Não existe gordo saudável – Por Dr. Jonas K. Sebastiany 

0
216

 

Já inicio revelando que meu IMC é 28,1 (portanto, com sobrepeso, quase obeso). Não conto isso com orgulho, mas para amenizar o policiamento do “politicamente correto”. Nossa sociedade enveredou por um caminho que passou da proteção contra o “bullying” para a romantização de algumas irresponsabilidades humanas. Raríssimas são as circunstâncias em que um indivíduo alimenta-se de forma equilibrada (em qualidade e quantidade), mantém uma rotina de atividades físicas regulares e, ainda assim, encontra-se obeso. Responsabilizar a tireóide ou o nervosismo são formas comuns de terceirizar a culpa e não encarar a necessidade de mudanças no estilo de vida.

Essa semana, assistindo ao BBB-22, ouvi de um participante, visivelmente obeso, dizer que ficava indignado quando alguém dizia que ele não era saudável. Alegou que atuava em espetáculos nos quais dançava durante toda a apresentação e que não tinha qualquer problema de saúde. Detalhe: além de obesa, a subcelebridade é tabagista (também não existe fumante saudável).

- Publicidade i -

É importante esclarecer que, para ser saudável, não basta apenas a ausência de doença! O contexto é muito mais amplo, e também não restringe-se a exames laboratoriais dentro dos limites da normalidade (como vangloriava-se um conhecido apresentador de “talkshow”). 

O obeso, invariavelmente, desencadeará mecanismos adaptativos, desde o ajuste do centro de gravidade até a sobrecarga no retorno venoso dos membros inferiores. Dependendo da gravidade da obesidade, com o passar dos anos, as articulações que sustentam todo esse peso terão um desgaste precoce e dificultarão cada vez mais a realização dos exercícios físicos fundamentais para a liberação de diversos hormônios e até para a regulação do hábito intestinal.

Os índices de obesidade são cada vez mais alarmantes em todo o mundo, chegando a superar o de desnutridos em algumas regiões do planeta. Relativizar o problema, customizando conceitos e usando de eufemismos para amenizar as palavras pode até ser muito diplomático, mas também tem o efeito de “normalizar” (normal e comum são coisas diferentes) a obesidade, fazendo com que a sociedade se adapte a ela e não a enfrente como grave epidemia mundial.

Deixe uma resposta