Créd. da Foto: Arquivo Pessoal

A atual presidente do Conselho Municipal do Bem-Estar Animal (COMBEA) de Guabiruba é Eduarda Schweigert, 28 anos, filha de Gervásio Schweigert e Rose Marli Nuss. Educadora Física e servidora pública municipal, Duda, como é conhecida, estudou até o 6º ano na Escola Professor João Boos e, em seguida, matriculou-se no Colégio São Luiz, onde concluiu os estudos até o Ensino Médio. A graduação foi no Centro Universitário de Brusque (UNIFEBE) e a pós-graduação em Fisiologia do Exercício, Nutrição e Treinamento Personalizado na Faculdade Avantis.

Profissionalmente, atuou em várias escolas do município com aulas de Educação Física, bem como na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Guabiruba (APAE). Desde 2016, é servidora da Secretaria Municipal de Saúde e personal trainer na academia GM, localizada no bairro Pomerânia.

Duda tem uma trajetória participativa em grupos de jovens, retiros e acampamentos da igreja católica, como o FAC (Formação de Adolescentes Cristãos) e é ativa no esporte (futebol e crossfit), integra ainda o Conselho Municipal do Idoso e representa Guabiruba no Comitê Regional de Humanização do Sistema Único de Saúde (SUS).

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Guabiruba Zeitung: De que forma iniciou seu contato com os animais?

Eduarda Schweigert: Minha família sempre foi muito próxima dos animais. Quando morava em Brusque meus pais tinham dois cachorrinhos. Quando viemos para Guabiruba e mudamos para uma casa, começamos a adotar mais. Meus pais chegavam a sair pela rua para ver se tinha algum animal abandonado e traziam para casa. Isso quando tínhamos uns quatro. Aos poucos as pessoas começaram a chegar até nós com animais dizendo que, se não queríamos, iriam matar. Então, acabávamos ficando. Uma vez chegamos em casa e tinha um animal preso no balanço. As pessoas começaram a achar que recebíamos alguma ajuda para manter os animais. Mas não era isso. Hoje temos ajuda de um médico veterinário que faz o serviço a preço de custo, mas alimentação e limpeza é responsabilidade nossa. E como meus pais sempre gostaram de bichinhos, eu também sou uma apaixonada por eles, principalmente por cachorros. Não esperávamos, claro, ter 25.

GZ: Como tem sido as atividades do COMBEA em tempos de pandemia da Covid-19?

ES: Estamos com um planejamento junto à Câmara de Vereadores para trabalhar na conscientização aos maus tratos e sobre os fogos de artifício. Pretendemos, quando voltar ao normal, fazer a cãominhada, que foi um sucesso na primeira edição.

GZ: Você tem trabalhado no Centro de Triagem da Covid-19 de Guabiruba. Como analisa essa experiência?

ES: Tem sido um trabalho muito intenso e um aprendizado diário. Eu saí da minha área técnica, de Educação Física, para viver a Covid. Tivemos que lidar com a perda de pacientes. Via pessoas ali no Centro de Triagem, fazia o acompanhamento e depois por alguma complicação vinham a óbito, então essa experiência me fez viver a parte da saúde que eu não vivia. A Educação Física traz alegria, vida, promoção à saúde. E com a pandemia vivi esse lado mais sombrio da saúde. Perdi meu avô para a Covid, que foi uma das fases mais difíceis. Foi um momento de me ressignificar muitas vezes. De olhar para a Educação Física como um fator importante de promoção à saúde e ao mesmo tempo lidar com as perdas. Depois que perdi meu avô, comecei a olhar mais para mim e mudar muitas coisas na minha vida. Foi um autoconhecimento e um autocuidado maior ainda depois dessa experiência.

GZ: Em 2020 você se candidatou a vereadora. O que aprendeu? Pretende voltar a ser candidata em futuras eleições?

ES: Quando saí da campanha, eu estava convicta de que iria voltar. Com o passar do tempo comecei a perceber que esse não é meu mundo. As eleições trabalham muito com a visão partidária e eu não sou assim. Não consigo conviver num meio em que a gente vê essas brigas partidárias. As eleições me mostraram muitas coisas. Uma delas que a gente precisa muito evoluir. Não só o candidato, mas a população como um todo. Tive experiências maravilhosas, como reencontros com pessoas e tive experiencias desgostosas, como assédios. Ouvi comentários bem pesados, como troco voto por um beijo. Situações que eu não queria ter visto e vi. Então, tinham pessoas superdesenvolvidas entendendo que o voto e a democracia são importantes. E outras, que eu tinha vontade de chorar. Tenho que tirar o lado positivo e negativo disso. Certamente foi uma experiencia única. Todos deveriam passar por isso para entender que a política é uma construção de todos os lados, não só do político. Hoje, pensando nos meus projetos futuros, na parte profissional, eu não penso mais em voltar. Mas isso hoje, agora. Quem sabe, mais adiante, esse meu pensamento mude e eu volte a me candidatar.

GZ: Como está a área da Educação Física com essa pandemia?

ES: Nunca tivemos tanta procura de pessoas pela área querendo cuidar da saúde como agora. Quando elas começaram a perceber que com comorbidades tinham mais chances de complicações e de morrer por conta da Covid-19, começaram a se cuidar mais. Esse momento, para a Educação Física, veio concretizar o que a gente vem falando: faça atividades físicas, alimente-se bem, que as chances de você ter uma complicação na saúde quando não cuida dela é muito grande. A Educação Física é importante não só para a estética, mas para a saúde: controle da ansiedade, diabetes, hipertensão, liberação de hormônios, e muitos outros benefícios. Então eu vejo que a Educação Física está sendo mais valorizada depois da pandemia. Ainda temos muitas pessoas que procrastinam, mas está mudando aos poucos.

GZ: Que outros aspectos você gostaria de destacar?

ES: Durante a pandemia, ouvi muito: eu sou diabético, tenho direito. Sou hipertenso, tenho direito. Tenho direito, tenho direito, tenho direito. Há uma visão muito de ter direitos. E os deveres? Com a saúde? No dia a dia? Precisamos, como seres humanos, a nos autor responsabilizarmos pela nossa vida, auto cuidar e, acima de tudo, não responsabilizar só o outro. Sempre é o outro que tem culpa. Precisamos assumir nossa responsabilidade e ter o autoconhecimento para poder se cuidar. Se está muito ansioso, por exemplo, correr atrás para resolver a situação: procurar um psicólogo, fazer coisas que goste, sair da zona de conforto. Não se encolher, pedir ajuda e ir atras da solução. Se procurar o autoconhecimento, a autorresponsabilidade, a evolução como um todo, a gente consegue ajudar a si mesmo, o próximo e a prosperar muito mais.

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