Faz tempo que a lenda do Dragão de Guabiruba ultrapassou as fronteiras do município. Basta uma simples pesquisa na Internet para encontrar textos, vídeos e memes com a criatura voadora, que teria aparecido pela primeira vez em 1982, no bairro Lageado Alto.  

Na época, o agricultor Pedro Ismanioto (in memorian), relatou ter se assustado com o dragão enquanto juntava folhas de caeté para tratar os animais. Na sua descrição, tratava-se de um bicho feio, grande, com língua vermelha de fogo e escamada. 

O tempo passou, novos relatos surgiram e deram vida ao imaginário popular. Por alguns anos, a comunidade guabirubense não gostava de tocar no assunto, mas aprendeu a admirar a lenda como parte de sua história e cultura. 

- Publicidade i -

No centro da cidade, já é possível ver diariamente a imagem do dragão soltando labaredas de fogo junto a outros personagens, como o Pelznickel, na fachada da Fundação Cultural. 

E se outras tradições já chamam atenção dos moradores e turistas, com o lendário Dragão de Guabiruba não seria diferente. Agora, ele alça novos voos e contribui para o desenvolvimento econômico e turístico da cidade. 

O Canto do Dragão 

Os empresários Fabiane Maria Schaefer Baron e Ivair Baron criaram a Pousada Canto do Dragão, no bairro São Pedro. O empreendimento chama atenção nas redes sociais e aguça a curiosidade dos hóspedes pelo nome, que faz alusão a famosa lenda guabirubense. 

Fabiane conta que por ter nascido na cidade cresceu ouvindo e presenciando algumas das histórias, lendas e tradições, incluindo a do Dragão. “Nossa ideia era criar um espaço de conexões, aconchego e paz. Também trabalhar com o lado da magia do encantamento, que levasse de alguma forma os hóspedes a um mundo em que sua imaginação fosse instigada a florescer. Então, lembramo-nos da lenda do Dragão, que se encaixou perfeitamente com o propósito do espaço”, conta Fabiane.

Segundo ela, a família adquiriu o terreno no final de 2008 e iniciou o projeto da pousada, que está em expansão.  Até o momento, são dois chalés em funcionamento e outros dois nos processos finais de implantação. “Os chalés são temáticos, cada um tem a sua essência: Chalé Container, Chalé Carruagem, Chalé Motorhome e Chalé Cristal. Onde a magia acontece e propicia aos hóspedes momentos de experiências únicas em meio à natureza. No espaço também oferecemos aos hóspedes uma trilha para o Morro do Spitzkopf. Um espaço Zen e lagoa, entre outros atrativos”, explica.

Para a empreendedora, a cultura de uma cidade fala muito sobre ela e as pessoas que nela habitam, seus costumes e tradições. “Uma cidade que foi colonizada por alemães e italianos, que aqui criaram suas raízes e que muitas das tradições que trouxeram na bagagem ainda estão presentes nas famílias. Guabiruba tem uma cultura diversificada, acolhedora, hospitaleira e alegre. Portanto, tem muito a agregar para o desenvolvimento do turismo”, acredita. 

Fabiane conta que os hóspedes têm diferentes reações à lenda. “Muitos ficam surpresos, pois nunca imaginaram que algo tão misterioso rondasse por aqui. Alguns sentem-se instigados pela curiosidade, então, abordamos o tema. Também contamos que na época do acontecido, a aparição do dragão foi até destaque de jornal”, completa. 

Montanha Encantada Dragão de Guabiruba 

O empresário e médico do trabalho, Jonas Krischke Sebastiany, também viu na lenda uma oportunidade de negócio e deve inaugurar em breve, no Morro São José, o empreendimento Montanha Encantada Dragão de Guabiruba. 

“Comecei a ouvir falar do Dragão de Guabiruba há mais de 15 anos, quando iniciamos a prática de voo livre no Morro São José. Chamou-me a atenção terem atribuído a queda de um avião, muitos anos atrás, próximo do Bairro Aymoré, a mais uma aparição dele”, conta. 

Dr. Jonas comenta que inicialmente adquiriu terras no Morro São José com a intenção de construir um pequeno rancho para a mãe, que reside em Balneário Camboriú e estava muito isolada em razão da pandemia. 

“Em seguida, caiu outro avião, mais próximo do centro da cidade, surgindo diversos “memes” relacionando esse acidente a mais uma intervenção do nosso querido Dragão. Fui pesquisar no INPI e descobri que poderia registrar o Dragão de Guabiruba em meu nome. Sempre pensei em empreender na área do ecoturismo. Juntei a aquisição do terreno com a titularidade da marca e surgiu a Montanha Encantada Dragão de Guabiruba”, detalha. 

O empreendedor ressalta que trata-se de um projeto para ser implantado em etapas, iniciando com a parte de hospedagem e, em seguida, parte de gastronomia. “É um empreendimento planejado para ter atrações em curto, médio e longo prazo, executado  por uma equipe multidisciplinar, pois nada disso se constrói sozinho”, frisa ele, que tem intenção de inaugurar alguns chalés no local até o final desse ano, dependendo de fatores como disponibilidade de mão de obra, apoio do poder público para as liberações ambientais e das questões climáticas.

Para dr. Jonas, Guabiruba tem duas belíssimas lendas para divulgar – Dragão e Pelznickel, a forte presença das culturas germânica e italiana, belezas naturais incomparáveis, topografia encantadora, poder público competente, empresários batalhadores, população trabalhadora, caprichosa e acolhedora. “Enfim, o cenário ideal para compartilharmos muitas experiências gratificantes com nossos visitantes”, afirma. 

O empresário, que é gaúcho, cita outras características do município, que para ele, são importantes para impulsionar o turismo. “A localização é privilegiada, não apenas no que diz respeito ao relevo, mas também logisticamente: próximo de aeroportos e da BR-101, com rápido acesso a outros polos turísticos, como Blumenau e Balneário Camboriú. Temos um povo ordeiro, orgulhoso da sua origem, agora mesclado com novos imigrantes, que vieram acrescentar diversidade a esse caldeirão cultural, trazer mais formação especializada e capital para a região”, avalia.

Da indústria para o turismo

Como pólo industrial, um dos desafios tanto do Poder Público, quanto dos empreendedores, é desenvolver a cultura turística na população guabirubense. O presidente da Associação Visite Guabiruba (Avigua), Edemilson Nicolau Huber, também acredita na importância de se manter vivas as lendas e tradições, que fazem parte da História do município, para incentivar o turismo. 

“A utilização das lendas e tradições para dar nome aos empreendimentos contribui nesse sentido e se tornam um atrativo a mais para Guabiruba”, avalia.

Para ele, a comunidade já está se preparando para receber os turistas. “Hoje podemos perceber Guabiruba com opções para as pessoas passarem o dia aqui. Segmentos estão se preparando para receber turistas, opções de hospedagem surgindo, estabelecimentos comerciais com horários diferenciados, produtos destinados para turistas. Como sempre falamos, é um trabalho de formiguinha. Somos um povo acolhedor, temos que saber receber e dar opções para que ele saia daqui querendo voltar e levando o nome de Guabiruba para o mundo. E nós da Avigua  buscamos fomentar o turismo sempre, para que em parceria com o poder público, todo o município tire proveito desta fonte de renda, que é o turismo”, completa o presidente.

Para o prefeito Valmir Zirke, o que é de Guabiruba precisa ser preservado e incentivado, sendo o turismo uma ótima ferramenta neste sentido. “Com certeza o fato dos empreendedores utilizarem a lenda do Dragão para seus empreendimentos é muito positivo. Tive oportunidade de conhecer o projeto para o Morro São José e com toda certeza Guabiruba e as pessoas que vêm procurar a cidade só tem a ganhar. Tanto o Dragão, quanto o Pelznickel, são daqui e temos que manter isso para todos conhecerem. O município sempre vai auxiliar naquilo que estiver ao seu alcance para investir em turismo. Antes éramos conhecidos como uma cidade dormitório de Brusque e não somos mais. Temos vários pontos turísticos muito procurados e isso só faz crescer a economia local.

Deixe uma resposta

- Publicidade -
banner2
WhatsAppImage2021-08-16at104018-2
previous arrow
next arrow