Na noite de terça-feira (5), houve a reabertura das atividades legislativas com a primeira sessão da Câmara de Vereadores após o recesso de julho. A sessão teve como destaque as preocupações em torno da iminente paralisação do transporte público local.
O vereador Jair Francisco Kohler trouxe à tona o assunto ao relatar as preocupações dos moradores da cidade. Em seu discurso, Kohler destacou o clamor da população, que tem procurado o vereador para expressar descontentamento com a situação atual do transporte. “A comunidade está me cobrando e pedindo para que a gente converse com os dirigentes da empresa para que pelo menos façam o horário comercial às 7 horas da manhã e no final da tarde, pois são muitas pessoas que utilizam o transporte público”, explicou.
O impacto potencial da paralisação foi sublinhado por Kohler ao enfatizar a dependência da população em relação ao transporte público. Ele ressaltou a inquietação generalizada: “A população está muito preocupada, tem muita gente que depende do transporte público”, finalizou, destacando a urgência de encontrar soluções junto às autoridades competentes.
O vereador Justavo Barroso e Silva expressou sua preocupação com a falta de diálogo entre a empresa de transporte intermunicipal e a prefeitura. Ele destacou que a empresa não recebeu retorno desde a última reunião com o poder público. “Ela [a dona da empresa] deixou bem claro aqui em uma reunião com os nove vereadores, que esteve aqui nesta casa, aguardou uma resposta do executivo, desde a última gestão, e nunca foi chamada para conversar”, afirmou.
Em um aparte, a vereadora Eduarda Schweigert ressaltou os desafios enfrentados pela população devido à falta de integração do transporte. “Tem pessoas que trabalham em Brusque, tem pessoas que trabalham em Guabiruba, pessoas que moram no Lageado e não conseguem arrumar um trabalho porque não tem ligação entre bairros. Pessoas que utilizam o comércio no Centro e muitas delas não têm acesso porque nem sempre o ônibus passa por aqui”, reclamou.

Schweigert sublinhou que 6 mil moradores dependem do transporte público, alertando para o impacto da possível paralisação. “Isso é uma questão que a gente sabia que uma hora ia chegar, e agora vamos ter que resolver”, concluiu, enfatizando a urgência de uma solução.
O vereador Alexandre Felipe Pereira abordou as negociações em andamento com a empresa de transporte responsável. Pereira explicou que a empresa solicitou à administração municipal a concessão de subsídios para manter as linhas de transporte coletivo no município. No entanto, ele observou que subsidiar uma empresa de transporte intermunicipal não é competência do município, mas sim do governo estadual, já que as linhas ligam Guabiruba a Brusque. “A empresa Nosso Brusque é detentora dessa linha intermunicipal, e caso ela faça a desistência, o governo do estado vai abrir um novo edital”, afirmou.
Pereira enfatizou a necessidade de considerar o ponto de vista da empresa prestadora, apresentando dados do balancete de 2023 que indicam prejuízos significativos. “Em média R$ 30 mil de prejuízo por mês nas linhas de Guabiruba”, explicou. Ele destacou os custos envolvidos, como combustível, manutenção da frota e salários, questionando a viabilidade de operar sob prejuízo. “A empresa tem gastos, tem combustível, tem manutenção da frota, tem salários. Isso tudo acarreta um valor agregado à empresa. E quem é que vai operar em prejuízo?”, indagou.
O vereador propôs que a prefeitura realize um estudo para avaliar a viabilidade de implementar um sistema de transporte coletivo municipal. “O que a gente cobra da administração municipal é que seja feito um estudo para ver se existe a necessidade de implementar uma rede de transporte coletivo municipal”, sugeriu Pereira, apontando para possíveis soluções locais.
Durante a sessão, o vereador Alfred Nagel Neto trouxe uma perspectiva internacional ao discutir o transporte público, citando exemplos de cidades europeias onde o sistema é altamente eficiente e reduz a circulação de carros nas ruas. “Você praticamente não vê carros nas ruas. O transporte público é eficiente”, afirmou.
Nagel Neto destacou que muitos cidadãos não dispõem de recursos para alternativas de transporte, ressaltando a necessidade do transporte público na cidade. “Nem todos têm recursos. Nós vivemos uma situação em que as pessoas têm necessidade”, comentou.

“O mínimo que se tem de fazer é vir a público e informar o que está acontecendo”
Alfred Nagel Neto
Ele exigiu respostas e transparência da prefeitura sobre a situação, enfatizando a urgência de uma ação clara e comunicada à população. “A ação tem que ser feita. Compreendo os entraves que temos na hora de financiar o transporte, mas o mínimo que se tem de fazer é vir a público e informar o que está acontecendo”, cobrou.
O vereador mencionou a pressão dos munícipes, que buscam soluções e questionam como lidar com a iminente paralisação. “As pessoas estão vindo até mim e perguntando, como faremos?”, relatou, evidenciando a necessidade de uma resposta efetiva e rápida por parte do executivo.
O vereador Carlos Henrique Graf da Silva propôs a implementação de um transporte municipal com veículos menores para atender a população de Guabiruba. Ele sugeriu a circulação de micro-ônibus pelos bairros em intervalos de 30 minutos, considerando essa iniciativa um investimento certeiro para o prefeito. “E se a gente tivesse aqui na nossa cidade alguns micro-ônibus passando bairro por bairro a cada 30 minutos? Eu acredito que seria um tiro muito certeiro do prefeito investir no transporte coletivo”, afirmou.
Graf da Silva mencionou ainda o investimento significativo que Brusque está fazendo no setor e questionou por que Guabiruba não poderia seguir o exemplo e estabelecer uma linha de conexão entre as cidades. “Por que não pegar essa onda junto com o prefeito de Brusque e montar uma linha ligando as cidades e ver no que vai dar?”, sugeriu.

“Por que não pegar essa onda junto com o prefeito de Brusque e montar uma linha ligando as cidades e ver no que vai dar?”
Carlos Henrique Graf da Silva
Ele ainda destacou as dificuldades enfrentadas pelos moradores de alguns bairros, que são obrigados a recorrer ao uso de carros ou mesmo deslocar-se a pé. “No Lageado também não tem Uber, se pedir não tem. Não tem ônibus. Então é obrigado a comprar um carro, uma bicicleta ou uma moto”, disse, reforçando a necessidade de soluções para a mobilidade urbana.
Lixo
Outra questão discutida durante a sessão da Câmara de Vereadores de Guabiruba foi o problema do descarte inadequado de lixo nos abrigos de espera de ônibus da cidade. O vereador Jair Francisco Kohler destacou o acúmulo de resíduos nos pontos de ônibus e sugeriu a instalação de lixeiras para mitigar o problema. “Faço a reivindicação aos órgãos responsáveis de, por que não, implantar lixeiras nesses abrigos de ônibus”, declarou Kohler.
O presidente da mesa, Alexandre Felipe Pereira, comentou sobre a empresa responsável pela instalação das lixeiras, que desapareceu após a contratação. “Estamos nos trâmites para chamar o segundo colocado e conseguir colocar as lixeiras na nossa cidade”, explicou.
Pereira ainda enfatizou a necessidade de penalizar aqueles que descartam lixo de forma inadequada, classificando essas ações como atos de má intenção. “Tenho certeza de que não são crianças. Isso é gente mal-intencionada, que precisa ser educada e multada para sentir no bolso e aprender a se portar como ser humano de verdade”, exclamou. Ele alertou para a frequência crescente desse comportamento nas vias públicas e defendeu medidas mais rigorosas para coibi-lo. “Isso está se tornando corriqueiro na nossa cidade, vem acontecendo diversas vezes nas vias públicas. Precisamos criar medidas mais severas para quem for flagrado fazendo isso”, complementou.