Guilherme Paladini de Souza, 34 anos, é engenheiro químico formado pela Universidade Regional de Blumenau – FURB, com MBA em Perícia Auditoria e Gestão Ambiental e MBA em Gestão Empresarial na Fundação Getúlio Vargas – FGV. Iniciou sua carreira em unidades industriais de tratamento de água e efluentes. Em Angola, na África, teve a primeira experiência com saneamento, na operação de um sistema de abastecimento que produzia 1,0 m³/s de água, atendendo a mais de 2 milhões de habitantes das cidades de Benguela e Lobito.
Passados quase dois anos, retornou ao Brasil e atuou no setor com trabalhos desenvolvidos em concessões privadas de Santa Catarina. Mais recentemente, trabalhou em Mato Grosso, na gestão operacional de cinco concessionárias no abastecimento de água e esgotamento sanitário.
Em abril deste ano foi convidado pelo Grupo Atlantis para assumir a Superintendência da Concessão da Guabiruba Saneamento SPE S/A.
Guabiruba Zeitung: O município vem sofrendo com os problemas no serviço de água e esgoto nos últimos anos. O que a população pode esperar da nova empresa?
Guilherme Paladini de Souza: A assinatura do contrato de concessão, que teve seu início em 1º de maio, foi com certeza um marco histórico e extremamente positivo para o município. A partir do contrato finalmente firmado, somado a um Plano Municipal de Saneamento bem estruturado, com metas claras de evolução, é certo que a população contará com a prestação de serviços de saneamento com excelência. O respeito ao cliente e ao meio ambiente são pilares fundamentais que balizam nossa gestão.
Guabiruba Zeitung: Além de Guabiruba, quais são as cidades que a Atlantis possui concessão dos serviços de água e esgoto sanitário? As realidades são diferentes das encontradas aqui? Quais são os nossos principais problemas?
GPS: A Atlantis Saneamento completou 14 anos de prestação de serviços neste setor. Trata-se de um grupo que possui grande lastro de expertises neste segmento. Hoje atendemos mais de 1,5 milhão de pessoas em 27 municípios de quatro estados do país, com atuação tanto na gestão operacional quanto comercial. As concessões são uma das modalidades desta prestação de serviços. Estamos presentes como concessionários, além de Guabiruba, em Balneário Gaivota, Jaguaruna e Gravatal, todas aqui em Santa Catarina.
A realidade costuma ser muito similar à Guabiruba. Recebemos sistemas subdimensionados e normalmente sucateados. É nítido que a infraestrutura de saneamento no que se refere ao fornecimento de água e coleta e tratamento de esgoto não acompanhou o pujante crescimento sócio-econômico de nosso estado. Não é errado dizer que os municípios passaram por um grande período de estagnação no saneamento.
O sistema de Guabiruba possui o primeiro grande desafio, que é o abastecimento de água. Hoje trabalhamos com uma demanda superior ao consumo e a capacidade de reservação é limitada. O planejamento dos investimentos tem como objetivo solucionar este gargalo nos primeiros anos de concessão.
GZ: Teve alguma outra cidade em que a concessão teve o impasse jurídico como ocorreu com Guabiruba?
GPS: Temos a mesma situação acontecendo no município de Sombrio, onde a licitação já foi homologada, porém, aguardando liberação do Tribunal de Contas do Estado.
GZ: Quais são as principais frentes de trabalho sendo executadas neste momento?
GPS: Além de ações do dia a dia, estamos atuando na busca de alternativas para o reforço no sistema de abastecimento de água. Será realizada a instalação de uma VRP (válvula redutora de pressão), que permitirá que utilizemos a ETA Lageado Baixo, que hoje opera com folga na demanda, para auxiliar toda a região abastecida pela ETA Central, que é responsável pelo abastecimento de mais de 80% do município. Há também a atuação em estudos para perfuração de um poço tubular profundo próximo à ETA Central para reforçar a oferta de água.
A captação de água bruta também terá ampliação no seu sistema de bombeamento. Já estamos com atuação nos estudos de modelagem hidráulica do município. Esse tipo de estudo é fundamental para que analisemos os cenários de curto, médio e longo prazo do município e executemos de forma assertiva os investimentos necessários para os sistemas de água e esgotamento sanitário de Guabiruba.
GZ: A falta de água e água chegando nas casas na coloração marrom estão entre as principais reclamações da população ao jornal. O que ocorre nesses casos e qual a expectativa para resolução desses problemas?
GPS: São dois fatores que favorecem o eventual surgimento de alguma turbidez na água: a má concepção e a demanda maior que a oferta por água. O projeto do sistema que é executado em ramos, chamamos coloquialmente de “espinha de peixe”. Todas as redes do município terminam no final das ruas, sendo vedadas com um cap na ponta, ou um tampão, digamos de forma mais clara. O fato da água não circular nessas redes, favorece o acúmulo gradativo de materiais naturalmente suspensos na água nas pontas de redes. O ideal é este tipo de rede ser construída em estrutura de anéis para que ocorra a constante circulação da água. Estamos reforçando as rotinas e descarga periódica para a limpeza preventiva, mitigando este tipo de ocorrência. Um grande estudo de modelagem hidráulica em curso nos permitirá identificar todos os pontos de intervenções e melhorias nas redes de distribuição do município.
GZ: Quando será iniciado o serviço de esgotamento sanitário?
GPS: A partir do terceiro ano do contrato iniciaremos os projetos do esgotamento do município de Guabiruba. No quinto ano será dado início as obras de implantação das redes coletoras e estação de tratamento de esgoto. Temos previsto em 12 anos universalizarmos o sistema de coleta e tratamento de esgoto do município de Guabiruba.
GZ: Com a estiagem, corremos o risco de ter uma falta de água maior na cidade?
GPS: Estamos em estado de atenção, porém, nossas captações estão com volumes suficientes de forma a garantir a disponibilidade de água necessária. Realizamos algumas intervenções para otimizar a contenção da captação Guabiruba Sul e o monitoramento na disponibilidade hídrica é constante por nossa equipe técnica. Qualquer eventual mudança de cenário informaremos com antecedência aos moradores.
GZ: Em que local e quais os contatos para a população procurar a Guabiruba Saneamento? Qual a diferença entre Atlantis e Guabiruba Saneamento e qual o nome oficial que a empresa tem em Guabiruba?
GPS: Nestes últimos dois anos a empresa operou em caráter emergencial o sistema de Guabiruba, até que o município estruturasse o edital e licitasse a concessão destes serviços. Com a vitória na concorrência pública e assinatura do contrato de concessão, foi criada a sociedade de propósito específico Guabiruba Saneamento SPE S/A, uma empresa do Grupo Atlantis, porém, com sua atribuição dedicada a prestação de serviços de água e esgoto neste município.
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Hoje atendemos na Rua José Fischer, 110, ao lado da Polícia Militar. Posso antecipar que nos próximos meses vamos nos mudar e inauguraremos nossa nova loja, onde teremos condições de atender nossos clientes com muito mais conforto e qualidade. Em breve divulgaremos mais detalhes.