Imagem: Arquivo Pessoal

Aos 73 anos de idade, Valdemiro Kormann dedica-se há 58 anos ao Coral Cristo Rei e há 61 anos atua como alfaiate. Hoje, fazendo pequenos serviços de alfaiataria para amigos e familiares. Um guabirubense que tem inúmeras histórias para contar sobre a vida e cultura da cidade.

Valdemiro é filho de Tharcisio Kormann e Maria Leopoldina Kormann. Tem dois irmãos e três irmãs e é casado com Maria Sueli Kormann, com quem tem dois filhos. O entrevistado do Zeitung desta semana é presidente do Coral Cristo Rei e há seis anos participa da diretoria da Associação Hospitalar de Guabiruba. É membro da diretoria da Sociedade Recreativa Guabirubense e integrante do grupo de Terno de Reis Camelos de Belém.

Guabiruba Zeitung: Porque o senhor escolheu ser alfaiate? 

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Valdemiro Kormann: Quando eu era criança tinha uma alfaiataria perto da casa onde eu morava com meus pais e isso me despertou o interesse de aprender a costurar. Pedi ao meu pai para que fosse falar com dono da alfaiataria (ex- prefeito Ivo Fischer) e um dia ele me chamou para começar como aprendiz. Tudo isso aos meus 12 anos de idade.

GZ: Por quantos anos o senhor atuou como alfaiate?

VK: Comecei aos 12 anos na alfaiataria do Sr. Ivo Fischer e lá trabalhei por mais de 14 anos. Depois foram mais 22 anos dedicados a Irmãos Krieger em Brusque, e desde 1996 continuo trabalhando como alfaiate prestando serviços para outras empresas e também fazendo pequenos trabalhos de alfaiataria na minha casa para amigos e familiares. Ou seja, são 61 anos dedicados a alfaiataria, sem previsão para parar.

GZ: Com o tempo, houve a diminuição na procura pelos seus serviços?

VK: Sim, com certeza! Depois que a indústria de confecção se expandiu, a procura por roupas sob medida começou a cair. Naturalmente, a maior disponibilidade de modelos e tamanhos fez com que as pessoas pudessem escolher a roupa ideal sem a necessidade de algo especialmente fabricadas pelos alfaiates. 

Hoje, o papel do alfaiate mudou. Passou a ser de auxiliar as confecções com o desenvolvimento de novas coleções que oferecem modelos da linha de alfaiataria (como blazers, por exemplo). Onde o meu papel é de repassar conhecimento que tenho adquirido nesses mais de 60 anos de experiência.

GZ: Há alguma história, por todos esses anos de profissão, que o senhor sempre lembra?

VK: Histórias são várias! Assim como em todas as profissões há momentos engraçados, atípicos, mas a que mais me marcou foi quando eu trabalhava na Irmãos Krieger e atendi o então jogador de basquete Emil Rached (2,31m de altura) e para conseguir tirar as suas medidas, tive que subir em uma cadeira, afinal eram quase 60 cm de diferença entre eu e ele.

GZ: Como surgiu o Coral Cristo Rei?

VK: Em meados de 1962, o então Pe. Pedro Mathias Engel vendo a necessidade de pessoas para cantar nas missas, lançou a ideia de formar um coral com a juventude da época, sob a regência de irmã Ludwiga e a este grupo que se formou foi dado o nome de Coral Cristo Rei. Eu fiz parte deste grupo inicial e faço parte dele até hoje.

Oficialmente, a fundação do Coral ocorreu em 08 de dezembro de 1962 e em 10 de fevereiro de 1987 o grupo passou a ser denominado juridicamente como Associação Cultural e Coral Cristo Rei. Ao final de 2020 serão 58 anos da minha dedicação a este coral que faz parte da minha vida.

Ao longo dos anos, o Coral realizou no município de Guabiruba várias apresentações, não apenas religiosas, mas também culturais, como por exemplo, o espetáculo Brasil Caboclo, que foi organizado pelo Coral em duas oportunidades. Além disso, o Coral, representando a Liga Cultural e Recreativa Vale do Itajaí, já realizou diversas apresentações em outros municípios e no exterior: no Paraguai e Argentina.

GZ: O senhor também participa de um grupo de Terno de Reis?

VK: Mais recentemente iniciei minha participação no grupo de Terno de Reis Camelos de Belém, onde nos apresentamos durante todos os dias da Pelznickelplatz e visitamos algumas residências por ocasião do Dia de Reis, comemorado no dia 6 de janeiro.

GZ: Como o senhor avalia a condução do setor artístico guabirubense no município e o que espera dos próximos governantes?

VK: Percebe-se que o atual governo municipal, desde os seus primeiros meses de mandato, buscou sempre o contato com as instituições culturais e isso rendeu uma evolução muito grande para toda a cultura guabirubense. Seja na música, com a criação da orquestra municipal, com aulas gratuitas de instrumentos musicais e com o apoio financeiro ao Coral Cristo Rei.  Seja no teatro com o apoio a Associação São Pedro ou seja pelo apoio que vem dando ao grupo que mantém viva a cultura do Pelznickel. Além de diversos outros eventos e grupos que recebem apoio ao longo dos anos.

Sempre houve apoio dentro do possível para todas as atividades culturais do município e espero que o próximo prefeito mantenha essa linha de apoio e sempre que possível amplie ainda mais os investimentos.

GZ: Como a pandemia do novo coronavírus influenciou os trabalhos do Coral Cristo Rei?

VK: Infelizmente tivemos que parar completamente as atividades por conta do grande número de integrantes que estão no grupo de risco para a Covid-19. Nossa expectativa é poder voltar o mais rápido possível aos ensaios, porém hoje não temos uma previsão para que tudo volte a normalidade. 

GZ: Que lições 2020 deixou para o senhor?

VK: Principalmente que não devemos pensar duas vezes quando podemos encontrar as pessoas que gostamos e temos próximo da gente. Nunca imaginei que em 73 anos de vida teria que “me esconder” dos meus netos para cuidar da minha saúde e da saúde de todos ao meu redor. Mas, felizmente, sei que tudo isso logo passará e voltaremos a viver melhor do que vivíamos antes dessa pandemia.

GZ: Quais os seus sonhos?

VK: Viver tranquilo por muitos anos … e nesse tempo, poder continuar a curtir meus netos, filhos, esposa, irmãos e amigos, com muita saúde e felicidade. Todo o resto vai ser consequência disso.

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