Evento do Sifitec e Sindivest teve como tema “O Modelo de Negócio Multi: porque criar, produzir e vender não é mais o suficiente para uma empresa de moda”, apresentado pelo economista italiano, Enrico Cietta
A noite desta quarta-feira (31) foi de aprendizados e insights para profissionais do ramo da Moda de Brusque e região, que prestigiaram a palestra “O Modelo de Negócio Multi: porque criar, produzir e vender não é mais o suficiente para uma empresa de moda”, ministrada pelo economista italiano, Enrico Cietta.
O evento gratuito foi promovido pelo SIFITEC – Sindicato Patronal Têxtil e pelo SINDIVEST – Sindicato Patronal do Vestuário, em parceria com o SEBRAE.
“Conhecemos o Cietta no PRIORI da Fiesc, um programa de reinvenção da moda de Santa Catarina, que conta com a participação de empresas de Brusque, como a Rosa Maria, a RC Conti e a Jativa / Diklatex. Achamos interessante trazer ele para mostrar ao público regional a nova cara da Moda, que está se reinventando depois da pandemia e de toda a movimentação do mercado”, explica a presidente do SINDIVEST, Onésia Adriana Liotto.
De acordo com ela, a palestra foi um sucesso, pois Cietta é um conhecedor de todos os processos da confecção, do têxtil em geral e já prestou consultoria para diversas empresas catarinenses, em cidades como Blumenau, Pomerode e Rio do Sul. “Foi muito interessante trazê-lo esta noite para que outros empresários também pudessem ter a visão do programa PRIORI com um profundo conhecedor do nosso ramo”, completa.
O presidente do SIFITEC, Marcus Schlosser, concorda e destaca a necessidade dos empresários olharem seus negócios de acordo com o cenário atual. “Trata-se de um palestrante de renome internacional, amplamente conhecido, com livros publicados e que ensina o que sabe. Sem dúvida, foi uma grande oportunidade para que todos possam reinventar o próprio negócio a partir dele próprio. Quem assistiu a palestra, com certeza saiu com um novo olhar sobre sua empresa e sua visão de negócio”, destaca.
A palestra
No palco do teatro do Centro Empresarial de Brusque (Cescb), Enrico Cietta falou sobre as especificidades do ramo da Moda. “É um setor muito particular, manufatureiro e ao mesmo tempo criativo. Onde tem o valor imaterial da peça e ao mesmo tempo para entregar isso, precisamos de uma peça física. É tudo muito complicado e por esta razão precisamos de uma abordagem totalmente diferente das demais indústrias manufatureiras”, frisa.
Para ele, a gestão da empresa e do produto de moda precisa de um olhar diferente, pois se tem duas cadeias de valor (material e imaterial). “Esse é o ponto, com duas cadeias de valor não há um único jeito de criar, produzir e vender. Por exemplo, eu produzo blusas, mas uma blusa é uma coisa e outra blusa outra coisa. Então preciso criar, produzir e vender de forma diferente”, completa.
Ao longo da palestra, Cietta apresentou cases internacionais, que aplicam este conceito. “Hoje, uma empresa que utiliza um só jeito de criar, produzir e vender é penalizada no mercado, pois corre o risco de usar um método mediano, que não satisfaz nem um tipo de produto, nem outro, bem como não é adequado para diferentes tipos de clientes”, detalha.
Para ele, é preciso entender que sendo a moda um setor especial, precisa de um tipo de gestão especial, diferente das demais indústrias. “Para isso precisamos de um modelo de negócio multi, com mais de um jeito de fazer”, conclui.
Sobre a representatividade de Brusque no ramo têxtil, o palestrante disse que assim como todo o Estado, a cidade tem grande capacidade produtiva. “Quando cheguei no Brasil em 2011 dava para perceber ainda um atraso em termos de qualidade. Hoje, não tem mais isso em comparação com produtos europeus. Não falando especificamente do superluxo, embora tenham marcas brasileiras que trabalham com uma qualidade excelente. Mas a qualidade média do mercado não tem mais uma diferença forte. A característica aqui é ser um grande polo industrial, com boa qualidade e eficiência. O aspecto que precisa ser melhorado é a capacidade de gestão da coleção, para quem trabalha com marca própria existe ainda um déficit de como trabalhar. O aspecto comercial ainda é mediano entre a produção e a parte criativa.O que é normal. Aqui se está desenvolvendo uma competência de gestão de vendas, mas do ponto de vista da gestão e produto, ainda pode ser melhorado com conhecimento, tanto o polo de Brusque, quanto outros do estado”, avaliou.
Sobre o palestrante
Enrico Cietta é economista, sócio sênior da Diomedea, responsável pela área de estudos da empresa. É graduado na Universidade Bocconi de Milão (Itália) e tem Mestrado em Economia pela Victoria University de Manchester (Reino Unido). É especialista em polos industriais (APLs), industrias criativas (moda e design) e em modelos de negócios das indústrias criativas híbridas.
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