Créd. da foto: Valci Santos Reis

O esporte entrou por acaso na vida de Márcia Hochsprung Watanabe, 50 anos. Tudo começou num campeonato de arremesso de peso e se transformou numa vida inteira dedicada às modalidades esportivas, incluindo uma carreira profissional no basquete. Confira abaixo a entrevista com a atual Secretária de Esportes, Lazer e Assuntos para a Juventude de Guabiruba, onde ela conta um pouco sobre a sua trajetória:

Guabiruba Zeitung:  Como iniciou sua relação com os esportes?

Márcia Hochsprung Watanabe: O esporte veio por acaso na minha vida aos 15 anos. Estava trabalhando na IRESA, em Brusque, no ano de 1985 e me chamaram para disputar os jogos do SESI, na modalidade arremesso de peso. Fui na competição e fiquei em primeiro lugar, foi onde me viram e falaram: “Nossa, você é alta, por que não joga basquete?” Mas na época que estudei no Dom João Becker, fiz bem pouco de Educação Física e não tinha muita habilidade com esporte em geral. Embora desde criança fui competitiva. Lembro que na roça com meu irmão disputávamos quem cortava trato mais rápido ou jogava a lenha do morro mais longe.

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GZ: Como você começou a jogar basquete e com quantos anos?

MHW: Depois dos jogos do Sesi, me indicaram ir à Blumenau treinar. Foi um ano inteiro indo treinar no Vasto Verde. Trabalhava na IRESA das 5h às 13h30 e três vezes por semana ia treinar. À noite voltava e meu irmão mais novo me buscava de bicicleta, andávamos mais 10km até chegar em casa. Em 1986 mudei para Blumenau, trabalhei na Sulfabril e treinava à tarde com o juvenil e à noite com o adulto, na época tinha 17 anos.

GZ: Qual o primeiro clube como profissional e como surgiu a oportunidade de jogar nesse clube?

MHW: Em 1987 recebi auxílio financeiro para jogar e voltar a estudar. Conquistamos títulos estaduais infanto juvenil adulto pelo Clube Vasto Verde e nos Jogos Abertos pela CME de Blumenau. Em 88 recebi o convite para jogar por Bauru, em São Paulo, onde permaneci oito meses e em seguida fui para Araçatuba onde joguei por mais 13 anos.

GZ: Quais os principais momentos da sua carreira?

MHW: Em 1989 fui para a Seleção Brasileira juvenil e jogamos o mundial na Espanha, ao lado da Janeth Arcain. Enfrentamos a Rússia, a antiga Yugoslávia, Tchecoslováquia, Espanha, Estados Unidos, China e Coréia do Sul, saímos com o 7º lugar e uma experiência sensacional: jogar no estado de São Paulo com as melhores jogadoras do basquete brasileiro, onde os jogos eram todos difíceis, enfrentávamos as equipes da Paula, Hortência, Marta, entre outras. Também o título Sul-Americano de Clubes no Chile em 1992 sobre o time do Leite Moça, onde jogavam Hortência e cia ficou marcado para a cidade de Araçatuba. Até hoje é lembrado por lá.

GZ: Qual a principal dificuldade que você enfrentou como atleta profissional?

MHW: As dificuldades que todo atleta passa em início de carreira. falta de recursos, falta de apoio até mesmo da família. Vim da roça, não tenho vergonha de falar, numa época bem difícil. Nunca me faltou nada, mas meus pais, no início, tinham medo de me deixar aventurar no esporte, só que sabiam que era isso que eu queria. Tudo vale como um aprendizado e voltaria a fazer tudo de novo.

GZ: Com quantos anos e como decidiu parar de jogar?

MHW: Encerei a carreira com 29 anos, após uma torção de joelho. Fiz cirurgia, mas não sentia mais a mesma confiança e força que tinha anteriormente. Sempre joguei de pivô, posição que trabalha muito em cima de saltos e giros. Já estava formada em Educação Física e resolvi partir para o ramo de dar aula em academia.

GZ: Além da secretaria de esportes, teve outras profissões ligadas ao esporte?

MHW: Passei a dar aula em academia e em uma escolinha de basquete. Casei em 2002 e fui morar na capital de São Paulo. Em 2004 mudamos com a família para o Japão. Foram quatro anos trabalhando em um ramo diferente, na Sony, com componentes eletrônicos. No último ano de Japão fiz trabalho voluntário em uma escolinha de basquete. Em 2009 voltamos para Brusque, trabalhei em projetos sociais com esporte pela prefeitura da cidade. No ano seguinte prestei o concurso de Guabiruba como professora de Educação Física, me efetivei, lecionei em escolas por quatro anos e paralelamente fazia o basquete como voluntária. No final de 2014, surgiu a oportunidade de trabalhar no programa Esporte Guabirubense do Futuro junto à Secretaria de Esportes à convite do então coordenador Nelson Wippel.

GZ: Qual conselho você dá aos jovens que queiram iniciar uma carreira profissional em um esporte?

MHW: Tenham como foco já a aula de Educação Física da escola e a busca e dedicação nas habilidades motoras e nos esportes que te ensinarem, mesmo não tendo esse discernimento de seguir uma determinada modalidade. Sugue do seu professor tudo que ele possa te ensinar. Porque quando chegar a hora de escolher realmente o esporte que você for seguir, já terá a base inserida na sua mente e fica muito mais fácil adquirir as habilidades do esporte propriamente dito que você escolheu. E muita disciplina, perseverança e humildade. Siga dois eixos que estarão lado a lado contigo: a família e os estudos. Porque a vida de atleta é curta. Um dia você volta para a sua família e o estudo te dará um norte para seguir após a carreira esportiva.

GZ: Como e quando surgiu o convite para assumir a Secretaria de Esportes, Lazer e Assuntos para a Juventude?

MHW: Na segunda gestão do governo Matias e Zirke. Me chamaram para conversar e fizeram o convite por já ter o conhecimento técnico e ser da área da Educação Física, além de estar inserida no âmbito esportivo para dar continuidade nos trabalhos frente à secretaria. Sou muito feliz no meu trabalho, amo o que faço. Têm dias que ficamos das oito da manhã até meia-noite envolvidos com o trabalho esportivo. Tenho sorte de ter um esposo e um filho que compreendem e sabem que sou profissional. Me dedico em realizar o esporte em Guabiruba. Não posso esquecer nesse momento que somos em três, sempre falo que tenho o braço direito que é o Roque Hassmann e o esquerdo Alfonso Bernardi, somos colegas que organizam e fazem o esporte acontecer no dia a dia do guabirubense.

GZ:  Continua acompanhando competições de basquete além das do município? Quais?

MHW: À vezes assisto o estadual de basquete em Brusque e gosto de ir à Blumenau acompanhar a liga feminina, onde posso rever técnicos e até uma ou outra jogadora que quando parei estavam iniciando a carreira.

GZ: Um atleta e uma atleta que admira…

MHW: Ayrton Senna, da Fórmula 1 e Janeth Arcain, do basquete.

GZ: Um livro?

MHW: Bíblia.

GZ: Uma pessoa que te inspira?
MHW: Meu pai.

Créd. Arquivo Pessoal

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