Imagem: Gabrieli Kohler

Ao me achegar na casa de dona Marta pude sentir o clima leve e agradável. O ambiente aconchegante faz do lar um local favorável para boas conversas. Marta Wippel nasceu e morou na comunidade de Botuverá até a meia infância. Logo, se dirigiu ao Centro de Brusque e passou a trabalhar na fazenda de Ernesto Hoffmann.

Dos 15 aos 20 anos foi empregada de Laide Morelli e dos 20 até os dias de hoje trabalha como empregada na casa de Lígia Hoffmann Morelli. “Dizem que já não tenho mais idade para isso, mas eu trabalho lá com muita consideração porque crescemos juntas e somos praticamente como irmãs”, enfatiza Marta.

Vida a serviço da fé

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Marta casou com Leonardo Wippel (in memorian) em 1984, quando se mudou para a Rua Grüenerwinkel, no bairro Aymoré, onde vive atualmente. Muito fiel a Deus, ela participa constantemente das celebrações na capela São Cristóvão, além de fazer parte do grupo de cantos da comunidade. Conhecida por quase todos do bairro, Marta é também benzedeira. Certa vez, aos 18 anos, ela fez uma viagem à Aparecida. Lá um Frei Capuchinho anunciou seu dom. Disse que alguém da família havia entregado a ela o poder da cura. Pouco tempo depois aconteceu seu primeiro milagre. Marta curou a dor de cabeça da mãe e a notícia logo se espalhou pela vizinhança.

Além de curar dores, doenças e maus-olhados, a benzedeira também encontra objetos roubados ou perdidos. Na época da escola, Marta encontrou a caneta perdida da professora sem nem mesmo tê-la visto pessoalmente. Também sabia que o facão de seu pai estava perdido no canavial sem ter posto os pés no local. Este é o dom do responso de Santo Antônio que utiliza de Marta para ajudar o próximo há aproximadamente 65 anos. Ela estima que até hoje atendeu pelo menos mil pessoas com os mais diversos pedidos de ajuda. “Enquanto eu puder, eu vou ajudar. Porque este é o meu propósito de vida”, pontua.

Rabanada

A rabanada é um prato clássico nas ceias não só brasileiras, como também estrangeiras. Tratam-se de fatias grossas de pão, mergulhadas no leite, ovos e farinha, fritas em óleo e para finalizar, polvilhadas com açúcar e canela. Depois de tantos anos de existência, é possível encontrar versões de apresentação diferentes, como rabanada acompanhada de frutas em calda, receita que Marta aprendeu há muitos anos com a matriarca da família Hoffmann, dona Edite (in memorian).

Por trás da história da rabanada existem muitas teorias incertas. Sabe-se que foi criada por conta da necessidade do reaproveitamento do pão amanhecido, tendo em vista que sempre foi considerado um ingrediente sagrado por representar o Corpo de Cristo para os cristãos. A origem do prato é remetida a Portugal, e o fato é que chegou ao Brasil e foi rapidamente espalhada entre a população para o consumo durante todo o ano, com um peso especial na época natalina.

Como empregada, Marta é responsável pela ordem da casa e pelas refeições. Docinha e com calda, a rabanada é um prato que não pode faltar na ceia da família. Foi há 52 anos que ela aprendeu a receita com sua patroa, e desde então a rabanada vem sendo preparada assiduamente em todos os natais.

RABANADA

3 Ovos
2 Copos de leite
½ Xícara (chá) de farinha de rosca

2 Colheres (sopa) de açúcar
2 Colheres (sopa) de canela em pó
Fatias de pão francês
½ Xícara (chá) de óleo para fritura

MODO DE PREPARO

1 – Ferva o leite
2 – Bata os ovos no leite e misture com duas colheres de açúcar
3 – Embeba as fatias de pão na mistura
4 – Empane na farinha de rosca
5 – Frite
6 – Empane na mistura de açúcar com canela em pó

DICAS: Você pode trocar o óleo comum por óleo de coco. 

Para servir, uma opção é ter à mesa fruta em calda para mergulhar a rabanada

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