Nesta segunda-feira (10), celebramos com alegria os 62 anos da nossa amada Guabiruba. Para tornar esta data ainda mais especial, dedicamos uma edição comemorativa para contar a história daqueles que fazem parte da alma da nossa comunidade: as pessoas que aqui vivem há décadas, e que testemunharam a transformação e o crescimento que nos trouxeram até aqui.
Durante a semana de aniversário, publicaremos relatos emocionantes de cinco pessoas que representam a essência de Guabiruba. São histórias de gerações que viveram e trabalharam aqui, enfrentando desafios e celebrando conquistas. Através de suas memórias, pelo olhar da repórter Vanessa Fagundes, eles contam como era a vida em Guabiruba quando ainda “era tudo mato”.
[Ignêz Reichert] A quase centenária
Exibindo energia e disposição aos 97 anos, os olhos azuis de Ignêz Reichert, apresentam histórias que atravessam gerações, somam lutas e conquistas de um passado de quase um século de superações.
Os cabelos grisalhos e os sinais nas mãos mostram as marcas do passado da matriarca, que criou 14 filhos no pacato bairro Aimoré, em Guabiruba, quando o local ainda era “tudo mato”, como afirma.
“É triste relembrar como era naquela época, quando a gente era criança. Hoje em dia os mais jovens dizem que é tudo muito caro para comprar, mas se comparar com que a gente tinha na mesma idade, então eles têm muito dinheiro. Antigamente não existia máquina para lavar roupa, era apenas lavado com as mãos, no rio. A gente levava o balaio cheio de roupa nas costas para lavar e voltava com tudo para casa para secar, pois as crianças não tinham quase nada para vestir. Bem diferente de hoje em dia, que eles ganham muita roupa e se deixar ainda jogam fora”, afirmou a matriarca.
Entre as agradáveis memórias que a moradora de Guabiruba tem da infância, Ignêz recorda dos bons costumes mantidos tradicionalmente pela família. Um deles, que relembra com muito carinho, é da mãe ensinando rezar em alemão.
“Eu aprendi a rezar tudo em alemão, o Rosário, o Creio em Deus Pai e também a oração do Pai Nosso. Eu sei rezar em português brasileiro, mas eu rezo, todos os dias, em alemão porque foi o que a minha mãe me ensinou.
Criada na roça, a quase centenária lembra como tudo era tão difícil em sua infância. Dependendo da plantação de cará e batatas, bem como da vaca no pasto para dar leite, produzir nata e queijinho, Ignez se recorda o quão eram duros e cansativos os dias no interior.
Seguindo as memórias, a matriarca diz que, apesar de todas as adversidades que vivenciava naquele tempo, sente saudade dos momentos que viveu. “Tenho saudade do marido, de viver a vida daquela época, de trabalhar, de fazer o serviço junto, sem brigar com ninguém. De estar lado a lado, como sempre estávamos na roça, plantando fumo como fizemos por quase 26 anos”, relembra emocionada.
Durante quase seu um século de vida, Ignêz é rodeada de muito amor e carinho da família. Além dos 14 filhos que teve em seu matrimônio com Ambrósio Reichert, nos mais de 70 anos de casados, a moradora do bairro Aimoré, ela possui 32 netos, 32 bisnetos e 2 tataranetos.
Reportagem: Vanessa Fagundes