Cresce número de mulheres que praticam ciclismo em Guabiruba

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Se você tem a sensação de ver mais bicicletas na rua, seja na área urbana, nas rodovias ou no interior de Guabiruba, saiba que não se trata de uma mera impressão. A venda de bicicletas e acessórios aumentou 54% no Brasil e também em Santa Catarina desde o início da pandemia no ano passado. 

De acordo com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), o Brasil conta hoje com mais de 70 milhões de bicicletas em uso e fabrica em torno de 2,5 milhões por ano. Destacando-se como a quarta maior produção mundial do setor.

Andar de bicicleta traz inúmeros benefícios à saúde, ao meio ambiente, à economia e à sociedade. Agora, além de um meio de transporte, as magrelas se transformaram em aliadas para quem quer fazer algum tipo de exercício físico. E se a prática se intensificou no período de isolamento social, continua em alta agora, que as restrições diminuíram.

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Mulheres no pedal 

Outro fato que chama atenção nos últimos meses é o número de mulheres que aderiram ao pedal, já que historicamente, há uma grande divisão de gênero quando se trata de ciclismo. Cerca de 50% menos mulheres do que homens pedalam duas vezes por semana ou mais, de acordo com uma pesquisa do Sustrans (Reino Unido). 

O motivos mais citados para evitar o pedal incluem a pouca infraestrutura dedicada ao ciclismo na maioria das cidades, assédio sexual e ansiedade sobre a aparência. 

Em Guabiruba 

As ruas de Guabiruba cada vez mais recebem ciclistas, tanto da cidade quanto de fora do município. Roteiros de interior, com muito contato com a natureza, são os preferidos dos praticantes de pedal.

E a presença das mulheres têm sido cada vez mais significativa. É o que conta a costureira Marlise Debatin, que criou o grupo Pedal das Meninas Guabiruba. “Eu comecei a pedalar sozinha no ano passado. Aí me chamaram para participar de um grupo, mas acabou não dando certo. Então decidi formar um novo grupo”, conta. 

A pedalada inicial do Pedal das Meninas foi no dia 12 de junho e de lá para cá a turma cresceu e chegou a 18 componentes entre mulheres e adolescentes, já que as chaveirinhos da turma são Sofia Laura Boos (13) e Giovana Lais Baungartner (14). 

O Guabiruba Zeitung conversou com algumas ciclistas do grupo na noite desta quarta-feira (11) na casa da líder Marlise, no bairro Aymoré. “A nossa marca é a união. Uma incentiva a outra e quando uma fica para trás as demais esperam. Assim todo mundo se sente bem”, destaca ela, que começou a pedalar para se exercitar. “Primeiro comprei uma bike mais simples. Quando vi que gostava já troquei por uma melhor. Eu sentia dores no ciático e não sinto mais nada”, conta. 

O grupo costuma se reunir para pedalar duas vezes por semana no período da noite. Nos fins de semana, elas também se organizam e juntas escolhem o destino na cidade ou na região. Já foram para Itajaí, Balneário Camboriú e recentemente realizaram um pedal para Timbó. Neste último, contrataram o auxílio de profissionais com veículos de apoio. O próximo destino mais longo deve ser Joinville, no mês de dezembro. 

Para a empreendedora Darlene Boos Kormann, a atividade é transformadora. “Nós fizemos muitas amizades. A gente passa na rua e os parentes falam: de novo na estrada? E a gente ainda diz: vem junto. Pedalar é uma terapia, não temos mais rugas”, diverte-se. 

A ciclista Dilcelene Ivasyssyn, afirma que o contato com as pessoas é muito gratificante. Tanto que ela participa de outros grupos de pedal, como o Belas da Bike e o Diário de Bike. “A gente conhece muitas pessoas nesse meio, é bem legal. Eu já fiz vários pedais, fui até para Urubici, na Serra”, frisa.  

A dona de casa Denise Regina Zirke Boos conta que assim como as amigas, às vezes, fica dividida entre o pedal e a família, como aconteceu quando a filha veio visitá-la. “Tínhamos um passeio já combinado e acabei não indo”, comenta. 

Já Elisa Maria Debatim diz que não imaginava conhecer tantos lugares novos pedalando. “De bike a gente dá valor para as pequenas coisas. Nunca imaginei na minha vida que ia conseguir fazer mais de 100 quilômetros”, comemora. 

As iniciantes 

Rosane Kistner Gums é a mais nova componente do grupo. Entrou há dois meses. Ela conta que no começo sentiu um pouco de receio de não conseguir acompanhar as demais. “Fui um dia pedalar sozinha. Postei uma foto no meu Instagram e a Marlise me chamou para participar do grupo. No começo “fiquei meio assim”, mas agora estou bem feliz e confiante, porque elas esperam e incentivam sempre”, comenta. O percurso mais longo realizado por ela até agora foi de 76 quilômetros. 

Adriana Raquel Kormann é dona de uma agropecuária e nas horas vagas pedalava com o marido. Ela também iniciou há dois meses no grupo. “Meu marido sempre tinha que ficar me esperando e fazia menos quilometragem. Então, decidi procurar alguém para pedalar comigo e por meio de uma amiga vim participar aqui no Pedal das Meninas”, conta ela, que já está super enturmada. 

A fotógrafa do grupo 

Eloise Cardoso trabalha na área financeira, mas conta que é considerada a fotógrafa do grupo, pois se preocupa com os detalhes na hora de registrar os passeios. Objetivo sempre é valorizar a ciclista e a paisagem. 

“Eu adoro ir para a Igreja do Lageado Alto. A sensação de voltar e ver tudo o que subimos é muito boa. Também gostamos da Planície Alta e da Cachoeira da Lorena. Às vezes, vamos só até o Portal para nos exercitar à noite. De bike, vemos coisas que não prestamos atenção de carro”, detalha. 

Darlene diz que os percursos durante a semana duram em torno de uma hora. “Mais 40 minutos de foto”, acrescenta.

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