Fotos: David T Silva

 

A cidade de Guabiruba conta com três fábricas de chocolates, fazendo da cidade uma referência na região. Especialmente na Páscoa, moradores  e turistas procuram as doces delícias guabirubenses.

A primeira delas começou há 34 anos, quando Clarice Gandolfi fazia guloseimas para os sobrinhos. A ideia de fazer chocolate surgiu quando seu primeiro filho, Ricardo, aos seis anos, pediu um ovo grande de chocolate. “Se a mãe conseguir fazer, leva para o coelho enfeitar. E naquele ano eu comecei a fazer chocolates para amigos, parentes e alegrei um filho. Fiz um filho feliz. E não parei mais”, relembra a proprietária da Tia Lice.

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Em 2011, foi a vez de uma ex-funcionária de Clarice montar o próprio negócio. Incentivada pelo filho que a questionou porque não montar a sua própria fábrica, Maria Lurdete Huber conta que achou uma boa ideia, mas que seria necessário muito trabalho e ajuda dos filhos Edemilson Nicolau e Carla. O desafio foi aceito, e, desde então, Maria Lurdete pincela formas de modelos variados com chocolate, especialmente as de ovos de páscoa, tão procurados nesta época do ano na San`Nicolao. 

Já os irmãos Ariel e Luan Frainer começaram o desenvolvimento da receita do chocolate em 2020. A loja de fábrica Sta. Catharina foi inaugurada em novembro do ano passado e os dois contam que a ideia surgiu após uma visita a uma fábrica de chocolates na capital federal.

Ariel relata que em viagens constantes para Brasília, ele conheceu um pouco da cultura do chocolate e se interessou pelo produto feito com um sabor autêntico a partir de cacau produzido na Bahia. “Lá tem outra cultura de produção e algumas empresas desse modelo, por ser mais próximo a Bahia, grande produtora da fruta”, destaca.

Luan destaca que ainda na pandemia, começaram a desenvolver o produto. “Tudo travado. Aí começamos a desenvolver e conhecer. Compramos máquinas pequenas e começamos a fazer em casa. Em 2021, a pandemia foi esfriando e começamos a desenvolver a máquina para produzir aqui”, explica. Ele também conta que as máquinas fabricadas no Brasil são muito pequenas, para cerca de cinco quilos ou grandes demais, para uma tonelada. Então, eles desenvolveram uma intermediária, feita a partir dos seus estudos e desenho por um parceiro no bairro Guabiruba Sul.

Produção e produto

Luan e Ariel contam que o chocolate que eles produzem é feito a partir da amêndoa de cacau adquirida de um ou dois fornecedores, da Bahia e Amazonas, dependendo do resultado que desejam para o produto. Para eles, o processo de produção da empresa é híbrido.

“Eu considero um processo híbrido, pois temos algumas máquinas, mas todo o trabalho é feito artesanalmente, com muito cuidado, apenas por nós dois”, comenta Luan.

Na receita deles, os ingredientes são: o cacau, manteiga de cacau, leite em pó e açúcar. Depois o produto é saborizado e são inseridas especiarias. “Quando fazemos sabores novos, oferecemos para as pessoas que visitam a loja para experimentarem, porque nós desenvolvemos um paladar diferente por trabalhar com o chocolate”, frisam os irmãos que assumem comer chocolate todos os dias e alcançam a produção de cerca de 240 quilos por mês.

“Pelas características do nosso chocolate, nós comemos todos os dias. Claro, uma barrinha de 30 gramas, mas pelas propriedades antioxidantes e benefícios para saúde”, frisa Luan. 

Ariel diz que come chocolates mais intensos, e quando quer comer um doce, ele opta pelo 45% de cacau.

Luan também ressalta que fizeram um lote de 100% de cacau, sob encomenda, que é totalmente sem açúcar. “Naquela semana comi um pouco, acostumei. Mas depois voltei para o meu preferido. O paladar precisa ser trabalhado. Mas é indicado para culinária, que você mistura um brigadeiro, por exemplo”, detalha.

Na fábrica da família Gandolfi, onde trabalham, o marido de Clarice, José, na produção e o filho que administra, a “misturinha”, como fala a anfitriã, tem feito sucesso. “Temos a nossa manipulação e saiu essa misturinha. Muitas pessoas dizem que colocamos um pó mágico dentro. É gratificante”, conta com um sorriso.

Com produtos diet, de soja e 70% cacau, ela conta que tem os seus segredos na receita, que mistura três marcas, uma delas a Garoto. Clarice também destaca que o chocolate de soja não é para celíacos, porque não pode ser produzido no mesmo local, mas para quem faz uma dieta, por exemplo.

Também trabalhando com a marca Garoto na San`Nicolao, Nico explica que o produto da família Huber não tem misturas, eles fazem o processo de transformação, como é chamado, com apenas a massa que recebem do fornecedor. A diferença é a adição de especiarias, como frutas incluídas nas barras, além de outros ingredientes nos ovos de Páscoa. Para ajudar o coelho da Páscoa em 2023, a fábrica artesanal produziu três toneladas de barras, ovos de vários tamanhos, coelhinhos e o São Nicolaus.

A novidade

Nico conta com orgulho a facilidade da mãe em focar no trabalho e ainda conseguir pensar em novos sabores para o próximo ano. “Novidades geralmente são com a minha mãe. Trabalhando ela pensa o que pode fazer para o próximo ano. Na semana que antecede a Páscoa, mesmo com muito trabalho, pois a produção não pára, ela consegue manter o foco e pensar em novidades. É impressionante”, destaca.

A novidade pensada para o natal 2022 foi o chocolate com ovomaltine. Já o Torrão Premium Avelã foi desenvolvido especialmente para a Páscoa deste ano. Também fizeram a barra com frutas, produzida com chocolate 70%. “Começamos a trabalhar com a linha 70% para a Páscoa e vamos seguir”, completa.

Por outro lado, os irmãos Ariel e Luan desenvolveram o chocolate mais doce para agradar mais consumidores, eles produziram um chocolate 38% cacau. “A minha filha não comia o 45%, que era o nosso menos intenso. Algumas pessoas preferem mais doce, aí fizemos”, conta Ariel, que já pensa em outras linhas de produtos, como bombons recheados.

 

 

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