Guabiruba tem sua Miss 2020. Cheila Mendes da Rosa, de 22 anos, recebeu a notícia de que seria coroada na primeira semana de fevereiro, após um longo período de expectativas e ansiedade para poder, enfim, divulgar a notícia a todos seus amigos e familiares. “Além dos coordenadores só eu e meu namorado sabíamos que eu estava concorrendo. Como era uma coisa que eu não tinha certeza que daria certo, eu contei só pro meu namorado mesmo, pra mais ninguém”, revela.
A notícia veio como um susto cheio de muita alegria. “Quase morri! [quando soube]. Eu sofria muito bullying na escola, por ser diferente, por jogar bola e usar roupas mais masculinas”. Cheila veio do extremo Oeste de Santa Catarina, da cidade de Guarujá do Sul e desde 2015 reside em Guabiruba. A atleta jogava pela equipe do Boos Futsal.
As conversas sobre o concurso já ocorrem há três anos, segundo Gustavo Zirke, que já atuou como coordenador no Miss Brasil e Santa Catarina entre 2016 e 2017. “Há três anos nós já vínhamos conversando sobre a possibilidade da Cheila se tornar Miss Guabiruba, justamente por trazer uma proposta diferente do padrão já apresentado no município”, explicou o atual monitor do Miss Santa Catarina.
Polêmicas e empoderamento
Em seu perfil no Instagram Cheila posta fotos sensuais que acompanham textos sobre empoderamento feminino para suas seguidoras, o que atrai elogios e críticas. “No meu instagram falo para as meninas que temos que nos sentir bonitas, independente das opiniões alheias. Eu era bastante julgada porque faço nu artístico, e eu não tenho vergonha disso porque é o meu trabalho, não é um nu explícito”, salienta.
Porém, Cheila rebate as críticas se autoafirmando como dona de sua própria vontade. “As pessoas me julgam bastante, mas eu falo que a gente não pode ficar presa a opinião de terceiros, pois o nosso futuro depende mais de nós do que das opiniões alheias. Agora como Miss as pessoas vão se espelhar ainda mais em mim, porque do nu para o Miss tem muita coisa”, enfatiza.
Quebrando padrões
O mundo Miss e de beleza tem passado por algumas transformações em padrões de corpos, a Miss Universo 2019 Zozibini Tunzi, da África do Sul venceu a 68ª edição surpreendendo a todos por ser negra retinta e ter o cabelo curto e a Miss Mundo 2019 também é negra, da Jamaica. “A Cheila, comparando os perfis das antigas Misses Guabiruba, é a mais diferente. Morena, cabelo cacheado, bem diferente do padrão da cidade, e hoje o padrão no mundo Miss vem sendo quebrado. A Miss Universo é negra e de cabelo curto, a Miss mundo é negra também, esse paradigma da miss ser muito magra, branca e de cabelão foi quebrado”, explica Gustavo.
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