Crédito: Grazielle Guimarães / Guabiruba Zeitung

Poucas paixões despertam inspiração para a vida toda, mas entre Samuel dos Santos, 17 anos, e o Jiu-jitsu, foi diferente. Aos 13 anos de idade o jovem paulista e morador do bairro Guabiruba Sul foi convidado por um amigo a participar de algumas aulas de jiu-jitsu, só para não ficar na rua. “A gente passava o dia todo na rua brincando e isso abria possibilidades para se envolver com coisa errada, foi aí que começamos a participar da aula e não tinha tempo pra pensar em besteira ou se envolver com coisas ilícitas. Desde então me apaixonei pelo jiu-jitsu”, conta.

Como muitos atletas, para Samuel o esporte foi uma ponte que saia das inúmeras possibilidades que cidades com alto índice de criminalidade oferecem, como São Paulo por exemplo, para um futuro digno e honesto. Há pouco mais de dois anos em Guabiruba, Samuel conheceu a academia Rilion Gracie, em Brusque, e começou a treinar.

Renan Guntin, proprietário da academia e treinador de Samuel, conta que logo que comprou a academia ele pediu para treinar. “Na época ele trabalhava em Guabiruba ainda. Vendo a persistência e o talento dele, nós conseguimos um emprego aqui no Centro de Brusque, mais próximo da academia e Samuel continuou treinando. Me chamava a atenção que mesmo vindo de Guabiruba de bicicleta todos os dias, com chuva ou sol, nunca ouvi o Samuel reclamar”, conta Guntin.

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De segunda à sábado o jovem atleta passa o dia na academia treinando e ajudando outros alunos. São em média cinco treinos diários com cerca de uma hora cada. Pelo menos uma vez por mês Samuel participa de alguma competição. A maior delas neste ano foi o Circuito Extreme Pro de jiu jitsu, onde Samuel foi campeão absoluto.

Mesmo com a rotina cansativa de trabalho, Samuel não desistia dos treinos. A disposição e talento do atleta chamou a atenção do treinador que decidiu investir no jovem. “Aqui na academia nós recebemos pessoas de diversas profissões, empresários, advogados, médicos entre outros. Com o jiu-jitsu nos tornamos uma família, então reuni alguns alunos e apresentei uma proposta de patrocínio para o Samuel. Nós conseguimos ajudar mensalmente com o mesmo valor que ele recebia no antigo trabalho, além de uma quantia anual que ajuda nas despesas das competições” conta Renan Guntin.

“Eu sempre amei o esporte, sempre gostei de treinar, mas com o trabalho eu não conseguia me dedicar muito. Agora, com essa oportunidade que o Renan deu, eu consigo focar mais, treinar mais forte, me sentindo mais preparado para as competições”, salienta Samuel.

No próximo ano, o atleta sai da categoria juvenil e vai para a adulto, iniciando a participação nos campeonatos nacionais. Os planos no esporte não param, além de continuar com os estudos, Samuel busca treinar ainda mais até se consagrar Campeão Mundial de Jiu-jitsu IBJJF. “O Samuel chamou minha atenção porque além de ser muito talentoso ele é disciplinado e focado. Muitos tem o talento, mas não tem o foco, então me apeguei a ele e estamos trabalhando no desenvolvimento técnico. Ele tem tudo pra ser um grande atleta”, salienta Renan.

Uma virada por dia

Samuel e sua mãe vieram do interior de São Paulo para Guabiruba. A família vive uma vida simples na cidade e o jovem precisa ajudar com as despesas de casa, o que acarretou, inclusive, no afastamento dele das salas de aula.

Com o apoio e incentivo que recebe na academia, Samuel tem a perspectiva não apenas de viver do esporte, como de sonhar voos mais altos. “Esses dias, conversando com minha mãe, nós chegamos à conclusão que dos meus amigos de infância só eu consegui algo melhor na vida. Metade se perdeu ao se envolver com coisas erradas. Devo muito ao esporte”, salienta Samuel.

Renan explica que a prática exige toque na outra pessoa, contato direto com ela, então você acaba desenvolvendo uma intimidade muito rápida e as pessoas acabam contando suas dificuldades. “Um se preocupa com o outro, o jiu-jitsu vira uma rede de apoio mesmo”, explica.

Para jovens e crianças, o esporte se torna ainda mais importante, principalmente no cuidado com as responsabilidades sociais. “Acaba que os treinadores cobram para a gente ir bem na escola, respeitar as pessoas, a família. Supervisionam e isso é importante”, afirma Samuel.

A Rilion Gracie Brusque atende mais de 170 pessoas entre crianças, jovens e adultos nas modalidades Muay Thai, Jiu-jitsu e MMA amador. A academia fica na avenida Bepe Roza, N°3.300, próximo ao Estádio Augusto Bauer, em Brusque.

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