Cristiano Kormann está no terceiro mandato como vereador de Guabiruba aos 38 anos. Filho do Nega, o Nivaldo Kormann e de Lúcia Maria Kormann, é formado em Administração pela Unifebe e trabalha há 23 anos na Aço Peças. É o primeiro parlamentar entrevistado da série do Guabiruba Zeitung que irá, por ordem alfabética, abordar a história dos vereadores guabirubenses.
Na semana de Dia dos Pais, você conhece mais desse vereador que também é pai. Que precisou amadurecer rápido, aos 21 anos, pois era o filho mais velho da família quando o pai faleceu. Talvez quis a vida que ele visse seus irmãos casados e encaminhados para então iniciar uma nova trajetória como pai. Agora, da Lorena, de apenas oito meses, que foi muito esperada por ele e pela esposa Camila Dellagnelo Kormann.
Guabiruba Zeitunga: Quem é Cristiano Kormann, o Sáno?
Cristiano Kormann: O apelido Sano vem de um vizinho, que também se chamava Cristiano, então ficou que ele era o Sano Gums e eu o Sano Kormann. O apelido vem de tradição alemã. Sou filho de Nivaldo e Lúcia Maria Kormann. Meu pai era conhecido como Nega e trabalhou mais de 30 anos na Têxtil São José. Foi candidato a vereador de Guabiruba em 1992, instrutor de autoescola e faleceu em 2003, aos 51 anos. Minha mãe vai fazer 60 anos no mês que vem. Na semana passada, completou 30 anos como servente no colégio João Boos e recebeu homenagens de professores e alunos.
Sou casado com a Camila Delagnelo Kormann, desde novembro de 2011 e sou pai da Lorena Delagnelo Kormann, que foi muito desejada. A Lorena foi a quinta gravidez da Camila, então é um sonho que conseguimos concretizar. Ela vai completar oito meses de vida no dia 18 de agosto. Sou muito família, bem apegado a minha família e minha esposa também.
GZ: De onde surgiu o desejo pela política?
CK: Meu gosto pela política surgiu desde as campanhas do meu patrão (Pedro Schmidt), eu trabalho na Aço Peças há 23 anos, e meu chefe foi candidato a prefeito duas vezes. Meu pai sempre foi envolvido no PP e chegou a ser candidato a vereador. O gosto pela política vem desde então e nasceu nesse ambiente.
GZ: Como foi o início da sua caminhada política?
CK: Meu pai tinha o apelido de Nega e na época que ele foi candidato, não tinha verba para campanha, então eu lembro que fiz um cartaz: “Não vote em branco, vote em Nega”. E aí comecei a participar dos eventos, já com 11 ou 12 anos. Fui participando de diversos grupos, no futebol, Emaús e muitas pessoas já diziam que eu deveria ser candidato. Tomei gosto e decidi tentar. Me elegi pela 1ª vez em 2008, depois 2012 e 2016. Fui presidente da Câmara entre 2016 e 2018. No primeiro mandato fui vereador de oposição, uma experiência não muito boa, o Matias [Kohler, atual prefeito] foi oposição comigo e acredito que com isso nasceu nele o desejo de ser prefeito, pois hoje a gente procura ser um governo diferente do da época de oposição. Os projetos do Executivo passavam pela Câmara de maneira muito rápida. O Legislativo funcionava até às 18h para que o projeto chegasse, entrasse em pauta e fosse votado em regime de urgência uma hora depois que tinha dado entrada na Câmara.
Quando o Matias assumiu começamos a fazer diferente, o Waldemiro [Dalbosco], como presidente da Casa, teve uma grande participação nisso. Começamos a colocar critérios. Hoje, o projeto precisa chegar já na sexta-feira para entrar na pauta na terça para podermos publicar a pauta no site já na segunda-feira à tarde e para que o vereador tenha tempo para conhecer o que vai ser votado. Como presidente e como líder de governo, que sou agora, procurei trazer secretários para esclarecer os projetos, e isso não acontecia quando eu era vereador de oposição. Não se tinha contato com a administração.
Hoje estamos com o Plano Diretor em votação e a nossa intenção era votar ele antes do recesso e não conseguimos justamente porque a oposição quer apresentar emendas e seguramos para que eles tenham tempo de apresentar essas emendas.
GZ: Quais as principais dificuldades dos seus mandatos?
CK: No primeiro teve dificuldades por a gente não poder participar muito. No segundo, de 2013 a 2016, a expectativa em relação ao governo era muito grande, pois a diferença de votos para o cargo de prefeito foi grande, então se criou uma expectativa em atender essa demanda. Com certeza o segundo mandato foi o mais difícil. O terceiro teve o desafio e a responsabilidade de fazer acontecer.
GZ: Que projetos passados pela Câmara você destacaria?
CK: As duas revisões do Plano Diretor: a primeira no 2º mandato e a segunda agora. O projeto de pavimentação em parceria, que hoje vem dando muito certo na cidade. Também os projetos de autorização de financiamento, tanto nos mandatos passados quanto agora, além do projeto de saneamento básico.
GZ: Quais são suas pretensões políticas para os próximos anos?
CK: Minha pretensão pessoal é encerrar este ciclo político no final desse terceiro mandato. Quando decidi ser candidato todos me chamaram de doido porque fui um dos mais jovens. Tinha 27 anos e era difícil a juventude participar das eleições. Se fizermos uma média de idade da Câmara nos últimos dois mandatos vamos ver que baixou. Acredito que contribuí para incentivar mais jovens a serem candidatos. Hoje nós temos o Minhoca [Paulo Ricardo Gums PP], o Godo [Harri Westarb Neto DEM], o Halliton [Teodoro Kormann MDB], e o Luciano Schlindwein que foram jovens candidatos nas últimas duas eleições.
Estamos procurando novos candidatos dentro do PP, então talvez este seja um dos motivos de eu querer encerrar meu ciclo como candidato, justamente por estar incentivando os novos a entrarem na política. Um exemplo disso é que na nossa última eleição, nossos dez primeiros candidatos não tiveram nem 200 votos de diferença e isso significa que tivemos bons colocados.
Estamos trabalhando também na captação de mulheres para participarem das eleições, para que não seja uma questão de obrigação legal. Então, acredito que se nossos pré-candidatos se confirmarem no ano que vem nós teremos muitas novidades até novos nomes dentro do PP, e isso faria com que eu não fosse mais candidato.
Por outro lado, quando decidi ser candidato fui pedir apoio para certa quantidade de pessoas, e acredito que estou dando retorno a estas pessoas. Então, se esse grupo entender que para o projeto de cidade que o PP vem desenvolvendo eu deva continuar, eu não descarto a possibilidade de continuar na política. Resumindo, meu objetivo pessoal é parar, mas se o grupo entender que eu deva continuar, talvez eu volte novamente.
GZ: E quais suas pretensões profissionais e pessoais?
CK: Eu trabalho na Aço Peças há 23 anos como técnico em desenvolvimento de produto, desde os 14 anos. Meu pai me levou para trabalhar lá. Darei continuidade ao que está se concretizando hoje. Meu objetivo era dar continuidade a minha família e isso está acontecendo. Não tenho sonhos maiores. Assim que possível queremos ter mais filhos. Meu sonho é continuar formando minha família. Se não estiver na política, vou continuar meu trabalho na Aço Peças, e contribuir com a cidade, mantendo a vida em comunidade.
GZ: Como foi a experiência de perder o pai tão jovem?
CK: Quando meu pai faleceu eu tinha 21 anos, minha irmã 18 e meu irmão mais novo 11. Hoje meu irmão é meu melhor amigo, a gente se dá muito bem, com a minha irmã também. Com minha mãe, nós ajudamos a educar ele, pois ele era muito novinho quando meu pai faleceu. Hoje ele é um homem, casado.
Meu pai faleceu muito novo e nós perdemos ele muito cedo. Mas até hoje muitas pessoas lembram dele. Ele era muito conhecido na cidade, uma pessoa muito engraçada, instrutor de autoescola. Muita gente aprendeu a dirigir com ele. Hoje tenho meu pai como exemplo de vida. E claro, minha mãe também é uma inspiração. Batalhadora, sempre ajudou na construção da família e em tudo que conquistamos. Ela conseguiu suprir a ausência do meu pai. Tenho os dois como inspiração e pessoa a seguir.
A casa da minha mãe é cheia todos os dias. Tem café o dia todo. Os filhos, primos, uma média de dez pessoas passam todo dia por lá e eu e meus irmãos ficamos um dia sem ir na casa da minha mãe.
Por: Grazielle Guimarães / jornalismo@guabirubazeitung.com.br