Morador de Guabiruba, Márcio Pasqualini foi o vencedor dos 42 Km masculino da primeira maratona liberada no Brasil, ainda no período da pandemia de Covid-19. A 1ª Fibra Fisio Marathon foi realizada em Brusque, no final de agosto e reuniu cerca de 300 atletas, entre eles o medalhista olímpico, Vanderlei Cordeiro de Lima.
Pasqualini conta que já participou de outras provas e compete desde o ano 2000, quando começou a treinar. Já ganhou diversas competições de distância a partir de 800 metros em pista e até uma meia maratona com 14 mil pessoas, em Florianópolis, onde foi o primeiro colocado geral por dois anos seguidos. Também participou de provas de 22 e 23 km Mountain Do, no Costão do Santinho e na Praia do Rosa.
Nosso corredor também foi campeão por oito anos consecutivos da prova de 5 km realizada todos os finais de ano, no dia 30 de dezembro, em Balneário Camboriú. Competição que foi interrompida, assim como todas as demais, por causa da pandemia.
Na última prova, Pasqualini acredita que teve sorte de largar bem e correr de acordo com seus treinos. “Não tenho palavras para dizer o que foi correr essa prova. O percurso foi excelente, bem organizado, tudo muito bom. Foi uma maratona que para mim vai ficar na história”, comemora.
Morador do bairro Guabiruba Sul, ele relata que o sentimento de orgulho ao subir no pódio foi gigante, pois foi a prova de que ele tinha vencido todos os desafios. Sem patrocínio e com investimento limitado, Márcio conta que só quem treina e compete em alto nível sabe o que é preciso e quanto é necessário investir para correr uma prova.
“No meu caso cheguei lá com o azarão, porque não tenho patrocínio de ninguém. Não tenho apoio de nenhuma empresa de Guabiruba”. conta o atleta que precisou comprar um tênis três dias antes da competição.
O campeão trabalha diariamente das 5h às 13h30. “Venho para casa e saio às 14h para treinar. Depois faço meus bicos a tarde. Eu e minha esposa Maristela saímos duas ou três vezes por semana para catar material reciclável. O único apoio que eu tenho é dela. Então, a gente se vira como pode. Fizemos um ajuste aqui em casa para eu poder pagar a inscrição, que não era barata, mas a emoção de poder estar ali foi muito grande. Até os 38km eu corri disputando com o outro cara. E quando caiu a ficha que eu conseguiria vencer, aí não teve mais quem segurou”, descreve.
Dificuldades para se inscrever
O atleta conta que sabia da maratona desde o ano passado e que a prova seria realizada em Brusque, sem data definida por causa da pandemia. “Quando ela foi liberada, eu fiquei junto do site para abrir as inscrições. Exceto no dia que ela abriu, às 9h, pois nesse horário eu estou trabalhando. Quando cheguei em casa, já tinha esgotado, porque eram 300 inscrições só para a competição. Aí eu fui atrás da organização para tentar arrumar uma vaga. Me informaram que era praticamente impossível, por causa do regulamento e a questão da pandemia não poderiam colocar 301 vagas”, recorda.
Mas a sorte estava do seu lado, e neste meio tempo um atleta inscrito entrou em contato para pedir reembolso da inscrição, porque tinha se machucado e não poderia correr em Brusque. “Como o regulamento prevê o reembolso somente de uma parte do valor, eles comentaram com ele que se quisesse eu pagaria os 100%. Então ele entrou em contato comigo e pedi três dias para poder pagar”, explica.
Com a possibilidade de correr a maratona, Márcio iniciou uma corrida contra o tempo para conseguir o dinheiro necessário. “Peguei um pouquinho da minha sogra, um pouquinho do vizinho, peguei o cofrinho de porquinho do meu filho e consegui colocar o dinheiro no banco para fazer o pix e ter direito a inscrição dele. Aí ele entrou em contato com a organização da prova, passou meus dados e falou com o pessoal pra fazer a transferência da inscrição”, detalha.
Quando tudo foi resolvido faltavam somente 15 dias para a prova. O atleta então, precisou correr atrás do prejuízo e retomar os treinos mais pesados. “Como não estava conseguindo a inscrição, eu dei uma relaxada nos treinos. Mas quando foi confirmado que ele passou pra mim, comecei a treinar com tudo. Fui lá e deu no que deu. Consegui vencer a prova. Foi bem bacana”, comemora ele, que recebeu o carinho do filho Guilherme Davi no pódio.
O campeão conta que seu investimento no esporte é praticamente zero, mas já tem data para participar de um novo desafio. “O que eu consigo economizar em casa, aperto aqui ou ali para correr. Então, competir com esses caras que vem com patrocínio gigante, que tem tempo para treinar melhor do que eu, é sempre um desafio. Cada quilômetro, cada passo é uma batalha diferente da outra. Só tenho a agradecer a minha família pela vitória”, conclui.