Entrevista: Kelly Cristine Stricker

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Se você tem um bichinho de estimação, provavelmente vai se emocionar com as palavras de Kelly Cristine Stricker, 32 anos. Fundadora da ONG Protegendo os Animais com Todo Amor (PATA), Kelly conta um pouco de sua trajetória na organização e como seu trabalho impacta a vida de gatos e cachorros abandonados, violentados que, através da PATA, encontram um lar seguro e cheio de amor.

Filha de Ricardo Augusto Stricker e Liane Maria Stricker (in memoriam), é irmã de Andreia Stricker Baez, de 40 anos. Kelly nasceu no Paraná e é casada com Maurício Saldanha Machado, com quem tem Cecília, de um ano de idade, e o enteado Gustavo, de dez anos.

Moradora do Centro de Guabiruba, Kelly é contadora, graduada em Ciências Contábeis pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB), trabalha há 16 anos na Elo C Têxtil, pertencente ao Grupo Santa Rosa Malhas, no setor de Faturamento.

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Guabiruba Zeitung: Quem é a Kelly?

Kelly Cristine Stricker: Acredito que podemos dizer que a Kelly é uma pessoa tranquila, que ama sua família, amizades e os animais.

GZ: Como iniciou essa paixão por animais e a criação da PATA?

KS: Desde criança eu já tinha verdadeira adoração por animais, não apenas domésticos, mas animais de um modo geral. Me encantava ter contato com eles e quando via algum animal machucado, queria cuidar dele e levar todos para casa (risos). 

Os anos passaram e já na fase adulta comecei a participar como voluntária na Acapra de Brusque em Feirinhas de Adoção e eventos. Foi lá que conheci a Amanda Kormann (atual Diretora da Saúde). Percebemos, na época, a necessidade de criar uma ONG em Guabiruba, visto que a Acapra não tinha mais condições de atender nosso município. Contamos também com o auxílio do vereador Dr. Felipe Eilert dos Santos para a parte burocrática e no ano de 2013 iniciamos esse trabalho voluntário aqui no município.

GZ: Em seu trabalho na PATA o que é mais difícil e o que é mais gratificante?

KS: O que realmente é muito difícil e doloroso é se deparar com situações em que os animais estão em um estado deplorável e, às vezes, mortos. Além disso, saber que tudo isso ocorre, na maioria dos casos, pela ação ou omissão do ser humano.

Outro ponto bastante complicado é você conseguir manter seu psicológico saudável, porque você é insultada diariamente. Críticas e ofensas não faltam, por isso muitos voluntários começam e precisam desistir, pois sua saúde mental começa a ser afetada. Muitas pessoas não compreendem que  é um trabalho voluntário, sem remuneração, que atualmente somos em três voluntários ativos e não conseguimos atender todas as situações que aparecem, seja pela falta de recursos financeiros (a PATA sobrevive apenas dos próprios eventos que realiza), ou pela falta de tempo, porque nós necessitamos trabalhar para nosso sustento como qualquer ser humano, temos filhos e casa para cuidar, estudamos, temos nossos próprios animais resgatados para dar atenção em casa. Mesmo assim, dedicamos o tempo que seria de lazer ou descanso para amenizar um pouco o sofrimento dos animais.

O mais gratificante é você resgatar o animal e depois vê-lo bem, com saúde, alegre, sendo bem cuidado por uma nova família. Ver que ele teve uma nova chance de saber o que é ser amado. É saber também que existem pessoas de bom coração e que colaboram com a causa.

GZ: O que você acredita ser necessário para que os animais não sejam vistos apenas como algo que se pode ter e abandonar?

KS: Conscientização, castração e punição. Acredito que uma boa educação familiar e escolar, desde a base na pré-escola, passando pelo ensino fundamental e a conscientização nos anos seguintes. É um trabalho a longo prazo, de inserção cultural que trará um resultado positivo para gerações seguintes.

É a conscientização na posse responsável, a castração para evitar ninhadas indesejáveis, reduzindo o abandono e a punição para quem infringir a Lei de Crimes Ambientais amparada pelo Artigo 32 da Lei Federal 9605.

GZ: Que história na PATA mais te marcou?

KS: Nossa, ao longo de tantos anos posso dizer que vários casos ficaram marcados. Mas posso mencionar um que, além de triste, causou muita revolta.  Aconteceu no bairro Aymoré em outubro de 2019. Três cães do mesmo tutor foram abandonados no final de um loteamento ainda sem moradores. Dois deles foram presos com corrente em árvores, sem chance de procurar por ajuda e um deles espancado de uma forma terrível e possivelmente enterrado ainda vivo, pois pela forma que foi encontrado tentou cavar, mas não teve mais forças.

Se deparar com aquela cena foi triste demais. Descobrimos, através de redes sociais, quem era o dono e constatamos com todos os vizinhos que realmente eram da pessoa. Fizemos a denúncia no Ministério Público com base em todas as informações. A pessoa foi chamada para depor e agora estamos no aguardo para ver o desfecho desse caso. Também nos deixa perplexos que já existem novos animais na residência dessa pessoa.

GZ: Quais as maiores dificuldades que a PATA enfrentou neste ano de pandemia?

KS: Esse ano de 2020, desde março com o início da pandemia, não conseguimos realizar nenhum evento e ainda nem temos previsão de quando vamos poder fazer algo. Tudo muito instável.  A PATA está sobrevivendo do saldo em caixa que ficou do ano passado, uma rifa que fizemos no início do ano e dois aniversários solidários também do início de 2019.

GZ: Qual o seu maior medo?

KS: Tenho muito medo de doenças graves.

GZ: Qual o seu maior sonho?

KS: São tantos sonhos! (risos). Mas escolhendo seria ser feliz e poder fazer as pessoas ao meu redor feliz e, claro, que os bichinhos também. Deixar para o próximo o melhor sorriso, e a melhor intenção.

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