Em fevereiro de 2022, a história do Dragão de Guabiruba completa 40 anos e vai ser contada em um documentário de média-metragem, com duração de 30 minutos. A produção é assinada pela produtora Deucher Filmes e será lançada no mês do aniversário da lenda.
O audiovisual contará com 12 entrevistas, envolvendo historiadores, contadores de história, crianças e personagens que foram atingidos mais diretamente pela lenda do dragão. “Esta data suscita um resgate desta, que poderíamos chamar de lenda, mas que foi levada muito a sério pelas pessoas da época, que vivenciaram tal situação. Escrevi o roteiro tendo como base a memória oral das pessoas que vivenciaram, notadamente os dois agricultores (Pedro Ismanioto e Arlindo Lana), resgatadas através das publicações na imprensa. Agreguei a isso, o pós-publicação das reportagens e os efeitos que tal notícia causou e ainda causa nas pessoas que ao longo do tempo tomaram contato com a história”, detalha o jornalista Celso Deucher, roteirista e diretor do documentário, cuja direção de produção será feita pelo irmão, Sérgio Deucher.
De acordo com Celso, trata-se de uma produção independente. “Temos uma pequena equipe de gravação e montagem. É uma produção independente, justamente para termos liberdade de produzir algo do jeito que queremos e sem interferências externas”, destaca.
A história
Segundo o diretor do documentário, o roteiro passa longe do tom jocoso ou de “gozação”. Será uma análise histórica séria sobre o nascimento das lendas e os seus efeitos na comunidade local e regional.
“Efeitos estes que vão do lúdico ao econômico e que podem, assim como Pelznickel, ser formas de atrair a atenção de investidores, que de alguma maneira saibam aproveitar tais coisas para desenvolver economicamente uma atividade, gerando emprego e renda. Nossa pesquisa está nas publicações na imprensa, na memória oral e também na opinião de especialistas em história, analisando onde as lendas se encaixam neste contexto”, afirma Celso.
“Como sabemos, a lenda normalmente é uma narrativa até certo ponto fantasiosa, geralmente uma história fantástica, com certa tonalidade fictícia, mas que necessariamente, no nosso caso, tem uma combinação de fatos reais (pessoas que viram), e, por isso, são também históricos. Bem sabemos que nossa imigração veio de uma região muito pródiga de lendas fantásticas. Lá, como aqui, muitas destas lendas tentam explicar o impossível, mas que encontram explicação na nossa capacidade de reinventá-las e torná-las, até certo ponto plausíveis. Afinal, quem poderia de fato afirmar categoricamente que um dragão não existe?”, emenda o jornalista.
Celso ressalta que não há explicações científicas que comprovem a existência de um Dragão. “Mas então, qual a explicação para o que foi avistado? Foi uma invencionice pura e simples? O que estes dois agricultores viram foi um helicóptero de pequeno porte, um OVNI, um macaco Bugio, um pássaro grande de bico vermelho parecendo fogo? Isso mexe com o imaginário popular. Estão presentes nesta história, que virou lenda, uma série de elementos que a tornam singularmente interessante”, conclui.
Guabiruba 60 anos
O próximo ano também será marcado pelos 60 anos do município de Guabiruba e Celso diz que gostaria que o documentário fizesse parte das comemorações.
“Guabiruba tem contribuído muito com a nossa cultura regional e tem que ser uma grande comemoração. Enquanto em Brusque deixamos de lado muitas das nossas antigas tradições, Guabiruba heroicamente tem mantido, expandido e tornado conhecido muitos dos nossos elementos culturais. É uma cidade que vem se destacando cada vez mais pela sua cultura e tradição e compreendido que isso gera desenvolvimento econômico”, avalia o jornalista.
Lendas europeias
Na Europa, as lendas são para muitas cidades o pano de fundo de atrativos turísticos que geram bilhões em riqueza. “Um exemplo extraordinário é uma lenda semelhante que existe na Polônia, o “Smok Wawelski”. Trata-se da lenda do “Dragão de Wawel”, conhecidíssima em todo o mundo e que teria acontecido próximo ao pé de uma colina nos arredores de Cracóvia. É muito parecida com a nossa lenda, só que lá o tal dragão devorava os animais. Ao redor desta lenda, gerou-se todo um desdobramento econômico, lúdico e social”, conta Celso.
Conforme ele, outro exemplo interessante está em Verona, na Itália. “Quando estive lá vi pessoas pagando oito dólares para chegar perto da estátua e colocar a mão no seio da Julieta (do romance Romeu e Julieta, de William Shakespeare). Tal ato, supostamente traria a esta pessoa benefícios à sua vida afetiva. Ora, o citado romance é uma invenção, uma lenda. Mas veja que ao redor desta lenda foi criado lá todo um empreendimento econômico. A cidade recebe milhões de pessoas por ano para visitar o local onde o romance teria acontecido. Ou seja, as pessoas investem para ver e viver de perto as lendas”.
Informações
Quem tiver alguma informação relevante sobre o Dragão de Guabiruba e queira compartilhar, pode entrar em contato com a produção do documentário, pelo fone/WhatsApp: 47-991382929.