A primeira cirurgia bariátrica pelo Sistema Único de Saúde (SUS) foi realizada na tarde de quarta-feira (17), no Hospital Azambuja, em Brusque. O procedimento é um marco na história da instituição de saúde, que conquistou, no final de dezembro de 2021, a habilitação de alta complexidade para este tipo de cirurgia, junto ao Ministério da Saúde. Realizada pelos cirurgiões do aparelho digestivo Dr. Fábio Medaglia Filho e Dr. Lucas Pensin, a cirurgia foi um sucesso e a paciente permanece em recuperação.
Dr. Fábio, que também é coordenador de Cirurgia Geral do Hospital Azambuja, explica que a cirurgia bariátrica representa a abertura de portas para alta complexidade no Hospital Azambuja.
“Hoje já fazemos todo tipo de cirurgia de alta complexidade no hospital, de maneira privada ou por convênios. O que falta é a abertura de portas para fazermos isso pelo SUS e a cirurgia bariátrica vem como um primeiro processo, para mostrar para o Estado as condições que o Azambuja tem para atender toda essa demanda represada. Tem pacientes que ficam anos na fila esperando e nós entramos nesse processo, para diminuir esse tempo de espera, que resolve muitas doenças. A bariátrica vem como uma mudança de paradigmas no hospital, vai fazer o Azambuja mudar de padrão, aumentando sua complexidade e fazendo com que os olhos do Estado para o hospital e para a saúde de Brusque, mudem daqui para frente”, enfatiza.
A primeira paciente a realizar o procedimento via SUS, foi Cristiane Aparecida de Paula Ferreira da Silva, de 29 anos. Ela passou por todo o protocolo de atendimento, que envolveu consultas junto à equipe multidisciplinar do hospital, como psicóloga, nutricionista, além de médicos; realização de exames; e a participação em encontros mensais. “Dei entrada no postinho de saúde do meu bairro há dois anos e meio. Em abril deste ano, fui chamada para iniciar todo o processo para realização da cirurgia em Brusque. Fiz os exames, o acompanhamento com a equipe e todos foram muito atenciosos e carinhosos comigo. Estou muito feliz em poder realizar a cirurgia em Brusque, em estar mais próxima dos médicos, da equipe e da minha família. Agradeço muito a todos os profissionais. Para mim isso representa uma mudança de vida, uma nova fase e um processo que continua após a cirurgia”, comenta.
Preparação
De acordo com Dr. Fábio, a cirurgia só pode ser feita em pacientes que têm o Índice de Massa Corporal (IMC) alto, com doenças associadas (comorbidades), e que precisam ser encaminhados ao hospital via Unidade Básica de Saúde ou pelo endocrinologista da Prefeitura. “Não existe uma maneira do paciente chegar direto para gente e marcar uma consulta, a não ser que faça isso de maneira privada ou por convênio. Pelo SUS, o paciente tem que ser encaminhado via posto de saúde, para iniciarmos todo o processo”, revela.
Desde março, quando o Hospital Azambuja definiu os protocolos de atendimento para cirurgias bariátricas, mais de 60 pacientes já iniciaram o processo pré-operatório. Tão logo eles estejam prontos, seguem para a cirurgia.
“Os pacientes passam por toda uma avaliação da equipe multidisciplinar, exames complementares, muitas vezes há doenças para serem tratadas antes da cirurgia, e é necessária a liberação na parte psicológica, nutricional e de clínica médica. E o paciente só pode ser submetido à cirurgia depois de entender todo o processo, esse é um dos critérios. É um processo complexo, onde o paciente precisa ser muito participativo. É diferente de outros tipos de cirurgia, como uma cesariana, uma cirurgia de vesícula, por exemplo, que o paciente faz, fica de repouso e resolve. A cirurgia bariátrica tem toda uma questão de mudança de hábitos, de vida, de entender a dieta, saber ler o que está nos rótulos dos alimentos, a quantidade de comida correta, tudo isso demanda muito do paciente, tanto no pré como no pós-operatório. Por isso que o paciente precisa passar por um acompanhamento prévio.
Nosso protocolo prevê pelo menos quatro reuniões em grupo, em que o paciente participa uma vez por mês, para poder ser submetido à cirurgia. Então são quatro ou cinco meses em que ele é preparado para entender todas as mudanças necessárias antes e depois do procedimento cirúrgico”, complementa Dr. Fábio.
Alta Complexidade
De acordo com o gestor hospitalar, Gilberto Bastiani, a instituição busca a habilitação em alta complexidade para outros tipos de cirurgia. “Ficamos muito satisfeitos com a conquista da alta complexidade para a cirurgia bariátrica, depois de quatro anos, pois sabemos da importância deste procedimento aos pacientes, que chegam a esperar por anos por esse atendimento. E isso acontece também em outras áreas. É por isso que estamos nesse processo de solicitação, de encaminhamento de documentos e reuniões, para trazermos a alta complexidade para as cirurgias de ortopedia e traumatologia, oncologia, Hemodinâmica e cirurgia cardíaca. Hoje o Hospital Azambuja tem equipes, tecnologia de ponta e instalações prontas para atender a demanda por essas cirurgias e assim já o fazemos, de forma particular e por convênios médicos. Mas nossa busca é pelo credenciamento via SUS, para atendermos mais pacientes e diminuirmos o tempo de espera deles, por cirurgias de alta complexidade”, complementa.