A campanha Setembro Amarelo é marcada de forma não oficial por um girassol, flor conhecida por crescer em direção à luz solar, lembrando às pessoas o quão importante e valiosa é a vida e que transtornos como depressão, síndrome do pânico, ansiedade ou o desejo de não viver mais não são frescura e devem ser tratados com responsabilidade e atenção.

Completando um ano de atuação em Guabiruba neste mês, o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS I) atende centenas de pessoas durante o mês, muitas delas por tentativa de tirar a própria vida. A coordenadora do local, Keitty Moraes Borges, afirma que os casos atingem todas as idades,  mas, em sua maioria, os jovens são os mais afetados.

“Nós recebemos pacientes que tentaram o suicídio das Unidades de Saúde, Hospital Azambuja, Conselho Tutelar, Assistência Social e também da Educação. No caso da educação, recebemos tanto estudantes quanto professores. Nosso primeiro passo é acolher essa pessoa, conversar, entender um pouco a situação e quadro clínico dela e depois, encaminhar, a depender da gravidade, para o psicólogo ou psiquiatra”, ressalta a coordenadora.

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De acordo com os últimos dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, 2010 foi o ano em que mais se registraram suicídios na cidade, foram ao todo oito óbitos. Em 2013, último ano apresentado pelo sistema, foram três óbitos registrados no município.

De acordo com dados da Polícia Civil de Guabiruba, em 2017 houve um suicídio e no ano passado foram quatro. Até agora, em 2019, uma pessoa tirou a própria vida na cidade. Em média, o CAPS I recebe cinco pacientes por mês que tentaram suicídio. “Nossa porta de entrada é a UBS, mas as pessoas podem vir direto ao CAPS I para tentar o tratamento que iremos acolher e conversar com ela. Em muitos casos atendemos os familiares também, principalmente quando o paciente não aceita o tratamento. Esse trabalho é importante para mostrar como lidar com pessoas que expressam o desejo de não viver mais”, salienta Keitty.

De acordo com o quadro clínico do paciente, o CAPS I oferece atividades durante o dia todo, para fazer a pessoa ficar a maior parte do tempo possível no Centro, dentre as atividades estão ioga, artesanato, dança, grupo de arte, cultivo de horta comunitária, bem como atendimentos individuais. Apesar das ações, a conversa e o exercício da empatia por parte da família é muito importante. “É importante que os familiares demonstrem para essa pessoa o quanto ela é amada, que a vida dela é importante e que há solução para os problemas. Nós entendemos que é difícil, mas é melhor se mostrar disposto a ajudar do que, eventualmente, acabar, mesmo que de forma inconsciente, colaborando para o sucesso de uma tentativa de suicídio”, explica Keitty.

Os pacientes do CAPS I são acolhidos por uma equipe multiprofissional e recebem apoio das Unidades Básicas de Saúde, junto com Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). No Centro, os pacientes são atendidos por assistente social, terapeuta ocupacional, psiquiatra, clínico geral, psicólogo, enfermeiro, técnico em enfermagem, além de professores de ioga e de Educação Física, que são voluntários. O CAPS I conta ainda com mais dois profissionais que não são da área médica.

Keitty salienta que o CAPS I é destinado a pessoas com transtornos mentais graves ou um alto nível de sofrimento emocional, além de dependentes químicos. “Pessoas com ansiedade ou síndrome do pânico, geralmente, dependendo da gravidade, são tratados nas UBS’s junto com o NASF. O nosso intuito é fazer com que a pessoa melhore cada dia mais e retorne para suas atividades normais, como trabalho, estudo e outras atividades rotineiras. O CAPS é uma passagem, um apoio e não um ambiente definitivo”, salienta a coordenadora.

Porta de saída: Conversar

Durante o mês de setembro ocorrerão rodas de conversas em todos os bairros de Guabiruba, abordando a campanha Setembro Amarelo correlacionada à prevenção do suicídio, como lidar com as pessoas que demonstram o desejo de deixar de viver, além das opções de ajuda disponíveis na cidade. 

As pessoas têm a opção de procurar ajuda ainda pelo Centro de Valorização da Vida (CVV) pelo telefone 188. Voluntários capacitados estão disponíveis para ouvir e conversar com as pessoas que procuram o serviço.  

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