Ivan Luiz Tridapalli, 58 anos, gosta de ser reconhecido como guabirubense sonhador. De sonho em sonho conquistou quinze empresas de seis ramos diferentes. Filho de Nelson e Lourdes Tridapalli, é casado há 36 anos com Vanilde Tridapalli, com ela teve a Ana Carolina que faleceu aos dois anos de idade. 

Guabiruba Zeitung: Como você define o Vavá?

Ivan Tridapalli: Eu sou o Vavá, uma pessoa sonhadora, que corro atrás dos meus sonhos. Comecei a trabalhar com 14 anos nos Supermercados Archer, única empresa em que trabalhei. Comecei como dobrador de ferro e minha primeira promoção foi para descarregador de cimento. Depois, graças a Deus e aos meus colegas de trabalho, pois sozinho eu não conseguiria crescer, eu passei por todos os setores daquela empresa, desde o atacado até como gerente de supermercado, a loja 1, época em que apareceu a oportunidade da gente comprar uma cooperativa de Guabiruba.

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Na época, a cooperativa tinha fechado e nós acabamos comprando esse imóvel. Eu não queria aceitar que uma cooperativa criada por guabirubenses saísse da cidade. Ela chegou a ser vendida para empresários de Itajaí. Este fato foi o que me motivou a seguir em frente com esse sonho.

Desde criança eu sonhava em ter uma empresa própria, foi aí que formamos uma sociedade com sete sócios. Tinha tudo para dar errado, começamos com um funcionário e acabou dando certo. Nós começamos a procurar em nossas famílias pessoas que tinham aptidão para as funções que foram aparecendo e quando todos da família trabalhavam procuramos pessoas de fora e fomos evoluindo.

O nosso perfil de supermercados é fazer lojas de vizinhança, nós entendemos naquela época que existia esse espaço em nossa região, porque as grandes redes se concentram mais no centro da cidade, e nós optamos em atuar nas pequenas vizinhanças com lojas focadas nas necessidades daquela determinada região onde era instalada, e isso tem dado certo e estamos conseguindo crescer em cima desta filosofia. “Não adianta eu querer mergulhar no meio da sopa, porque vou acabar morrendo afogado, então prefiro comer a sopa pelas beiradas do prato”.

Claro, junto com a equipe maravilhosa que a gente tem, vem dando certo. Sozinho a gente não constrói nada. Se Deus me deu um dom foi o de criar oportunidades para as pessoas. Eu acho que Deus olhou pra mim e me designou: “Não tiveste a oportunidade de ter filho mas estou te dando a oportunidade de em vez de ter apenas um, ter 544 filhos”. 

Hoje eu tenho as pessoas como meus colegas de trabalho, não gosto de ser tratado como “Sr. Vavá” e nem de ser visto como empresário. Gosto de ser tratado como a pessoa que dá oportunidades para as outras desenvolverem seus talentos. Faço questão de passar para as pessoas todos os ensinamentos que a vida me deu, isso me motiva a querer sempre mais. E eu tenho sido uma pessoa privilegiada, pois Deus tem colocado pessoas ao meu lado que aproveitam as oportunidades que surgem para elas e esse é o sucesso do Carol.

GZ: Qual é o principal desafio atual a ser enfrentado pelo empresário brasileiro?

IT: A burocracia deste país é muito grande e isso faz com que muitas vezes o empreendedor fique desmotivado. É claro que a gente cria empreendimentos para gerar lucro, mas geram também oportunidades de trabalho e são muitos os empecilhos para você gerar emprego. 

No nosso segmento há uma série de exigências, muitas delas com razão, por se tratar de um ramo alimentício, mas outras de difícil compreensão. Os clientes não podem ser lesados com a balança, ou oferecer produtos impróprios para consumo, porque os consumidores vão perceber e eu vou perder a clientela. Então, muitas exigências são exageradas. Nós visamos o lucro dentro da legalidade e dos padrões éticos do comércio.

Hoje o que mais impede o país de crescer é a burocracia e a instabilidade política. Agora parece que [a política] está tomando um rumo, mas há uma parte da câmara dos deputados tentando ir contra. Há um governo sério, que está mostrando o caminho para a prosperidade deste país, mas por outro lado há uma parte [dos deputados] tentando derrubar tudo.

GZ: Você tem pretensão de entrar para a política guabirubense?

IT: Eu já fui vice-prefeito, a comunidade me deu essa oportunidade, eu entendo que foi numa hora em que eu não tive o tempo necessário para me dedicar a vida pública. Esta oportunidade apareceu em uma hora que os meus negócios me impediam de me dedicar totalmente ao cargo de vice-prefeito. 

Eu penso que todo empreendedor precisa estar inserido na vida pública, pois esse país chegou onde chegou porque a omissão das pessoas que fazem o Brasil crescer foi muito grande. Se os empresários participarem de alguma forma da vida pública, certamente os maus intencionados não teriam o espaço que tiveram, porque se tem uma cadeira que não fica vazia é a do político. E se o bom não sentar o ruim ou mau intencionado vai.

Eu até entendo que, muitas vezes diretamente, num Executivo ou Legislativo, fica um pouco difícil em função da empresa que eles precisam gerir, mas acredito que indiretamente os empresários podem contribuir e muito com toda e qualquer equipe que venha se apresentar numa eventual eleição.

GZ: Então sua intenção é atuar indiretamente na política guabirubense?

IT: Eu posso te dizer que eu gosto muito de política e eu penso que as pessoas como eu não podem dizer que nunca vão se colocar à disposição, até porque o meu negócio envolve política, eu não consigo ser um bom vendedor se eu não sou um bom político.

Isso por si só me faz cogitar participar efetivamente da política, é natural isso acontecer, então eu não descarto a possibilidade. Guabiruba já me deu tanto que eu vejo quase que como uma obrigação contribuir de alguma forma, se não diretamente, indiretamente eu vou me colocar à disposição das pessoas de bem do município. Acima de qualquer sigla partidária para mim estão as pessoas, o meu município.

GZ: Como você vê o potencial de crescimento da cidade?

IT: O que me preocupa é que nós ainda estamos focados em um segmento só, que é o da confecção, e acho que deveríamos diversificar isso um pouco mais. Eu tenho um pouco de receio quando qualquer município fica muito focado em um segmento só e talvez tenhamos a oportunidade de diversificar nosso mercado. Claro que precisa de mão de obra e a medida que a população guabirubense vai crescendo, os empreendedores vão tendo mais oportunidade de fazer o município crescer.

Se olharmos a Guabiruba de anos atrás, a cidade era um dormitório de Brusque, nós íamos trabalhar nas quatro ou cinco fábricas grandes e depois voltávamos para dormir aqui. Hoje eu arrisco dizer que tenha mais gente de Brusque trabalhando em Guabiruba do que o contrário. Nosso povo sabe o que faz, sabe o que quer, nossa mão de obra nata daqui é muito qualificada, incluindo a de que vem de fora focada em arregaçar as mangas para trabalhar.

Eu vejo muitas pessoas de fora vindo para a cidade, crescendo aqui, formando sua família, comprando terreno para construir suas casas e isso nos deixa muito felizes, pois Guabiruba sempre foi uma cidade acolhedora, nós precisamos de pessoas de fora para completar nossa mão de obra.

Guabiruba com certeza tem tudo para crescer, ainda tem alguns pontos que precisam ter cuidado, como a área de saneamento básico, por exemplo. O poder público precisa acompanhar o crescimento do município e eu vejo que em nossa cidade tem acompanhado. 

GZ: O que você conquistou de maior valor em sua vida até agora?

IT: Amigos e pessoas que acreditam em mim. 

GZ: O que você deseja conquistar?

IT: Eu posso dizer que estou satisfeito com a minha vida. Mas se Deus continuar me abençoando para que eu continue criando oportunidade para as pessoas, é isso que eu sonho em continuar fazendo.

GZ: Que conselho você daria ao jovem Vavá?

IT: Faça rigorosamente do jeito que você fez. Sonhe e corra atrás dos seus sonhos. Foi isso que eu fiz ao longo destes 58 anos que eu tenho. Eu diria: Vavá não deixe de sonhar! Não deixe de traçar seus objetivos! Agora não cruze os braços, arregace as mangas e corra atrás!

GZ: O que a sua filha te ensinou de mais especial?

IT: O que a Ana mais me ensinou foi: Não esperar para amanhã. “Pai, você precisa fazer hoje, não espera para amanhã, se tens a oportunidade de fazer hoje faça hoje”! Porque ela era muito assim, as decisões precisam ser tomadas na hora.

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