imagem: Arquivo Pessoal

Simples, de bem com a vida e em sintonia com a natureza. Assim é a modelo guabirubense Daiane Baron, 28 anos, a mais velha dos três filhos de Célio Baron e Edir Ana Baumgartner Baron.

Do bairro São Pedro, Daiane frequentou, até o Ensino Médio, a Escola Professor Carlos Maffezzolli. Entre os colegas, chegou a ser zoada por causa dos cabelos ruivos que tinha, o que a fez pintar de loiro por volta dos 15 anos, contrariando a opinião da mãe. Nem imaginava que a cor ruiva, aliada à sua altura, magreza e sardas no rosto a transformavam em um perfil exótico para as passarelas.

O mundo da moda foi chegando aos poucos na sua vida. Trabalhou como costureira, com animais, estudou arquitetura e entre as atividades do dia a dia, chegou a fazer um book com o fotógrafo Thiago Bellini e, mais tarde, com a agência Lucky70, quando começou a fazer contatos que lhe concederiam o passaporte para o mundo da moda.

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Guabiruba Zeitung: Como foi o primeiro contato com a moda?

Daiane Baron: Todo mundo falava que eu era alta, magra e devia investir na área, só que naquele tempo tinha muito daquelas agências que vinham nas escolas e vendiam books. Tinha que pagar R$ 1.500, R$ 2 mil reais e talvez morar em São Paulo. Meus pais não tinham condições nem de pagar o book fotográfico e nem de me bancar morando em São Paulo. Fiz umas fotos aqui em Brusque com o Thiago Bellini, mas pensei que não era para ser. Depois abandonei, pintei o cabelo, fiz luzes e pensei: não quero mais. Vou tocar minha vida.

GZ: Quais foram suas experiências profissionais além de modelo?

DB: Com uns 14 anos eu trabalhava com uma prima em uma costura de revisora, manual. Os meus pais nunca nos obrigaram a nada. Estudar é o mínimo, claro. Mas nunca exigiram: “tens que ser isso na vida”.  Tivemos a liberdade de escolha, sabendo que teríamos que assumir as consequências dessas escolhas.

Fiquei uns dois anos com a minha prima e quando fiz 16 anos tive que arrumar um emprego registrado. Trabalhei na empresa kaliska por um ano de revisora. Acabei ganhando a conta.

Eu sempre gostei muito de bicho e queria ser veterinária. Então, fiz um curso de pet shop para banho e tosa em Balneário e pensei em adquirir experiência. Nessa época, eu já tinha 18 anos. Comecei a trabalhar na SOS Animais. Ao invés de trabalhar na minha área que era o pet shop, o dr. Edson avisou que havia uma vaga de assistente clínica, que iria ajudar nas cirurgias, atendimento. Isso para mim era um sonho.

Fiquei um ano e meio trabalhando ali, mas percebi que esse mundo não era o que eu queria. Por isso, é muito bom que as pessoas tenham experiência para ver realmente como as coisas são, pois a gente imagina muita coisa, e nada é bem como se imagina. Só vivendo para saber.

GZ: Em que momento surgiu a moda na sua vida?

DB: A moda surgiu nesse meio do caminho. Nunca achei que isso seria uma profissão. Você faz porque é algo legal, bonito, você vê as fotos, está nesse meio. Enquanto trabalhava na SOS Animais, comecei a fazer arquitetura à noite. Parei de pintar o cabelo e ele começou a ficar ruivo novamente, natural. As pessoas continuaram falando: Ah, a Daiane é muito bonita, fica bem nas fotos. Eu não aguentava mais escutar. Pensava: as pessoas acham que é mesmo assim. É bonita, vai lá e pronto, vira modelo.

Um dia minha mãe e minha madrinha foram na Lucky 70, em Brusque, e levaram umas fotos minhas. O Sandro disse a elas que era difícil dizer algo por foto, mas sugeriu me levar lá para conversar. Fui, mas não coloquei fé. Fiz umas aulas com ele, era bem no final do ano. Fiz esse curso e no outro ano, em 2013, começaram os desfiles dos shopping atacadistas. E aqui tem muito desse tipo de evento: fazer show room, entregar panfletos na porta da loja com a roupa da marca…

Ainda em 2012, fiz meu primeiro desfile com a Lucky. Aqui eu conheci uma grande amiga minha até hoje, Jaqueline Nasgueweitz, produtora de moda. Na época, ela fazia produção de desfile e no meu primeiro desfile me viu e se perguntou “de onde veio essa menina?” e pensou “tenho que fazer uma campanha com ela”. Eu não sabia quase nada, me posicionar, nada. Passou um ano, eu fiz alguns desfiles e ela me indicou para um cliente dizendo que eu não tinha trabalhado ainda e que não conhecia meu trabalho, mas que se ele quisesse ela iria fazer a campanha comigo. O cliente topou e foi meu primeiro material. Até fiquei chocada com o resultado. Pensei: – gente, sou eu? (risos). Nesse meio tempo eu trabalhava o dia todo e estava na faculdade, então encaixava [trabalhos de modelo] quando eu podia. Fiz uma outra convenção para Ligia Coelho. E ficou incrível e daí começou. Em 2015 foi a época que eu mais trabalhei.

 

GZ: Você trabalhou e trabalha com agências de modelo?

Comecei com a Lucky 70, depois fiquei na DF Model, de Joinville, onde trabalhei um bom tempo. Cheguei a ficar um tempinho na Ford, em Floripa. Porém, eu não tive boas experiências com agências. Comecei sozinha e trabalhei muito sozinha. Não teve alguém que me descobriu e me fez virar top model. E as coisas grandes que vieram foram de pessoas que eu conheci. Faço os contados diretos, normalmente pelo Instagram e tenho uma agência em Porto Alegre, porque lá tem campanhas maiores, e eu já fiz campanha para a Moleca, Shopping Iguatemi, Lojas Renner, calçados Kildare masculino, e algumas marcas grandes que fecham normalmente por agência. Daí eu vou lá, faço o trabalho e volto. Eu amo trabalhar. É uma agência muito certa. E tem meses que se trabalha muito, e outros pouco. Tem que equilibrar. As épocas de lançamento são as mesmas para todas as empresas.

GZ: Você possui mais de 13 mil seguidores no Instagram. Teve algum momento que suas redes sociais deram um up?

DB: Eu nunca fui muito de me expor para as pessoas. E comecei a publicar coisas que eu comia, hábitos de vida saudável, que as pessoas acabam se identificando. Eu sempre tive hábitos saudáveis, pratico atividades físicas. Sou muito transparente. Nunca fui de mostrar o que eu não sou. Então, eu penso que o que fez com que as pessoas me seguissem é a simplicidade. Sempre fui muito simples, de interior. Sou de ter galinha, cachorro em casa. Sou da moda, mas não vivo na moda. Tudo que eu tenho normalmente ganho. Não gasto com roupa. Ninguém acorda bonita. O que se vê montado não é a realidade.

GZ: Você é assediada por empresas ou marcas para postar produtos nas suas redes sociais ou realiza esse tipo de serviço? Se considera uma influenciadora digital?

DB: Eu acho que a gente pode inspirar as pessoas. Influenciar, eu não gosto desse termo. As pessoas têm que ter essência, ser o que elas sentem que devem ser. Usar o que elas querem usar, fazer o que desejam fazer. Não é porque virou moda que algo vai suprir a pessoa. Vai ser por um tempo e depois não vai mais servir para nada. Quando as pessoas me mandam algo, eu não tenho coragem de oferecer para alguém se eu não uso ou não acredito naquele produto. Se é do meu estilo, eu gosto, eu uso, eu aceito e publico. Mas não aceito valores. Com as blogueiras normalmente funciona assim: você manda e é cobrado um valor para fazer um post da marca. Não trabalho com isso. Nem saberia divulgar. Se eu receber algo que eu realmente uso, fico feliz e compartilho: faço as fotos do meu jeito e publico nas redes sociais. Principalmente quando é de Guabiruba, eu fico muito contente, porque eu tenho muito orgulho da minha cidade. Eu sempre digo que amo morar em Guabiruba, no meio do mato. Não moraria em outro lugar. Não sou da cidade grande.

 

GZ: Você iniciou um trabalho sério com kombucha? O que é e como funciona?

DB: Conheci a kombucha pela minha amiga modelo Barbara Heck, do Rio Grande do Sul. Lá já tinha mais consumo e produção de kombucha do que em SC.  Posso dizer que o mundo da moda me levou até o universo da kombucha (risos). Quando eu ia viajar a trabalho, às vezes tinha kombucha em alguma loja dos aeroportos. Aí aproveitava e comprava.

Fui pesquisando mais e mais sobre essa bebida maravilhosa e ficando cada vez mais encantada. Com dificuldade para encontrar e o preço não é tão acessível assim, descobri que pode ser feita em casa se você conseguir um SCOBY, tipo uma mudinha, como o kefir.

O @fermentaconciencia é do expert no assunto, Lucas Montanari. Com ele agora estou iniciando uma mentoria para expandir meu negócio! Acredito muito na kombucha como um bem muito poderoso à saúde.

 

GZ: Ser modelo ainda é o sonho de muitas meninas, principalmente. Qual a sua orientação para quem tem esse objetivo?

DB: Cada um tem caminhos e oportunidades diferentes. Posso falar, pela minha experiência, e indicar que procure uma agência séria, alguém que você sinta confiança. Daqui da região, eu indico a Lucky 70. A partir disso, é importante fazer contatos com pessoas da moda. Perder o medo, pois ele te priva de algo que você cria. Ele te sabota. Se estiver iniciando, fale com o fotógrafo que não tem muita experiência. Seja humilde. Todos estão ali para trabalhar e fazer um bom trabalho. Ninguém é maior ou melhor do que ninguém. Não se coloque numa posição diferente dos demais. Cada um pode ser o que quiser ser. A moda tem vários segmentos. Se não tiver as características para passarela, pode ser modelo fotográfica, de instagram. No mundo da moda, tem muitas oportunidades na nossa região, muitas empresas. Exceto se quer ser tipo Gisele Bündchen, aí precisa sair, viajar o mundo. Hoje em dia não tem mais tanta importância a idade.

 

GZ: Quais seus projetos futuros?

DB: O universo da Kombucha me encantou e meu plano é criar a minha marca e disponibilizar para a maior quantidade de pessoas oferecendo qualidade de vida e saúde.

Não tenho pressa, pois meu objetivo é ter uma bebida de altíssima qualidade e benefícios onde você passa a tomar e sentir os resultados.

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