Como professor historiador, sempre acreditei no poder da educação transformadora. Estudei as ideias de Paulo Freire e seus efeitos a médio e longo prazo e já previa que essa vertente pedagógica poderia gerar situações bem controversas. O que aconteceu recentemente na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) me fez refletir sobre isso.

No dia 17 último, a historiadora e cantora Tertuliana Lustosa decidiu fazer uma performance erótica durante uma mesa-redonda sobre gênero e sexualidade. Em vez de discutir ideias, ela subiu em uma cadeira e, com a música “Educando com o C*”, apresentou uma dança que, além de inusitada, chocou muitos presentes. Mostrar os glúteos em um ambiente acadêmico não é exatamente o que se espera de uma palestra séria, ainda mais em uma universidade federal que deveria prezar pela educação de qualidade.

Após a repercussão negativa, a UFMA não teve outra escolha a não ser abrir uma sindicância para investigar o ocorrido. A universidade reforçou que Tertuliana não faz parte do seu corpo docente, mas isso não diminui a responsabilidade do evento em si. O grupo de pesquisa que organizou a mesa-redonda também está sob o olhar crítico das autoridades. Em resposta a isso, o deputado Nikolas Ferreira acionou a Procuradoria-Geral da República, pedindo uma investigação sobre a performance. Ele argumentou que a situação fere os princípios da educação pública e que é hora de tomar medidas rigorosas.

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É compreensível que existam diferentes formas de expressão artística, e a diversidade deve ser celebrada. No entanto, precisamos ponderar: até onde vai a liberdade de expressão e onde começa a falta de respeito pelo espaço acadêmico? A educação deve ser um ambiente seguro para o debate, a troca de ideias e, principalmente, para o aprendizado. Não podemos permitir que isso se transforme em uma verdadeira “balbúrdia”, onde a crítica ao sistema educacional e à formação de cidadãos críticos se perdem em performances sensacionalistas.

Tertuliana afirmou, em sua defesa, que está desafiando preconceitos e promovendo uma nova forma de pensar sobre a educação. Acredito que essa não é a melhor maneira de fazê-lo. Em vez de abrir diálogos, sua performance fechou portas para discussões mais profundas sobre gênero e sexualidade. O que fica no ar é a pergunta: até que ponto estamos dispostos a sacrificar o conteúdo acadêmico em nome de uma abordagem que mais parece um espetáculo do que um debate?

Como sociedade, precisamos nos posicionar. É vital que nos lembremos do verdadeiro propósito da educação e do que ela representa para nosso futuro. O que aconteceu na UFMA é um alerta para todos nós. Precisamos defender um espaço acadêmico que priorize a reflexão crítica, a seriedade e o respeito. Se não tomarmos uma atitude agora, corremos o risco de perder o foco da educação e, com isso, a chance de formar cidadãos realmente críticos e preparados para o mundo.

 

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