Preocupado com a situação do abandono de cães nas cidades, o aposentado Carlos Becker (58) conta que sempre os recolheu por onde passava, para cuidar e destinar a adoção. Quando veio morar em Guabiruba, em 2018, tinha 11 cachorros e cuidava deles em casa. Atualmente, são 42.
Precisou comprar um terreno no bairro Aymoré, especificamente para auxiliar os cães, pois não conseguia mantê-los em casa e há muita dificuldade de encontrar novos tutores. “Alguns ninguém quer adotar, por serem grandes e mais velhos”, lamenta.
O aposentado tinha problemas com os vizinhos, que reclamavam do barulho, por conta da quantidade de cães em casa. Por isso, adquiriu o terreno para construir um canil, o qual ergueu com ajuda de doações. “Comprei o terreno para pagar parcelado, somente para colocar os cães, pois é longe de outras casas. Ganho o teto da aposentadoria, mas já houve dia em que fiquei sem café para comprar ração. São pelo menos 23 quilos de ração a cada dois dias para alimentá-los”, frisa.
Há seis meses, Carlos não recolhe mais cães, embora aviste vários abandonados pelas estradas por onde anda a caminho de instalações de postes, que faz para ajudar no orçamento. Aposentado pela Celesc, ele afirma que toda a sua renda vai para os animais. “Gasto muito aqui e ainda não consegui terminar o canil. Muita despesa mensal. Tem algumas situações: não vou abandonar os animais, mesmo se fizesse isto, tem a lei de proteção animal, tenho que assumir o cuidado até o fim. Tudo que ganho da aposentadoria vai para os cães, não sobra nada. Tem dia que choro no canil”, declara ele, que realiza pessoalmente toda a manutenção do local, embora tenha vários problemas de saúde.
De acordo com Carlos, são muitas as histórias tristes de abandono dos animais. “Recolhi uma cadelinha no Lageado Baixo com coleira no pescoço e amarrada na corrente para morrer na beira do rio. Ela agora está aos meus cuidados. Outras três fêmeas foram contaminadas com a doença do carrapato e foram R$ 3 mil para salvar. Estão em tratamento. Recolhi duas fêmeas na travessa do Aymoré com o Guabiruba Sul. Essas estavam prenhas e vieram 21 filhotes, três morreram. Deu uma crise de parvovirose em quase todo canil. Gastei e estou devendo nas clínicas mais de R$ 10 mil. E assim segue”, explica ele, que se emociona ao falar dos cães.
Para ele, o Poder Público é omisso frente à situação dos animais. “A situação de abandono é muito grande aqui. Os políticos podem dizer que não, para não repercutir negativamente a eles, mas a Prefeitura é omissa, pois ajuda a ONG PATA com uma verba muito pequena. Eu não sou voluntário, sou só um cuidador e protetor anônimo, sem ONG. As leis em defesa dos animais estão aí, mas o povo local não denuncia para não se envolver, e muitas pessoas maltratam os cães, deixam presos, confinados, com corrente curta, usam para caça, deixam sem água, sem comida, como se fosse um lixo. O Poder Público não investe em conscientização sobre não abandonar, nem em fiscalização. Não tem interesse nos animais. Tem político que foi eleito dizendo que iria trabalhar a favor da causa animal e até hoje não fez nenhum projeto a respeito. Já fui na prefeitura e na Câmara de Vereadores pedir ajuda e não consegui sequer um saco de ração”, desabafa.
Carlos explica que o seu canil não tem relação com a Pata, mas que a ONG ajudou a castrar 15 das 24 fêmeas até o momento, mas ainda não conseguiu realizar a castração das demais por falta de verba. “Não tenho contato direto com a Pata, mas não está fácil para nenhum protetor, pois falta a conscientização das pessoas, empresas e órgãos públicos. Ninguém mais quer acolher os animais. É difícil. Eu estou inclusive doente por isso, pois não venço a luta. Sou pressionado para tirar o canil do bairro, mesmo estando longe de casas. Já sofri ameaças e falaram que vão envenenar os cães, mas Deus é o maior protetor”, acredita.
O que diz o Poder Público
De acordo com o prefeito, Valmir Zirke, houve denúncias do canil na prefeitura, por parte de moradores. “É uma situação complicada. Chegou denúncia de pessoas que moram próximo, que relatam a dificuldade de conversar com ele. A Vigilância Sanitária já fez visitas e ele pouco aceita. Nos preocupa bastante o número de cães que ele tem. Sabemos do cuidado que precisamos ter com os animais e temos cada vez mais pessoas fazendo essa barbaridade, que é abandonar um animal na rua. Percebo isso em cada lugar que passo e isso me preocupa também”, afirma.
Segundo Zirke, em conversa com outros municípios, é possível observar que a situação do abandono de animais não é uma dificuldade somente de Guabiruba. “Nós ajudamos como podemos, pois esse senhor não tem uma associação. Ele pede ajuda, mas muitas vezes é difícil até ajudar. Não é simplesmente achar que vai criar um lugar e “empilhar” cães. Pretendo fazer uma visita e conversar com ele, pois os vizinhos não são obrigados a aceitar o que está fazendo”, ressalta.
Seu prefeito, eu carlos Becker não acho nada.Nao criei um lugar..eu comprei…não é empilhar cães.. cães não se empinha. Cães se cuida deles, e é o que estou fazendo.E em resposta em dificuldade de conversar, cita quem veio conversar; conversar não é acusar e condenar,querer dar ordem no que nao é seu, determinar o que a outra pessoa deve fazer no seu terreno ou moradia, ou querer intimidar,.chamar a polícia, ficar fazendo provocações ,jogando água nos cães..e etc… .Estou a disposição de qualquer um que queira vir conversar.meu WhatsApp 47 9 9985 9144…grato
Prefeito eu teria vergonha de abrir a boca para citar o que o Sr Carlos Becker faz como ” empilhar ” cães! É assim que o Sr se diz “preocupado” com a quantidade de abandonos de animais aqui na Guabiruba?
Os vizinhos não são obrigados a aceitar nada, mas esses 42 cães também não são obrigados a terem uma vida medíocre nas ruas, sem comida/água, o Sr não passa de um mentiroso, pois, o Sr Carlos conversar MT bem com qualquer pessoa que venha até ele para AJUDAR não para dizer que ele está EMPILHANDO cães. A repercussão que o canil está tomando é para o Sr ver que gente de bom coração apoia ele.
Tenha mais empatia e amor nesse teu coração, pois o Sr é elegido pelo povo. Faça o bem e ajude o canil e não queira destruir, o Sr vai levar os 42 cães para sua casa ?!