Foto: Suelen Cerbaro/Guabiruba Zeitung

Ver as duas fileiras de profissionais de saúde aplaudindo e acenando em sua direção enquanto percorria o corredor do Hospital Azambuja de cadeira de rodas após 16 dias internado por Covid-19 fez seu Arno Debatin, 90 anos, sentir uma intensa alegria, compartilhada também pela esposa Nair Joana Debatin, 88 anos, com quem têm cinco filhos: Ermes, Roberto, Maria Regina, Marcelo, Marise. “Foi lindo. Duas filas de enfermeiras e ele no meio”, diz Nair. “Tinha umas 50 enfermeiras abanando”, completa Arno. Alegria maior, só chegando em casa, no aconchego do lar.

Para seu Arno, que venceu a gripe apesar das nove décadas de vida, a solidão do isolado no hospital foi a pior parte. “Fiquei sozinho, sozinho, sozinho. Não podia entrar ninguém. Eu e a cama. Às vezes, a enfermeira. Dormia um pouco, ali a pouco acordava. A primeira noite, meu Deus do céu, o que eu passei. A gente não tá acostumado a isso, ficar na cama, sozinho ali”, conta. “Não tinha ninguém para falar”, enfatiza.

Seu Arno manteve o contato com os familiares apenas pelo celular. A família até levou uma televisão nova para o hospital, mas não funcionou por causa da qualidade do sinal de internet. Um rádio, que pertencia ao irmão Tino ajudou a afugentar o silêncio do quarto. “Até um dia (no início do isolamento) no Azambuja eu bati o pé, não queria que ele fosse para o isolamento por causa da idade, mas é um procedimento e não tem o que fazer”, afirma a filha Marise Schweigert.

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Quem mora nas proximidades da rua Brusque já deve ter visto seu Arno Debatin caminhar pelas redondezas. Todo dia, às 7h, ele percorria algumas ruas próximas da sua casa, localizada ao lado da lotérica. Apesar de não ter muito contato com as pessoas durante a atividade que o fazia sentir-se bem, a família acredita que essa pode ter sido a forma como ele contraiu o vírus. Outra possibilidade é o contato com algum amigo que foi até a lotérica. “Na lotérica tem muita gente conhecida e a gente, assim, falava”, relata.

Sintomas de uma gripe leve, que evoluíram

A família não tem certeza de como o vírus chegou até seu Arno e ele conta que inicialmente teve sintomas de uma gripe leve, depois dor no corpo e uma coriza, mas nada de febre. “Foi como uma gripe normal no começo, depois foi cada vez pior. Secou a boca. Hoje tá seca ainda. Mas dor, graças a Deus, quase não tive nenhuma”, revela.

Três dias antes de internar, a filha Marise levou o pai ao hospital. “Deram o remédio, antibiótico, fizeram o raio-x do pulmão e disseram que era uma pneumonia. Eu dei os antibióticos, só que no domingo de manhã ele acordou ruim, com ânsia de vômito”, fala Marise, que retornou com o pai para o Azambuja, onde foi feito novamente um raio-x e uma tomografia. “Eles disseram que 90% era corona. Por volta das 14h30 vieram coletar o exame, aquele do cotonete nas duas narinas e na boca”, explica.

O exame confirmou a suspeita e foi um susto para a família. Para seu Arno, a dificuldade foi ficar sozinho. Podia chamar a enfermeira, caso acontecesse algo, mas ficar só foi para ele o maior desafio. Para a família, ter que deixar seu Arno lá, também não foi fácil.

Agora, em casa, seu Arno aproveita o carinho da família. Morando com a esposa, dois filhos se revezam e ficam com o casal. Eles saem da cama pela manhã, tomam um café e pegam sol. “Em casa eles cuidam bem da gente e tudo”, destaca.

Na família, ninguém mais pegou o vírus. Todos fizeram exames que deram negativo. Para seu Arno e dona Nair, a saúde é a maior riqueza que se pode ter.

1 COMENTÁRIO

  1. São um queridos..sofreram muito com a perda de um neto alguns anos atrás,mas o sorriso no rosto isso ninguém tira…nem o Coronavirus

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