Durante a vida, muitos desafios surgem. Com Sidnei Demate, 40 anos, não foi diferente. O guabirubense filho de Norival e Carmelina Dematé, começou a trabalhar aos 14 anos e aos 15 iniciou sua carreira na área têxtil. Parecia seguir a trajetória semelhante de muitas pessoas que vivem na região.
Mas, em 2013, a vida mudou completamente. Foi convidado pelo prefeito Matias Kohler para trabalhar no Executivo Municipal, quando começou a desenvolver atividades ligadas ao turismo e à cultura. Foi assessor da Fundação Cultural e diretor de Turismo de Guabiruba, além de integrante e um dos fundadores da Associação Visite Guabiruba (Avigua) e secretário executivo do Convention Bureau.
Casado com Eliane Matheus de Oliveira, com quem tem o pequeno Antoni Dematé, Sidnei é o atual diretor geral de Turismo de Brusque e o responsável pela pasta.
Guabiruba Zeitung: Como você descreveria o Sidnei Dematé?
Sidnei Dematé: O Sidi [como é conhecido] é um cara que tem sonhos, que busca o bem comum. Esse sempre foi meu maior objetivo. Sou perseverante, não deixo a peteca cair nem nos piores momentos. Batalho pelo que eu quero e estou sempre em busca de novos desafios. Este é o Sidi apresentando o Sidi.
GZ: Quais atividades você já desenvolveu em Guabiruba?
SD: Eu comecei há muitos anos como instrutor de fanfarra no João Boos. Depois, ministrei aulas de fanfarra na rede pública de ensino, tanto na banda Arthur Wippel quanto no João Boos. Participei junto com o Sidnei Baron no desenvolvimento da Fundação Cultural, desde a criação do conselho até a formalização final. Também participei por muitos anos do CPC [Conselho Pastoral da Comunidade] da Capela Santo Antônio e Imaculada Conceição.
Voltando à Fundação Cultural, até 2012 desenvolvemos todo trabalho de formação da entidade em Guabiruba. Em 2013 assumi, através de convite do prefeito Matias Kohler, a assessoria de cultura e continuei nessa atividade até abril de 2014, quando fui para o Turismo. À partir desta data, começamos o trabalho de planejamento da pasta, pois, até aquele momento, as pessoas falavam “mas o que é que tem pra fazer em Guabiruba? Que atrações turísticas a cidade oferece?”. E tem muita coisa! Nós só precisamos colocar isso num papel e vender esse produto da maneira correta.
Em 2014, começamos a fazer o planejamento. Em 2015 contratamos o Sebrae e segui nesta atividade até setembro de 2017. Após esse período, assumi a secretaria executiva do Convention Bureau. Então, atuei em Guabiruba de forma intensa até 2017.
Continuo na Avigua, que foi fundada em parceria com a Professora Rosemari Glatz [atual reitora da Unifebe]. Foi aí que compreendi que o turismo não se faz apenas com o poder público, a iniciativa privada precisa estar totalmente envolvida. A função do poder público é fomentar e instigar, e com isso o outro lado, que seria o setor privado, precisa estar envolvido.
Buscamos esta alternativa através de uma viagem de estudo por meio do programa Rotas de Itajaí, coordenado pela professora Rosemari, em Gramado. Onde está situada a Gramado Tur, que faz acontecer o Turismo na cidade. Nada melhor que um bom exemplo para trazer a Guabiruba, que é muito parecida. Deu certo, fundamos e hoje nós temos alguns eventos da Avigua acontecendo e é sucesso.
Temos o concurso de Natal. Participamos este ano da Festa da Integração e da Festa de rua, a Stadtplatzfest. Isso significa que algumas coisas já estão sendo movimentadas. Além da própria organização dos associados, que ainda é pequena, mas o futuro da Avigua é chegar a um número maior com capacitações, orientações e material didático para que os associados tenham um norte de como mostrar seus produtos. Tem muita coisa para trabalhar em Guabiruba.
GZ: Não apenas em Guabiruba, como toda região, o turismo vem crescendo. Você acredita que estamos no caminho certo? O que ainda precisa ser feito?
SD: Todo esse cenário que se criou em Guabiruba começou em 2014 quando começamos a falar sobre o planejamento em turismo. Todo guabirubense sabe que a cidade tem um potencial ecológico enorme. Temos o Parque Nacional da Serra do Itajaí, que está aí para ser explorado, mas o plano de manejo dele ainda é muito burocrático.
Além do Parque, temos os picos de morro que começaram a ser explorados agora, uma grande parceira nessas atividades é a Assepavi [Associação de Ecoturismo, Preservação e Aventura do Vale do Itajaí] que acreditou no potencial turístico de Guabiruba e com isso desenvolve um ótimo trabalho no município.
A parte de crescimento municipal e regional é onde entra o Convention Bureau. Quando eu finalizei toda a parte administrativa de Guabiruba, percebi que o município não consegue se vender sozinho, por estar inserido no acesso de outras cidades. Então precisaria de outros municípios crescendo junto com Guabiruba, e foi aí que criamos o Convention.
Na época, participávamos do núcleo de turismo da AciBr [Associação Empresarial de Brusque] e entendemos que se Brusque não estivesse nesse grupo, dificilmente o projeto iria funcionar. Foi aí que decidimos trazer os outros municípios para formar um núcleo sólido. De início não foi fácil, mas agora temos uma solidificação dessas atividades e o Convention está se fortalecendo.
O foco do Convention é mostrar que independente do partido político que estiver no governo, as atividades turísticas devem seguir normalmente.
GZ: Você acredita que a unidade da região pode fortalecer o turismo em todas estas cidades?
SD: Sim. Cada município tem sua identidade. Guabiruba oferece o turismo cultural e ecoturismo. Brusque é um município que oferece moda, compras, produção e museus. Botuverá traz o atrativo ecológico das grutas e cavernas. Em Nova Trento se vende a gastronomia e a Santa Paulina, que é o turismo religioso. Nós temos quatro identidades bem definidas que se completam.
Eu digo que isso vai crescer e funcionar porque quando o turista vier para a região ele vai ter um leque de opções e vai desejar conhecer todas elas. Nosso planejamento vai até 2024, até lá, tem muita coisa para acontecer.
GZ: O que você considera o maior destaque de Guabiruba?
SD: Guabiruba tem uma coisa muito peculiar que são as famílias tradicionais. Eu venho de uma família tradicional guabirubense. Meu bisavô veio da Itália com sete anos de idade e se alocaram próximo ao Morro Santo Antônio. Saí de lá com três anos de idade e viemos morar no Centro, onde vivo até hoje.
Uma coisa que desde o início percebi é que estas famílias tradicionais não mudaram, mas perceberam que o migrante veio para agregar valor a cidade e não como um invasor. Porque foi depois da chegada dos imigrantes, na década de 70 e 80, que Guabiruba cresceu muito e continua crescendo. Nossas famílias tradicionais souberam lidar com essa demanda da indústria crescente no município e a falta de mão de obra.
Os novos moradores foram integrados e incentivados a se qualificar dentro da área que trabalhavam. Muitos hoje são empresários e o sucesso de Guabiruba veio por essa habilidade de não deixar a peteca cair.
Não vemos desalojados, favelas, nem moradores de rua, porque as famílias tradicionais daqui insistiram no crescimento profissional dos migrantes. Enquanto as outras cidades apresentavam um receio em receber as pessoas de fora, Guabiruba fez justamente o contrário.
GZ: Como você enxerga Guabiruba daqui há 10 anos?
SD: Daqui há 10 anos, se entrar uma boa pessoa no comando do município, e bons parlamentares, Guabiruba vai dobrar de tamanho. Daqui há 10 anos a cidade vai estar com 40 mil pessoas. Eu acredito nisso pelo número de residências que estão abrindo, empresas que querem se instalar e pessoas que desejam morar na cidade. Guabiruba será meio industrial e meio residencial, com o dobro de habitantes mas com uma qualidade de vida igual a que se tem hoje ou até melhor.
Por: Grazielle Guimarães/ jornalismo@guabirubazeitung.com.br