Por: Grazielle Guimarães
Desde maio de 2013 Kelly Cristine Stricker, 31 anos, percebeu a necessidade de criar uma Organização Não Governamental (ONG) com o foco no cuidado e resgate de animais de rua em Guabiruba, promovendo também a adoção responsável pela comunidade. Surgiu então a Protegendo os Animais com Todo Amor (PATA), fundada em parceria com Amanda Kormann.
A ONG surgiu como um apoio à Acapra de Brusque e já demonstra efeito na diminuição dos números de animais em situação de rua em Guabiruba. “Ainda tem bastante animais abandonados, mas posso dizer que diminuiu comparado aos primeiros anos de existência da PATA. Acredito que nosso trabalho vem contribuindo para isso, realizando ações de conscientização nas escolas e através das redes sociais, punição para quem pratica crimes de abandono ou maus-tratos e mutirão de castração. No decorrer de 2018 conseguimos castrar 190 animais, sendo 160 fêmeas (cadelas e gatas) e 30 machos (cães e gatos)”, destaca Kelly, que atualmente é presidente da ONG.
No município, a entidade conta com o apoio de famílias que cuidam e oferecem suas casas como lares provisórios aos animais. Alguns chegam para um lar temporário, que acaba se transformando em lar permanente. Um exemplo disso é Eduarda Schweigert, 27 anos, que ajuda seu pai, morador do Centro de Guabiruba, no cuidado de 24 cachorros.
“Nós começamos a abrigar animais há dez anos, na época a gente morava em Brusque e quando retornamos para Guabiruba construímos um pequeno canil para cuidar melhor dos cachorros. As situações eram diversas, desde animais que se perdiam ou acabavam ficando em nossa casa por causa da comida e atenção que a gente dava, até pessoas que ameaçavam matar ou dar fim nos animais e por dó nós abrigávamos. Também recebemos alguns que eram lar temporário da PATA,mas acabaram não sendo adotados e ficaram com a gente”, conta Eduarda, que é educadora física.
A família da professora Simone Fischer também tem a tradição de cuidar e abrigar animais de rua. Hoje a família cuida de 24 cães e nove gatos. “É uma herança genética, nasci e fui criada em Guabiruba, meus pais sempre tiveram animais de estimação assim como meus avós e isso foi se perpetuando”, conta.
Outro exemplo de família guabirubense que abriga animais de rua é a de Nathalia Schaefer, que já foi lar provisório para muitos bichinhos. “Nós temos um pet shop e uma de nossas clientes encontrou um cachorrinho na rua e acabamos sendo lar temporário para ele. Até chegamos a divulgar para adoção, mas agora estamos acostumados”, conta Nathalia.
Hoje, a equipe da PATA é constituída por cinco pessoas que doam tempo e dinheiro para cuidar dos animais, sendo a maior necessidade da ONG o voluntariado. “Somos poucos e nos dedicamos pela causa, muitas vezes abrindo mão de estar com um filho, de dar atenção às atividades de casa, aproveitar um momento de lazer para receber e responder um pedido de ajuda ou então abdicar de finais de semana para trabalhar em eventos da entidade em busca de recursos e assim poder fazer o pagamento das despesas da ONG”, salienta Kelly.
Tanto a PATA quanto as famílias que abrigam os animais contam com o apoio da comunidade. Atualmente, o poder público não oferece assistência financeira. A ajuda que recebemos são de amigos e familiares, que conhecem nosso trabalho e ajudam com ração, em sua maioria são sacos de 25kg que duram uma semana. Nosso gasto gira em torno de R$ 800 por mês só com a alimentação. Para assistência veterinária, na época em que uma de nossas cadelas teve 18 filhotes, nós conseguimos apoio de uma veterinária que fez a castração a preço de custo, mas ainda assim os gastos foram enormes”, afirma.
O que tem mantido a ONG funcionando é a participação em eventos promovidos pela prefeitura. “Na gestão atual tivemos bastante apoio. Não recebemos nenhum repasse mensal, mas no sentido de podermos participar dos eventos que são promovidos pela prefeitura, isso é o que de certa forma está fazendo a PATA sobreviver em relação a arrecadar recursos, tivemos auxílio em realizarmos o Mutirão de Castração que sem a logística que nos foi proporcionada não seria possível fazermos sozinhos”, destaca Kelly.
Já pensando em 2020, a presidente da PATA espera continuar com o apoio do governo municipal. “O que esperamos da próxima gestão é fortalecer os laços, contar com o apoio de quem entrar para que juntos possamos minimizar essa questão que envolve o abandono de animais e que ainda é visto com uma certa discriminação (muitos ainda acham algo sem importância), mas que também é uma questão de saúde pública”, destaca.