Crédito: Grazielle Guimarães/Guabiruba Zeitung

O segundo entrevistado da série com os atuais vereadores de Guabiruba é Felipe Eilert dos Santos, 49 anos, que caminha para o fim do seu segundo mandato como vereador. Triatleta, Dr. Felipe, como é chamado pela população, é conhecido por defender pautas ambientais e pelo envolvimento com a comunidade em geral nas ações políticas. Filho de Aldo Eilert dos Santos e Lourdes Teresinha dos Santos, Felipe é formado em Odontologia pela Universidade Federal de Pelotas. Casado com Jussara Caetano dos Santos com quem tem duas filhas: Paula e Ana Julia. 

Guabiruba Zeitung: Quais atividades você desenvolve atualmente?

Felipe Eilert dos Santos: Além de ocupar a cadeira na Câmara Municipal, sou o atual presidente do PT de Guabiruba, participo do Conselho Municipal do Bem-Estar Animal.  Na área profissional, sou responsável pelo serviço de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial dos Hospitais Azambuja e Imigrantes e atuo como cirurgião-dentista no consultório há 25 anos. Também faço parte da diretoria da Associação de Triathlon de Brusque.

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GZ: As pessoas conhecem o Felipe vereador e o atleta. Como é o Felipe pai e esposo?

FE: Na verdade, eu só tenho que ser grato a Deus pela família da qual faço parte. Tenho uma esposa dedicada, trabalhadora e talentosa, da qual me orgulho muito. Uma verdadeira parceira para tudo e que me deu duas filhas maravilhosas, muito carinhosas e que me dão total apoio. Apesar da agenda atribulada, utilizo o tempo livre para estar junto a elas, praticar o esporte que é minha paixão, o triatlon, e de vez em quando fugir para o sítio em Urubici para recarregar as baterias.

GZ: Nesses anos de vida política e pública o que mais lhe marcou?

FE: Talvez tenha sido a última eleição para presidente, que me marcou negativamente. Nunca havia visto tanto ódio, violência e tamanha falta de respeito a diversidade de opinião. É compreensível a indignação das pessoas com a classe política, a insatisfação com a corrupção e com a crise econômica. Principalmente quando exposto diuturnamente nos noticiários. Mas e o que aconteceu depois do impeachment da Dilma? Um governo provisório desastroso, mergulhado em corrupção, sem propor mudanças no cenário econômico. E ninguém foi às ruas, bateu panela ou se manifestou. Mesmo com vários pedidos de impeachment (quase todos arquivados por Eduardo Cunha) contra o governo Temer.  

GZ: Algumas pessoas comentam que gostam do vereador Felipe, mas não da sigla partidária que carrega. Depois de tantas polêmicas envolvendo o partido, por que continuar no PT?

FE: Primeiro que não seria mudando de sigla partidária que eu iria mudar meu caráter e minha honestidade. Continuaria sendo a mesma pessoa, defendendo os mesmos ideais, pensando e agindo da mesma forma que acredito que seja a mais correta e coerente. Segundo que não vejo que partido “A” seja melhor que “B” ou vice-versa. Temos um grupo de pessoas corretas com o mesmo pensamento e que fazem esse discernimento entre o que é certo ou errado na política.  

Todos os partidos possuem pessoas boas, honestas, políticos competentes e bem-intencionados. O PT por ser vitrine, devido aos governos, por muito tempo, pagou a conta dos escândalos de corrupção que envolveram o seu governo, mas que tiveram no seu escopo muitos outros partidos dentre eles o PP e o MDB. Atualmente, vemos o exemplo do PSL, do presidente Bolsonaro, paladino da moral e da honestidade, e que está encrencado com as “candidaturas laranjas”,  com seu filho que ainda não explicou os diversos depósitos (R$1,2 milhão) suspeitos do seu assessor Queiroz na conta de Michele Bolsonaro, o envolvimento da família com chefe da milícia do Rio de Janeiro, nove dos 22 ministros desse governo são réus ou estão sendo investigados.

Na conjuntura da política nacional, o PT desempenhará um papel importantíssimo de oposição ao governo atual. Não existe democracia sem oposição. É salutar ao processo, a garantia do debate, o confronto de ideias é que fará o contraponto, o questionamento, a fiscalização e até mesmo a sugestão de soluções. Uma mostra disso foi a recente discussão da reforma da previdência. Se não houvesse a interferência dos partidos de oposição, aquelas pessoas que mais precisam do benefício (população mais carente), seriam seriamente prejudicadas, pela proposta inicial enviada pelo governo Bolsonaro ao Congresso.   

As mudanças (para pior) na aposentadoria rural, o Benefício de Prestação Continuada (BPC), pensão por morte, o trabalhador do magistério, e o modelo de capitalização foram retiradas do projeto original graças à forte mobilização da oposição. E pelo que se apresentou até agora, uma série de ameaças aos direitos dos trabalhadores conquistados por anos de lutas, muitas das liberdades individuais, a proteção do nosso meio ambiente, estão sendo colocadas em xeque pela política de Bolsonaro. Por isso, será fundamental uma oposição vigilante e mobilizada para que a democracia seja preservada.

GZ: Você pretende se candidatar novamente? Executivo ou Legislativo?

FE: Não amadureci essa decisão ainda. Tudo é possível. Dependerá de como irão se desenhar as candidaturas majoritárias e, principalmente, de uma decisão junto a base do partido. 

GZ: Qual a prioridade para Guabiruba, na sua opinião?

FE: Temos muitas demandas nas mais diversas áreas, como pavimentações, saneamento básico (má qualidade da água e o desabastecimento em pontos da cidade, situação que deverá melhorar quando a nova concessionária vencedora da licitação assumir esse serviço). Porém saúde, educação e segurança pública serão sempre prioridades no meu entendimento. 

A primeira porque afeta diretamente as pessoas mais carentes que não possuem recursos para remédios, assistência médica, exames etc. Em segundo lugar, uma educação pública de qualidade é essencial para que tenhamos cidadãos críticos e criativos, que possam transformar o mundo em que vivemos e lutar por um futuro melhor. Percebemos que muitas das mazelas do nosso dia a dia, são dependentes de ações que cabem a cada um de nós. Preservação do Meio-ambiente, trânsito mais seguro, respeito às leis, etc… são questões culturais, de conscientização, que só com educação que conseguiremos mudar esse quadro.

GZ: Quais as maiores dificuldades enfrentadas pelo Legislativo na sua opinião?

FE: A meu ver, a tímida participação popular, ainda é um dos principais desafios do Legislativo Municipal. Mesmo com a Câmara Itinerante, projeto idealizado por mim em 2015, que leva a estrutura do Legislativo aos bairros, ainda temos uma baixa presença de pessoas nas sessões ordinárias, nas audiências públicas, etc. 

Enquanto presidente da mesa diretora (2015-2016) criamos o Informativo da Câmara, uma espécie de jornal impresso, com todas as matérias discutidas nas sessões, bem como a cobertura completa do trabalho dos vereadores, que de uma certa forma servia de prestação de contas à população de todos os atos do Legislativo. Visando alcançar o público que prefere a mídia impressa ao invés da mídia digital. As gestões que sucederam, infelizmente não quiseram mais confeccionar esse instrumento. 

Outra estratégia foi a transmissão ao vivo das sessões via internet (Web TV) em dezembro de 2016, para que as pessoas das suas próprias casas ou em qualquer lugar pelo smartphone pudessem acompanhar as sessões em tempo real.

GZ: Qual o maior aprendizado do Felipe político até agora?

FE: A maior lição que tive nesses sete anos na política foi ter plena consciência de que estamos sempre em constante aprendizado na vida. E a política é uma escola para a vida. Aprendi a lidar com diversas pessoas e situações. Compreender de uma forma mais clara os problemas das pessoas e da sociedade como um todo, e principalmente, ficar sensível a estas questões.

Por: Grazielle Guimarães / jornalismo@guabirubazeitung.com.br 

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