Toda semana o Guabiruba Zeitung chega até você com diferentes assuntos. Na página quatro, o encontro é com o colunista Augusto César Diegoli, de 76 anos, que aborda nas suas notas o que ocorre no cenário econômico da região, estado, Brasil e no mundo. Logo após iniciar a circulação do Zeitung em Guabiruba, em 2009, o colunista começou a escrever para o jornal.
Casado e pai de duas filhas, ele reside em Brusque e nos finais de semana em Balneário Camboriú. Trabalhou na Schlossser e na Buettner por 35 anos como executivo, com destaque para a contabilidade.
Depois de aposentado, ajudou a constituir a Câmara de Mediação e Arbitragem de Brusque no ano de 2001. Antes disso, foi secretário de Desenvolvimento Econômico em Brusque no governo Hylario Zen até 2000, tendo contribuído no período para a vinda de novas empresas para Brusque e proporcionado incentivos para ampliação de outras.
Atualmente, está na Arbitragem em Brusque e como diretor da Federação Catarinense das Entidades de Mediação e Arbitragem (Fecema). Na Câmara de Brusque, esteve na diretoria por quase 20 anos. Hoje, atua como associado e árbitro mediador.
Guabiruba Zeitung: Quando começou a ser colunista de economia?
Augusto César Diegoli: Meu trabalho como colunista de economia começou há mais de 20 anos. Hoje, minha coluna de economia é estampada além do GZ também em outros jornais de Brusque e região. Não tenho lembrança de quando comecei a escrever para o GZ, mas sei que foi assim que o jornal começou a circular. Antes disso, existia um jornal em Guabiruba, de circulação mensal, que fui convidado, mas não aceitei por ser mensal a circulação.
GZ: Como o senhor fica por dentro do cenário econômico e como escolhe os temas que irá abordar na coluna?
ACD: Eu recebo muitas informações todos os dias. Seleciono algumas para a coluna. Muitas empresas mandam notícias. Eu também pesquiso na internet. Notícias não faltam. Sobram muitas todas as semanas. As agências de Comunicação mandam notas todos os dias. Algumas eu aproveito.
GZ: O senhor atua na Câmara de Mediação e Arbitragem de Brusque. Como funciona a Câmara e ela atende também solicitações de Guabiruba?
ACD: Eu atuo na Câmara de Mediação e Arbitragem de Brusque (CMABQ) desde a constituição em 2001. A Câmara é uma instituição sem fins lucrativos, registrada no Cartório de Títulos e Documentos de Brusque, e tem diretoria eleita a cada dois anos. Deve prestar constas para seus associados anualmente, mediante assembleia dos associados. A Câmara já atuou muito com empresas e profissionais de Guabiruba, principalmente quando a Recicle esteve à frente do lixo. O funcionamento da Câmara de Arbitragem tem atualmente 15 associados, quase todos podendo fazer audiências. O mais importante na vida das pessoas é poder fazer uma conciliação e/ou mediação. Para isso a Câmara tem atuado em centenas e até milhares de procedimentos.
GZ: Como as pessoas podem ter acesso à Câmara de Mediação e Arbitragem?
ACD: A Câmara está aberta diariamente com expediente das 9h às 18h e as pessoas ou empresas podem procurar a entidade e entrar com pedido para uma audiência de conciliação. A lei da arbitragem 9.307/96 veio para ajudar a desafogar o Judiciário. Só é permitido na Arbitragem valores patrimoniais disponíveis (notas promissórias, aluguéis, condomínios, compra e venda, cheques, etc). Nos contratos, pode ser inserida a cláusula arbitral, quando as pessoas ficam obrigadas a comparecer nas audiências. Muitas empresas de Brusque utilizam a cláusula, porque querem rapidez e menos custos.
GZ: Como colunista econômico, como observa os impactos da pandemia da Covid -19 na economia?
ACD: Como colunista, podemos afirmar que a pandemia trouxe muitos prejuízos para nossa economia. O FBI (Fundo Monetário Internacional) estimava uma queda de 9% ou até mais para 2020. No entanto, foi bem menos: 4,1%. Santa Catarina foi de apenas 0,9%, ou seja, 3,5% menor que a nacional.
GZ: Desde quando conhece Guabiruba e como observa o crescimento da cidade?
ACD: Conheço Guabiruba há mais de 50 anos. Sempre tivemos parentes na cidade, que deu impulso após o encerramento das atividades das grandes empresas de Brusque (Renaux, Schlosser e Buettner). Me lembro bem do grande número de funcionários dessas empresas que vinham diariamente de Guabiruba buscar seu sustento nas “grandes” de Brusque. Com o fechamento dessas empresas, surgiu um número expressivo de pequenas e médias empresas em Guabiruba, e hoje, já são destaque na economia local. Guabiruba sempre teve boa mão de obra devido sua cultura alemã.
GZ: O senhor tem propagado a ideia de cultivo de extremosas no município. Como pensa que poderia ser viabilizada essa plantação e quais benefícios traria?
ACD: Sempre gostei das extremosas, planta que as cidades deveriam plantar e cuidar (corretamente) para atrair mais visitantes. As extremosas, quando podadas corretamente e no prazo, florescem pelo menos quatro meses (de novembro até meados de março). Guabiruba já está se destacando com esta planta. Poderia ser mais e até ter uma programação anual de novas plantas. A poda deve acontecer quando inicia a inverno e ser podada 30 a 40 cm acima do tronco principal. Em Brusque, infelizmente, são podadas de forma errada e fora da época. A própria população poderia colaborar com os cuidados. Vejam Gramado, Nova Petrópolis, São Francisco de Paula, Canela, são cidades que a cada ano plantam mais extremosas, além das hortênsias. E assim, atraem a cada ano, mais turistas.
GZ: Tem algo a mais que gostaria de destacar?
ACD: Outra ideia seria Guabiruba se tornar uma “Santa Felicidade” na gastronomia. A Prefeitura poderia fazer um único projeto, de preferência em enxaimel, para pequenos restaurantes e servir o conhecido marreco assado juntamente com a cerveja produzida na própria cidade. Este projeto seria doado para os interessados, com um incentivo de dez anos. Fazer uma vila gastronômica. Nada de muito grande. Além disso, junto ainda poderia ter a venda de produtos caseiros: doces, cucas, entre outros. A cidade de Guabiruba deve ter esta atenção. Estar florida é uma atração. Muitas pessoas vem a Brusque e poderiam também visitar Guabiruba. Basta um indicativo na rodovia. Temos muitas coisas boas e bonitas para mostrar. Um bom folder junto aos hotéis também ajudaria.
Quando Secretário de Desenvolvimento Econômico em Brusque, levamos muitos investidores até Guabiruba para almoçar. Ficaram impressionados. Precisei por várias vezes mostrar Guabiruba por completo. Alguns até demonstraram interesse em investir na cidade. Gostaram muito.