: Como um dos gestores da Stedile Materiais de Construção e Acabamentos, vejo que a pandemia chegou cheia de surpresas negativas, mas também com muitos aprendizados. 2020 foi um ano ímpar para construção civil, já que as pessoas deixaram de viajar e festejar, e assim sobrou dinheiro para reformas e manutenção da casa. Foi um ano desgastante, tivemos falta de funcionários, mercadorias das indústrias faltando e uma insegurança governamental incrível. Driblamos isso tudo e fomos inovando. Entramos em 2021 bem fortes e com projetos de melhorias no atendimento, capacidade logística e mais canais de vendas. Esperamos um ano bem aquecido, já que a projeção de crescimento da construção civil, segundo especialistas, é de 4%. Somos uma loja diferenciada das demais, e o nosso objetivo é atendermos nosso cliente com excelência, sempre trazendo o que tem de mais novo no mercado, principalmente da parte de decoração e acabamentos.

GZ: Que mensagem você gostaria de deixar para o guabirubense?

AS: Guabiruba é uma cidade rica em turismo e cultura. As pessoas trabalham muito e são super organizadas, as empresas formam a organização trabalhista e a fé é muito presente nas famílias. O que nos falta ainda é mais união entre entidades e grupos. Acredito que isso seja o “ingrediente” que falta para Guabiruba ser uma cidade com ainda mais sucesso. Muitos de nós viemos de culturas diferentes, temos a presença de migrantes de todas as regiões do Brasil, precisamos valorizar também estas culturas. Se juntos darmos as mãos e nos ajudarmos, o poder público fazer a sua parte, que é manter organizado estes grupos e entidades, repassar recursos dentro das suas possibilidades, dentro de poucos anos vamos ver nossa cidade ainda mais conhecida perante o Brasil e o mundo. Assim, atraindo mais empregos, mais dignidade ao nosso povo e mais prosperidade.

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