Além do medo de contrair o novo coronavírus ou ter algum familiar contaminado, os brasileiros temem também o desemprego. No dia 19 de março, muitas empresas do ramo industrial e todo o comércio não essencial tiveram que acatar os decretos municipais e estaduais e paralisar completamente ou, pelo menos, metade de sua produção. A volta gradativa das atividades para muitas pessoas veio acompanhada de uma péssima notícia: o desemprego.
Franciane Abreu de Souza, 37 anos, é costureira e trabalhava em uma empresa de malhas de Guabiruba. O trabalho não foi paralisado completamente durante os decretos, apenas alguns funcionários receberam férias, mas quando retornaram, Franciane e seus 11 colegas receberam uma triste notícia: todos foram demitidos. “Eles nos avisaram que não tinha como manter a gente sem serviço. Ficamos todos sem chão. Fiquei muito abalada, chorei muito. Na verdade, nem estou acreditando ainda. A ficha não caiu”, conta a costureira.
Franciane esteve por cinco anos na empresa. Ela mora no Centro, mas trabalhava no bairro Guabiruba Sul. A redação do Guabiruba Zeitung tentou contato com a empresa de Franciane, mas não obteve retorno até o fechamento da edição.
Guabifios
A Guabifios também busca alternativas para suportar o período de estagnação sem precisar reduzir o número de funcionários, porém Juliano Schumacher, presidente da empresa, prevê tempos difíceis para o setor têxtil do qual grande parte da população em Guabiruba e região sobrevivem.
“Neste primeiro momento, a gente está dando férias para o pessoal, fazendo revezamento de férias, e vamos tentar evitar ao máximo as demissões, mesmo com uma certa ociosidade a gente não pretende demitir. No tocante à retomada, isso vai depender só do mercado, uma coisa maior do que a vontade de cada um. Efetivamente o mercado têxtil como um todo está parado em decorrência do varejo. Enquanto o varejo não tiver movimento, a cadeia têxtil como outras cadeias não se movimentarão. O start da retomada tem que vir da ponta. Quando a ponta começar a dar sinais de melhora, as coisas vão em cadeia”, salienta Schumacher.
O empresário completa evidenciando os tempos difíceis que toda a região deve passar. “Com certeza aqui em Guabiruba vai haver um número significativo de demissões. Aqui é predominantemente têxtil, e muitas prestadoras de serviços como as tecelagens, onde a mão de obra é muito impactante sobre o faturamento, fatalmente deixarão de ter recursos para pagar sua mão de obra e, na sequência imediata, a primeira providência é o desligamento. Isso também se estende às confecções. Então, estou prevendo uma demissão muito significativa da mão de obra aqui em Guabiruba e região. O quadro é gravíssimo, efetivamente nunca vimos, e espero que talvez nunca mais vejamos uma situação similar a essa”, finaliza Schumacher.
Núcleo de Empresários
Maicon Tomasi, presidente do Núcleo de Guabiruba da Associação Empresarial de Brusque e região (ACIBr) acredita que após passar esse período de recessão, mesmo com todos os lados perdendo de alguma forma, todos os setores irão se reerguer.
“A gente está em contato o tempo inteiro com empresas de diversos setores, e a conclusão que chegamos é que ninguém vai sair ileso dessa crise. Todo mundo vai sofrer ao menos um arranhão. O comércio e os setores de eventos são os que provavelmente vão sofrer mais, pois a economia é uma roda. Se um setor para, todo o resto acaba paralisando de uma certa forma também. Isso reflete na indústria, e muitas empresas já tiveram redução de hora de serviço, suspensão de contratos e até demissões. Essas empresas poderiam até continuar produzindo, mas produzir para quem?”, questiona Tomasi.
Diante de toda essa crise, Tomasi vê um crescimento no setor de e-commerce. “Por outro lado, a evolução do setor de e-commerce, o que demoraria a crescer de cinco a dez anos, vai evoluir de forma muito mais rápida. Muitas pessoas que não compravam pela internet, que não pediam comida pela internet ou que não realizavam pagamentos pela internet, tiveram que realizar, assim como muitas empresas tiveram que adaptar as vendas por WhatsApp ou sites, enfim. Quando toda essa crise passar, essas empresas terão um acréscimo de serviço”, pontua Tomasi.
Kohler & Cia
Um dos sócios da empresa Kohler & Cia, Sérgio Kohler, pondera que a empresa está controlando e não pretende reduzir salários nem demitir pessoal, mas que essa posição pode mudar caso a crise recessiva se agrave. “Toda semana nos reunimos e o que foi acordado até então é afastar funcionários acima dos 60 anos ou que se enquadrem no grupo de risco, e não pretendemos demitir nem reduzir salários. Claro que isso depende de como as coisas irão ficar. Tudo vai depender do mercado. Nós dependemos de São Paulo e do Nordeste e temos que aguardar como as coisas irão ocorrer à partir do dia 21”, enfatiza Kohler.
Supermercados Carol: rede em expansão
Os supermercados foi um dos serviços considerados essenciais que não pararam diante do novo Coronavírus. A rede Carol, comandada por Ivan Luiz Tridapalli, o Vavá, vislumbra um crescimento e novas contratações para os próximos meses.
“Nós do Supermercados Carol não pretendemos reduzir o quadro de colaboradores, pelo contrário, estamos terminando a nossa nova loja no bairro Dom Joaquim, [em Brusque] na qual vamos contratar, no mínimo, mais 20 colaboradores. Também para o segundo semestre temos intenção de inaugurar a nossa décima loja no bairro Limeira, para a qual devemos contratar de 35 a 50 novos colaboradores. Acreditamos que com esforço, dedicação e comprometimento de todos os nossos colaboradores, vamos sair dessa crise mais fortes do que entramos nela”, enfatizou Vavá.