Na escola primária, é ensinado que o nome Guabiruba foi dado pelos imigrantes, na junção de duas palavras indígenas: Guabiroba/Gabiroba (árvore) e Guabirupé (peixe). Mas essa versão carece de embasamento histórico. Sabe-se que é uma palavra indígena – Tupi, com sua significação também em duas vertentes etimológicas: Guabiru = rato; Uba = pai, irmão, estar deitado, jazer. Então traduziríamos: Pai do rato, irmão do rato, rato deitado, onde jaz o rato. Outra versão é de que Guabiruba derivaria de uma árvore denominada “pau de rato”, possivelmente abundante na região.[1] Etimologicamente: Guabiru = rato + Yba = planta, árvore, pau.
Outros autores remetem guay, significando indivíduo, pessoa, associando biriba, curto, baixo. Ou seja: indivíduo de baixa estatura. Referência aos indígenas Guaianazes que perambulavam por aqui. Muitas são as versões, explicações, ainda sem fundamentadas conclusões.
O embasado é que o nome Guabiruba foi utilizado documentalmente, pela primeira vez, pelo próprio Barão Maximilian von Schneeburg – em agosto de 1860 – ao se dirigir ao Presidente da Província, solicitando a limpeza do rio Guabiruba: “o desembaraçamento do Rio Guabiruba foi feito em tempos de chuva; agora, porém, com águas baixas, que são mais frequentes, é preciso limpá-lo novamente, em certos lugares, tirar árvores, e mesmo cortar algumas das muitas serpentinas, que tornarão a sua navegação, com canoas menores, muito difícil, mesmo perigosa”. Então, Guabiruba é primeiramente o nome do nosso rio. Como o Barão chegou a este nome? Será que era assim que os índios chamavam aquele rio? A Colônia Itajahy-Brusque nasceu conjugada com o rio Guabiruba e, em suas margens foram assentados os imigrantes badenses. Ele foi a “primeira estrada”, meio de comunicação e transporte. Por isso era preciso limpá-lo. Desde o início do adentramento de imigrantes, o rio Guabiruba e seus afluentes foram sofrendo sucessivos cortes. O documento citado continua: “mandei alargar e melhorar, pelos colonos, o trânsito da picada de Vicente Só ao Rio Guabiruba, pelas águas estagnadas nos lugares baixos, e pela passagem do gado se achou impraticável, assim como mandei prolongá-la, estivar e fazer pontes provisórias nos lotes 98 e 97”. A passagem de gado pode ser referente aos primeiros bovinos adentrados em Brusque ou uma costumeira rota de cargueiros, para fazer os transportes necessários, o que parece mais convincente. A dificuldade na navegação obrigou a abrir caminho pela mata, geralmente seguindo o rio, que precedeu as estradas.
Na altura da atual ponte que separa os bairros Guabiruba do Sul e Imigrantes (atual Marmoraria dos Leoni), os rios, na foz, receberam os nomes de suas direções, braço Norte do Rio Guabiruba e braço Sul do Rio Guabiruba. Assim, as respectivas localidades herdaram o nome do rio que entrecortava suas terras. O atual Aymoré, por ficar acima de Guabiruba do Norte, ficou sendo Guabiruba do Norte Alta. O bairro Imigrantes, muito pouco povoado em épocas passadas, era a Guabiruba Norte Baixa, ou apenas, Guabiruba Baixa.
Foi certamente o Barão de Schneeburg, a dar o nome de nossos rios, mas foste tu, oh rio, a dar o nome à nossa cidade!
A Padroeira de Guabiruba
Muitos guabirubenses talvez não saibam ou não considerem, mas nosso município tem uma padroeira: Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. O berço da devoção está na Alemanha, terra originária dos pioneiros. Os imigrantes badenses, dado o clima de dificuldades e incertezas que sentiam em seus corações, intuíram que a primeira ermida edificada já nos inícios de 1861, em Guabiruba, devesse ser dedicada a Maria Hülf, ou seja, Maria da Ajuda, ou do Socorro.
O título mariano da padroeira de Guabiruba começou a encontrar variações quando vai sendo referido em documentos, tanto pelo poder Imperial, quanto nos livros paroquiais. No livro nº I de casamentos da Paróquia de Brusque, o Padre Gattone descreve geralmente a nossa padroeira como Nossa Senhora da Boa Ajuda. No outro caso, em ofício ao Governador da Província (1872), o título é documentado como Nossa Senhora do Bom Socorro. O documento do visitador eclesiástico (1892), Padre Boegershausen, a descreve como Nossa Senhora Auxiliadora dos Cristãos. Os títulos são divergentes e até há mesclas de títulos marianos. O que interessa observar é que, na verdade, todos querem referir-se a essa Mãe especial que guarda, ampara, protege, auxilia, que é boa, que não abandona, enfim, que é Mãe do Perpétuo Socorro.
Inicialmente para a veneração havia um quadro, em alguma moldura, trazido por algum imigrante. Infelizmente não se sabe detalhadamente que figura estava impressa sobre a dita estampa. Se houve alguma estátua, não se pode nem deduzir o seu destino, quando chegou um quadro que a substituiu.
O livro de tombo da Paróquia de Guabiruba, em 29 de novembro de 1981, historiando um fato, registra que, em 1881 foi benzido um quadro de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Cem anos depois, realizou-se uma missa, que recordou o centenário da bênção do quadro, ocasião em que foi substituído o de proveniência alemã. Acredita-se que o dito quadro de 1881 ainda exista e que se encontra na sacristia da igreja matriz. Por sua legenda, indica que foi encomendado em Roma aos redentoristas da igreja de Santo Afonso, por intermédio de algum padre. Ou foi levado para casa pelo velho professor João Boos. Este belo quadro de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro ainda existe e está na casa de um dos descendentes em Aymoré.
Sobre o ícone
No século XV a imagem de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro foi representada em ícone na ilha de Creta. Versões históricas dizem que o ícone foi roubado, tendo longo caminho, até que foi para Roma com um mercador. Em 1499, é apresentado publicamente. Os padres agostinianos o depositaram na igreja Santa Maria, ainda em Roma, caindo no esquecimento.
Em meados do séc. XIX, o Papa Pio IX chamou os redentoristas para assumir o antigo Convento dos agostinianos. Assim, o quadro foi reencontrado juntamente com documentos enaltecendo sua fama de “milagroso”. Em 1866, o ícone foi conduzido a seu santuário atual, no Monte Esquilino. O Papa pediu que os redentoristas divulgassem a devoção a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro em todo o mundo. Desde 1866, cópias autênticas do ícone original passaram a ser enviadas às igrejas que os encomendassem, e assim, deve ter chegado a Guabiruba. Em 1893, os padres redentoristas chegaram ao Brasil, e a devoção conheceu boa divulgação em todo o país.