Foto: Suelen Cerbaro/Guabiruba Zeitung

Quem passar pela rua Augusto Schweigert, no Centro de Guabiruba, vai notar que a casa de número 248 está diferente das outras. As paredes estão decoradas com balões e bandeirinhas, brancas e azuis. Há também enfeites da cor laranja, além das bandeiras do Brasil e da Holanda fixadas nos pilares da residência. No jardim, uma grande cegonha de madeira segurando com o bico um tecido envolvendo um boneco sobre uma placa com o nome Frans Pieter oferece boas pistas do que se comemora ali. São as boas-vindas ao mais novo membro da família.

A tradição de enfeitar a casa para anunciar ao bairro a chegada de um bebê vem da Holanda e chegou em Guabiruba com Robbie Harinck, 37 anos, engenheiro químico, que já foi deputado estadual no país europeu. Hoje trabalha como empresário de alimentos no município vendendo para bares e restaurantes petiscos holandeses produzidos por ele.

Harinck veio ao Brasil para a Copa do Mundo em 2014. Assistiu o jogo em Salvador (BA) e acompanhou o 5×1 da Holanda contra a Espanha. Alugou um carro, foi até Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro e acabou se fixando em Blumenau. “Gostei muito da região. O clima, as pessoas, a cultura. É mais coração. As pessoas do Brasil são mais do sentir”, fala ele, destacando também que os preços aqui são quase iguais ao da Holanda, mas os salários são mais baixos.

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Há quase dois anos conheceu pelas redes sociais a cabeleireira guabirubense Juliana Silva Ribeiro, 36 anos, e assim veio para a cidade. Ele achou estranho quando descobriu somente três meses depois que seus vizinhos haviam tido um bebê, pois a chegada de toda nova criança na família holandesa é anunciada com decoração na casa: azul para os meninos, rosa para as meninas, além de um convite ser feito aos vizinhos para a festa de maternidade. “Aqui no Brasil tem o chá de bebê feito pela mãe e as amigas. Na Holanda, o mais tradicional é a festa da maternidade após 30 dias do nascimento”, explica.

Emoção ao chegar em casa

Após 33 horas em trabalho de parto, no dia 28 de abril, nasceu com 3,24 kg Franz Pieter Harinck, o primeiro filho do casal. “Quando eu estava na maternidade, com essa situação toda do coronavírus, foi muito complicado. A gente tinha que ficar sozinha. Chegar em casa e ter essa recepção é muito bom. Fiquei muito feliz”, emociona-se Juliana, que comemorou em 2020 seu primeiro Dia das Mães.

Juliana diz que o momento é de muita alegria e que o contato com os familiares holandeses ocorre com frequência. O entrosamento entre as famílias foi rápido. “Como o Robbie fala alemão e minha mãe também, logo se identificaram”, conta ela, que tem seus familiares no Holstein, bairro São Pedro.

A programação era visitarem a Holanda no final de 2020 para o Franz Pieter conhecer a bisavó de 94 anos, porém, a pandemia do novo coronavírus deve adiar os planos da família. Adiou também a visita da família holandesa para Guabiruba. “Eles viriam para cá nas férias de julho”, revela Juliana.

Pontos da tradição holandesa

Outro detalhe da tradição são os beschuit met muisjes, biscoito oferecido a quem for visitar pela primeira vez a criança. Também podem ser chamados apenas de muisjes, que significa camundonguinho.

Eles são compostos por uma torrada redonda (bischuit), com manteiga e coberta com confeitos açucarados de anis. Se olhar o anis de perto, lembra um camundonguinho e acredita-se que dali surgiu o nome.

Como nasceu um menino, o biscoito é oferecido na casa de Harinck com confeitos açucarados de anis na cor azul e branco. O pai faz rapidinho o biscoito com produtos que foram trazidos da Holanda.

Ao conhecer Juliana, Harinck procurava alguém que o ensinasse a falar português. Enquanto ele aprende a língua oficial do Brasil, ensina a ela a língua cultural do povo holandês.

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