Oscar Pühler com a esposa Elfrieda e os filhos Edson, Emerson e Ana Paula (Créd. da Foto: Arquivo Pessoal)

“Sentia falta do meu amor”, diz Oscar Pühler, 71 anos, morador do Holstein, bairro São Pedro, em Guabiruba, após passar 50 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Santo Antônio, em Blumenau, e mais nove dias na enfermaria do Hospital Azambuja, em Brusque. Ele se refere a saudade que sentia da esposa Elfrieda, 66 anos, com quem é casado há 50 anos. Ambos pegaram Covid-19.

Elfrieda teve fraqueza, mal estar, chegou a ficar com 30% do pulmão comprometido, mas conseguiu se recuperar em casa. Já o quadro do esposo se agravou e ele necessitou de cuidados médicos e hospitalares intensivos.

A filha do casal, Ana Paula Pühler Becker, 38 anos, diz que foram dias difíceis, de muita angústia e de fé. “Não desejo para ninguém o que passamos. É preciso ter muita fé e união na família”, afirma ela, que acompanhou todo o processo de recuperação do pai.

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Nos dias de UTI, mesmo com o pai inconsciente e por recomendação da psicóloga, chamadas em vídeo eram feitas três vezes por semana. “A psicóloga dizia que era para falar coisas boas para ele. Era isso que eu fazia”, lembra Ana Paula, que pela dificuldade da situação, era uma das únicas familiares que realiza as chamadas e conversava com o pai inconsciente.

Depois que seu Pühler acordou, por volta do 40º dia de UTI, os demais filhos começaram a participar das chamadas em vídeo. Uma foto da família também foi colocada na cabeceira da cama do hospital para que o paciente pudesse recordar dos entes queridos e com isso ter mais forçar para enfrentar os momentos de luta.

O início dos sintomas

O novo coronavírus foi descoberto primeiro nos filhos. Em seguida, em seu Pühler e na esposa. Tudo começou em 17 de dezembro com uma tosse. A filha Ana Paula conta que o pai tinha ido colher aipim e pegou uma chuva. “Parecia ser um resfriado”, diz.

Porém, a febre constante fez com que a família ligasse o sinal de alerta. Fizeram o teste de Covid-19, que deu negativo para o pai, mas positivo em um dos filhos. Apesar de não ser detectado no exame, os sintomas do idoso se agravavam dia após dia.

“Em 28 de dezembro, fomos para o Centro de Triagem e a enfermeira não encontrava a saturação dele. Estava em 58. Corremos para o hospital”, relata Ana Paula, que estava no Centro de Triagem também com a mãe para fazer o teste de Covid-19. Uma cunhada chegou no momento e ficou acompanhando dona Elfrieda, enquanto Ana Paula seguiu com o pai para o Hospital Imigrantes. “Ele estava com 75% do pulmão comprometido. Os glóbulos vermelhos e brancos estavam alterados e não havia vagas de UTI por perto, só em Blumenau”, relata a filha.

Uma ambulância particular foi contratada pela família e o idoso foi entubado e encaminhado ao Hospital Santo Antônio, em Blumenau, onde permaneceria por 50 dias na UTI. Nesse período, teve várias complicações, como Acidente Vascular Cerebral (AVC). A filha conta que o pai também possuía doenças que são consideradas comorbidades, como hipertensão, diabetes, deficiência no rim e colesterol.

Volta para casa

Seu Pühler foi recepcionado em casa pelos familiares no dia 25 de fevereiro, quase dois meses após sair de casa para fazer o teste de Covid-19. “Ele perdeu a memória recente, pois foi muita medicação. Quando chegou no Hospital Azambuja, achou que estava no mês de janeiro”, relata a filha.

O idoso faz fisioterapia e possui ferimentos por passar tanto tempo deitado, porém a família tem dado os cuidados para que ele se recupere. Ana Paula diz que além da psicóloga do hospital, os pastores luteranos ajudaram bastante durante os quase dois meses de internação.

Após passar por essa experiência, ela reforça a importância da prevenção. “A prevenção ainda é o melhor remédio para isso que estamos vivendo. Cuidem-se. Não é uma gripezinha e se caso chegar na situação que a nossa família chegou, unam a família, tenham fé e entreguem nas mãos de Deus”, aconselha.

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