Entrevista: Alfred Nagel Neto

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Na mesma semana em que os estudantes de Guabiruba retornam às salas de aula, o Guabiruba Zeitung traz a entrevista com o secretário de educação, Alfred Nagel Neto, 50 anos, mais conhecido como professor Fred.   

Formado em Letras, Nagel atua como professor desde 1992, inicialmente lecionando Geografia na Escola de Educação Básica Professor João Boos e posteriormente Inglês e Língua Portuguesa nas escolas Básica Municipal Padre Germano Brandt, Básica Municipal Professor Carlos Maffezzolli e Escola Municipal de Educação Básica Osvaldo Ludovico Fuckner, onde desempenhou a função de diretor de 2005 até 2018, ano em que assumiu a pasta de Educação do governo Matias e Zirke.

Nagel também desempenhou as funções de secretário e presidente do Conselho Municipal de Educação, de 2010 até 2018, e é membro do Conselho desde 2005. Casado com Eliane Kormann Nagel, 46 anos, têm dois filhos: Ane Luise e Andres Mateus Nagel.

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Guabiruba Zeitung: Como foi sua vinda para Guabiruba?

Fred Nagel: Sou curitibano, mas me mudei para Guabiruba aos sete anos de idade. Meu avô paterno migrou sua empresa para a cidade e eu vim com ele e meu pai. Tanto meu pai quanto meu avô são alemães, eu faço parte da primeira geração de alemães do Brasil. Toda minha família pelo lado paterno faleceu, exceto eu e meu irmão, e minha família materna continua morando em Curitiba, então boa parte da minha família está lá. 

GZ: Porque escolheu ser professor?

FN: Eu caí de paraquedas nessa área. Atuava na empresa da minha família, que fabricava brinquedos e móveis de madeira, quando o Sr. Osni Schlindwein convidou inicialmente meu irmão, Thomas, para atuar como professor. Na falta de alguém para lecionar Geografia, ele também me fez o convite e eu abracei a oportunidade. A coisa fluiu e até o ano 2000 eu atuava na empresa e como professor, paralelamente. A empresa não deu certo e eu continuei fazendo aquilo que eu sabia fazer, que era dar aula e atuar na educação. 

GZ: Como foi receber o convite para ser secretário de Educação sendo que o professor pertencia a um partido adversário do atual governo?

FN: Acima de tudo vem a educação. Nós temos que fazer um trabalho decente, que as pessoas possam confiar, indiferente de partido político. A educação não pode ter partido, o grande erro da nossa educação chama-se “partidos políticos” e eu não vejo isso em diversas áreas. Temos que nos preocupar em ter os melhores profissionais para ter um trabalho público de qualidade. 

Por isso temos que tirar o chapéu para nosso atual prefeito, Matias Kohler, pois ele conseguiu desvincular essa visão política e colocar pessoas que mesmo sendo de outros partidos, fazem um bom trabalho. Eu acredito que política e educação não podem caminhar juntas.

GZ: Quais as principais ações desde que assumiu a pasta da Educação?

FN: Eu colocaria como ação n° 1 o projeto Creche para Todos, que apresentou uma nova forma de atendimento para as famílias com crianças de 0 a 3 anos, com isso, conseguimos zerar as filas por creches, que é uma preocupação muito grande da nossa gestão. No final de 2018, tínhamos mais de 300 crianças na fila de espera, ou seja, da maneira que estava ocorrendo os atendimentos, nós não conseguiríamos atender todas essas 300 crianças. Modificamos e a comunidade aceitou bem e conseguimos manter até setembro de 2019 a fila zerada.

Outra ação que devemos evidenciar é a nossa grande preocupação com a Educação Especial. Conseguimos colocar nas escolas professores especialistas nesta área para estar justamente atendendo essas crianças. Acreditamos que a inclusão não é meramente colocar dentro da escola, mas sim incluir com qualidade, fazendo com que as crianças possam se desenvolver e desempenhar suas atividades, aprendendo de forma efetiva com nossos professores.

GZ: E quais as principais ações de 2019?

FN: Dia 11 de novembro tivemos a abertura da nova creche Tia Angélika, situada no bairro Imigrantes. Essa creche já existia próximo ao educandário Vadislau Schmitt, também no bairro Imigrantes, e agora passamos a atender essas crianças em um novo prédio.

A nova estrutura é fascinante, muito legal, um prédio que hoje consegue atender até 200 crianças. Estamos muito felizes, esta obra era um grande anseio da comunidade.

GZ: Quais as metas para 2020?

FN: Nós teremos algumas mudanças na grade curricular, a ideia é enfatizar a alfabetização dos nossos alunos, especialmente dos 1°, 2° e 3° anos, para que os estudantes saiam realmente alfabetizados. 

Vamos tentar incluir em nossas escolas atividades que envolvam robótica, para que os estudantes tenham maior diversidade no ensino e focar cada vez mais em incrementar as aulas. Preparar nossos educadores para ministrar aulas inovadoras.

O grande problema que eu vejo atualmente é ministrarmos aulas que a gente dava no final do século XX e início do século XXI e muitas vezes até século IX. Quando falamos em usar apenas quadro, giz e livro é esse tipo de aula que estamos oferecendo ao nosso estudantes que nasceram em uma era digital.

GZ: Algum projeto prestes a ser executado?

FN: Iniciamos os treinamentos dos professores e a capacitação em relação a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para que a gente esteja em consonância com Estado e Nação. 

Na primeira semana de fevereiro voltamos às aulas, que também está em sintonia com o retorno do Estado. Antes as escolas estaduais começavam em uma data e o município em outra, isso gerava uma certa confusão nos pais. Desta vez, estado e município voltarão às aulas no mesmo dia o que vai diminuir dúvidas e questionamentos.

Também iniciamos as obras na quadra da Escola Osvaldo Ludovico Fuckner, situada no bairro Lageado Baixo, e espero eu que em breve tenhamos as obras do novo educandário João Jensen.

GZ: Qual a expectativa para o último ano do governo?

FN: Nossa expectativa é fechar esse ciclo da melhor maneira possível. Eu sou professor acima de tudo e acredito na educação, meu trabalho é voltado para educar.

GZ: Você tem planos de continuar na administração pública?

FN: Eu sou professor e meu lugar é na sala de aula. Mas estou aberto a convites para ajudar no que for preciso. Já são alguns anos de experiência como diretor de escola e um pouco como secretário e onde a gente for útil estaremos à disposição.

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