Aos 15 anos, Marcia Hochsprung Watanabe se apaixonou pelo mundo do esporte e encontrou nele uma oportunidade de ajudar a família e realizar seus sonhos. Foi jogadora profissional de basquete e através do esporte viajou por diversos países até que um machucado no joelho fez com que ela encerrasse a carreira de atleta e voltasse sua carreira à aulas de educação física.
Hoje, aos 50 anos, está à frente da Secretaria de Esportes, Lazer e Assuntos para a Juventude de Guabiruba desde 2017 e paralelamente é professora na Escola Prof° Carlos Maffezzolli. Na sua segunda entrevista à página 2 do Guabiruba Zeitung, Marcia conta as principais ações desenvolvidas na pasta e o que ela espera do esporte em Guabiruba.
GZ: Quais as principais ações da pasta em 2019?
MW: Nós demos sequência aos campeonatos que já existiam, são oito competições municipais, mais os Jogos Comunitários, que envolvem um número muito grande de pessoas. São cerca de 2 mil pessoas do município que praticam durante três meses os Jogos Comunitários em 37 modalidades, além dos sete coordenadores dos bairros de Guabiruba que participam das reuniões e organizações dos jogos de 2020.
GZ: Quais as metas para 2020?
MW: Nós iremos manter as atividades e ações desenvolvidas em 2019 e a ideia é que a gente consiga levar uma equipe de voleibol para a Olimpíada Escolar de Santa Catarina (OLESC), tanto que uma das Bolsas Técno foi contemplada para trabalhar com o voleibol em Guabiruba. O professor Luiz Gustavo Feuser trabalha há três anos com projetos sociais do Fundo da Infância e Adolescência (FIA) e agora puxamos ele para fazer este treinamento mais específico do voleibol, tanto do masculino quanto do feminino para a Olesc.
Também queremos continuar auxiliando a Associação de Futebol Educacional de Guabiruba (AFEG), o desenvolvimento do Karatê guabirubense, além de dar suporte aos projetos do FIA que trabalham questões esportivas através da logística de levar e buscar as crianças da escola.
Este ano daremos continuidade aos Jogos Escolares, nós já classificamos as pessoas que vão jogar o regional deste ano, e as escolas já sabem os alunos que estão em condições de jogar, além dos campeonatos municipais, que são oito, também os Jogos Abertos, dando continuidade a tudo que foi feito em 2019.
GZ: Acredita que os bons resultados do esporte guabirubense tem relação direta com a criação das Bolsas Atleta e Técnico?
MW: Sim, principalmente para quem está iniciando na carreira esportiva, se ele vê um atleta mais experiente, que está despontando e tem esse apoio, eu acho que ele também vai correr atrás do mesmo resultado para futuramente ganhar essa bolsa, então é algo muito importante.
GZ: Qual a importância de firmar parcerias em Brusque, como o caso do Instituto de Ortopedia?
MW: Hoje o Instituto de Ortopedia é a única parceria que temos fora de Guabiruba, que nos auxiliará no atendimento de atletas de alto rendimento que são contemplados com o Bolsa Atleta, ao todo são dez. No ano passado, a parceria era de 50% de descontos nas consultas e neste começo de ano eles liberaram gratuitamente, mas nos casos de cirurgia ou exame é apenas um auxílio.
Aqui em Guabiruba, o atendimento é pelo Sistema único de Saúde (SUS) o que muitas vezes demora e, quando machucado, o atleta precisa de um atendimento rápido, por isso a importância com o Instituto de Ortopedia, pois são médicos renomados que oferecem os atendimentos. Infelizmente o atleta está sujeito a ser lesionado por praticar esportes de alto rendimento e recorrentemente há alguma parte do corpo machucada.
GZ: Qual a maior dificuldade do esporte guabirubense atualmente?
MW: Eu acredito que hoje é a limitação do orçamento. Acho que a gente precisaria de uma verba de até o dobro do que a gente recebe hoje, que é bem curto, e como a gente aumentou as Bolsas Atleta e Técnico, o objetivo é buscar mais orçamento para a pasta.
Uma das grandes necessidades é de uma arena esportiva. Hoje, nosso ginásio é limitado, um ginásio pequeno para o público e para as modalidades que acontecem, então, nosso objetivo é ter um espaço maior, que pudesse abranger mais competições, até de nível estadual. Nós não conseguimos trazer competições estaduais para o município justamente porque a quadra é pequena.
A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Guabiruba já disponibilizou a quadra deles, sendo mais uma parceira do município para que possamos realizar alguns eventos lá, mas ainda assim acho que o nosso sonho é ter uma arena esportiva municipal, ou um campo de futebol, a equipe de velocross pede bastante uma pista própria. São sonhos, realizar é difícil, mas não impossível.
GZ: Como você avalia o início dos Jogos Comunitário deste ano?
MW: Guabiruba é um município onde não é difícil realizar eventos esportivos, nós inclusive temos uma demanda bem alta e as pessoas gostam de participar, muito porque o município ainda não tem uma cultura tão forte do celular e mídias sociais, então a velha guarda participa e têm jovens que estão iniciando a participação também.
Porém, eu sinto um pouco de dificuldade para os coordenadores, pois eles têm que correr atrás dos atletas para participar e às vezes as pessoas dão muitas desculpas e acabam não participando. Para evitar isso, nós lançamos a tabela em novembro para em janeiro todos os coordenadores estarem cientes das datas dos eventos justamente para não acontecer esses imprevistos. Muitas vezes combinamos com as pessoas mas, em cima da hora elas desmarcam. Eu fico bem triste pelos coordenadores que trabalham para organizar e encaixar todas as datas.
Neste ano, mudamos as regras. Antes quem não participava em determinado ano, no próximo não podia participar. Agora, se não participar esse ano perde 10 pontos da pontuação geral e pode participar no ano que vem.
GZ: Qual a expectativa para o último ano do governo?
MW: Nós temos que manter o que está funcionando e esporte é algo que está dando muito certo há vários anos. Um dos motivos é porque em Guabiruba é fácil fazer esporte, as pessoas gostam de participar. Nossa expectativa é que o próximo governo continue dando oportunidade para as crianças, adultos e até para a terceira idade praticarem esporte.
GZ: Tem planos de continuar na administração pública?
MW: Estou aberta a continuar na Secretaria, sou professora efetiva do município, dou aula na Escola Carlos Maffezzolli, se eu não puder continuar na Secretaria de Esportes vou continuar trabalhando com a Educação Física que é o que eu gosto de fazer.
GZ: Qual seria o legado deixado na pasta durante esse período que esteve à frente?
MW: O mais importante foi dar esse apoio aos atletas e técnicos de Guabiruba, algo inexistente anteriormente. Ter criado as Bolsas Atletas e Técnicos foi uma grande conquista nossa e do município.
GZ: Como você enxerga o esporte em Guabiruba daqui dez anos?
MW: Daqui há dez anos o meu sonho é que em Guabiruba tivesse várias modalidades, principalmente nos trabalhos de base, porque o nosso forte é investir em crianças e adolescentes e depois, na fase adulta dessas pessoas, elas vão escolher o que realmente querem.
Ter pelo menos dez modalidades no município, buscando campeonatos fora de Guabiruba, representando a cidade em competições nacionais e para isso é fundamental ter a continuidade no trabalho. A gente sabe que o poder público tem gastos limitados, mas unindo forças se conquista vitórias.