Quando o telefone do Corpo de Bombeiros toca, nem sempre vem acompanhado de boas notícias. As ocorrências envolvem situações adversas. A adrenalina e a expectativa fazem parte da profissão que lida diariamente com acidentes, incêndios e resgates. Mas, às vezes, uma ligação faz o olho brilhar e transforma o sentimento de apreensão em esperança: tem neném a caminho.
Por diversas ocasiões o Guabiruba Zeitung noticiou partos que ocorreram em ambulâncias, no deslocamento para o hospital. É difícil precisar, mas se estima que cerca de vinte bebês tenham vindo ao mundo pelas mãos dos bombeiros de Guabiruba. Entre as histórias mais marcantes, está o nascimento de Emily Maria da Silva Rangel no dia 12 de março de 2010, noticiado nas páginas do jornal.
Sua mãe, Rosiane da Silva Rangel, 39 anos, passava férias em Guabiruba quando entrou em trabalho de parto. Naquele dia, ela foi atendida pelos bombeiros Jair Roberto da Silveira e Adriano Schwertner que a conduziram ao hospital. Como a pequena resolveu nascer dentro da ambulância, foi preciso estacionar para realizar o parto. Por coincidência, a parada foi em frente à casa do bombeiro Jeferson Rengel, que auxiliou na ocorrência.
“Eu já tinha feito vários partos, aí fui lá, auxiliei, cortamos o cordão umbilical, limpamos, colocamos no lençol e eles deram continuidade ao encaminhamento ao hospital. Dias depois voltamos até a casa para visitar, ver como estava e fazer foto”, recorda Rengel, que auxiliou no parto da menina que tinha o sobrenome diferente ao seu apenas por uma letra.
Reencontro
Desde então, Rengel não viu mais a pequena Rangel. Nem mais tinha tido notícias da mãe e da menina, já que elas não são moradoras da cidade. Mas o Zeitung localizou a família, que mora atualmente em Presidente Venceslau, no estado de São Paulo e promoveu o reencontro entre eles em uma chamada de vídeo pelo celular.
Emocionado, o sargento Rengel reviu a menina Emily, hoje com nove anos, e recebeu os agradecimentos da mãe Rosiane. “O médico aí de Santa Catarina disse que eu ainda tinha bastante tempo de gestação, mas eu imaginava que estava chegando a hora. E foi o que aconteceu. Fui pega de surpresa, foi estranho. Você sai para passear e aí a menina nasce, mas depois foi uma coisa boa. Eu gostei do atendimento, graças a vocês deu tudo certo no final”, agradeceu.
“Que legal ver que aquele neném hoje é uma menina com nove anos, que está bem, estudando, com saúde. É muito gratificante. Com certeza é uma ocorrência que marca a vida da gente. Não esperava ver elas de novo, poxa, que legal”, revelou o sargento Jeferson.
O comandante do Corpo de Bombeiros de Guabiruba, sargento Luciano Schlindwein, afirma que as ocorrências que envolvem nascimentos são as mais aguardadas e mudam positivamente a rotina do quartel.
“Ocorrência de parto foge um pouco da regra do que costumamos trabalhar no dia a dia. A gente costuma trabalhar com mortes, e, assim, estamos trazendo uma vida. É uma motivação e uma recordação que deixa o pessoal bem contente. Marca para sempre. A gente até brinca que temos um ranking de parteiros aqui no quartel. No caso, o sargento Jeferson é o nosso recordista atual”, comenta.
Ainda sem nenhuma ocorrência de parto no currículo, o comandante não esconde a vontade de atender esse tipo de chamado. “Em uma entrevista ao Zeitung comentei que ainda não havia realizado esse sonho. Esse continua sendo um desejo que não alcancei e tenho muita vontade de realizar dentro de minha profissão”, revela.
Por Suellen Pereira Rodrigues/Especial Guabiruba Zeitung 10 anos.