Muitas crianças sonham em um dia ser bombeiro ou policial por enxergar nestes profissionais o papel de herói, a pessoa que está ali para proteger e ajudar sempre que necessário. Conforme vamos amadurecendo, entendemos que até mesmo os heróis têm seus desafios a vencer. Todos os dias, os policiais precisam deixar as suas famílias para proteger outras famílias.
Maurício Saldanha Machado, 40 anos, viu no seu irmão mais velho, Juarez, esse herói! As histórias do irmão policial fez Saldanha se apaixonar pela profissão e decidir segui-la. Hoje, Antônio e Marilda têm dois filhos policiais, que amam e são realizados no que fazem. Um trabalha em Londrina, no Paraná, o outro em Guabiruba desde 2006.
Saldanha é casado com Kelly Cristine Stricker, e tem dois filhos, Gustavo e Cecília. É formado em Direito pelo Centro Universitário de Brusque (UNIFEBE), tem licenciatura e bacharel em Educação Física pela PUC (PR) e é Pós-Graduado em “Lato Sensu” – Especialização em Práticas Pedagógicas Interdisciplinares em Ensino Fundamental e Médio.
Na Polícia Militar, realiza atividades operacionais de radiopatrulha, no atendimento de ocorrências, orientação e fiscalização da Covid-19 nos estabelecimentos comerciais de Guabiruba. O policial de Guabiruba Maurício Saldanha Machado é o entrevistado do Zeitung desta semana.
Guabiruba Zeitung: Por que decidiu ser policial?
Maurício Saldanha Machado: A decisão de ser policial veio na minha adolescência, quando meu irmão se tornou policial militar. Vendo sua rotina, suas amizades e histórias, comecei admirar a profissão e assim passou a ser um sonho. Fiz minha faculdade de Educação Física e trabalhando na área, não estava completo profissionalmente. Decidi seguir o mesmo caminho do meu irmão e, hoje, me sinto realizado.
GZ: O que você considera mais difícil em sua profissão?
MS: Estabelecer o que é mais difícil é relativo. Poderia abordar diferentes temas na minha profissão que cada uma teria sua peculiaridade. Mas um assunto que está diretamente ligado à minha profissão e a todo cidadão, é a legislação penal vigente.
Algumas vezes temos a sensação de “enxugar gelo”. A sensação de impunidade se torna visível quando realizamos nosso serviço, conduzimos alguém para delegacia e, diante das “brechas” que a lei permite, o autor sai da delegacia e ganha novamente a liberdade. As vítimas e a sociedade como um todo ficam reféns do medo e crentes que a inversão de valores está presente. Acredito que este ciclo de conduzir para delegacia diversas vezes o mesmo infrator deveria ser encerrado ou minimizado se as leis fossem mais restritivas.
GZ: Que ocorrência em Guabiruba ou região mais te marcou?
MS: Muitas ocorrências me marcaram nesses anos de profissão. Ocorrências que realmente mereciam um capítulo inteiro de um livro e que jamais vou apagar da memória. Mas a ocorrência que me marcou foi quando eu fazia rondas pela rua Bela Vista e uma mulher desesperada parou a viatura pedindo ajuda, pois seu marido ao tentar abrir a janela de casa acabou quebrando o vidro e fez um corte profundo em seu próprio pulso.
Fizemos os primeiros atendimentos até a chegada dos Bombeiros, mas ele perdia muito sangue. Os bombeiros, ao subir a rua, se depararam com outra ocorrência muito grave. Então colocamos o senhor e sua esposa na viatura e deslocamos rapidamente até o hospital Azambuja. Como o corte havia pego uma artéria, mesmo com uma proteção no local era muito sangue que espirrava dentro da viatura. Ele foi ficando cada vez mais pálido e fraco ali nos braços da esposa. Pedimos para o Copom entrar em contato com o hospital para esperar a chegada da viatura. Chegando lá o senhor foi prontamente atendido.
No dia seguinte, a esposa dele nos procurou agradecendo e nos relatou que segundo o médico, se demorassemos mais dois minutos ele teria falecido. Acredito que foi Deus que nos colocou naquela rua para ajudar a salvar a vida dele.
GZ: Sua esposa Kelly é presidente da PATA, você também é envolvido nas causas animais? Como é acompanhar esse trabalho?
MS: Sim. Quando posso, na minha folga, presto um serviço voluntário juntamente com minha esposa. No momento até me afastei um pouco por questões particulares, mas na medida do possível tento dar minha contribuição. Vê-la realizar um trabalho voluntário é muito gratificante. Ela tem uma dedicação, amor e uma responsabilidade impressionante.
Além de trabalhar, cuidar da família, encontra tempo para dar atenção a causa animal. Claro que nem tudo são flores, existem muitos casos que o maior problema são os humanos e não os animais, isso gera uma revolta e tristeza muito grande.
GZ: Qual papel você considera ser da PM no combate à pandemia do coronavírus?
MS: Nesse momento, a Polícia Militar realiza uma atividade preventiva de orientação, esclarecimentos com a mudança constante de novos decretos, mas também de fiscalização no cumprimento dos mesmos. Caso haja alguma desobediência, realizamos os procedimentos cabíveis ao caso.
GZ: Qual a maior lição de 2020 ?
MS: Ensinou o quanto somos frágeis ao vírus e alguns frágeis as mudanças na rotina. A maior lição foi que o ser humano precisa usar esse momento para refletir sobre as ações e o modo como vinha conduzindo a vida. Preocupado com o próximo fim de semana, a próxima festa e deixando de lado o hoje, o presente, deixando de viver cada segundo de forma intensa, respeitando e valorizando o bem maior que é a vida.
Estávamos afastados e hoje estamos mais próximos da família que é a base, o alicerce, o fundamento da sociedade. Devemos usar esse momento para respeitar e pensar no próximo, exercitar a fé, o amor, a caridade, para que possamos evoluir espiritualmente e como seres humanos, e assim, construirmos um mundo melhor.
GZ: Caso não fosse policial, qual profissão seguiria?
MS: Acredito que seguiria a profissão de médico geriatra ou obstetra. Acompanhei o nascimento dos meus filhos e sem sombra de dúvida é o momento mais lindo e puro do ser humano. Quanto aos idosos, sempre temos o que aprender com eles, merecem nosso respeito e muito amor.
Exemplo de policial, exemplo de amigo e parceiro de futebol, desejo todo o sucesso a esse exemplo de profissional. Parabéns…
Nós pais do Maurício, nos sentimos muito lisonjeados com a entrevista realizada com ele.
Pois só assim ficamos sabendo, da maneira sensata e corajosa de enfrentar a vida com respeito ao ser humano e animais.
Com essas atitudes dentro do seu profissionalismo, nos sentimos agradecidos à Deus pelo maravilhoso filho que tivemos e pela educação que recebeu da nossa parte, se faz presente em todos os dias da sua vida, como bom pai, marido e para com a sociedade.
Esse sim é meu amigo/irmão da vida!!