Crédito: Istock/Getty Images

Neste mês de setembro o Jornal Guabiruba Zeitung preparou uma série de reportagens sobre temas alusivos à campanha Setembro Amarelo, que busca promover a prevenção do suicídio. Nesta semana, entrevistamos dois médicos psiquiatras de Guabiruba, que esclarecem o que é a depressão, como ela age no corpo do paciente e como as pessoas que estão ao redor podem ajudar quem passa pela doença.

O médico famoso em todo Brasil, Drauzio Varella, define a depressão como “uma doença psiquiátrica crônica e recorrente, que tem como principal característica uma tristeza profunda, sem motivo aparente, além de um sentimento profundo de desesperança”. Diferente de tristeza por motivos específicos como a perda de um ente querido, fim de relacionamentos ou problemas financeiros e profissionais.

A depressão vem como uma apatia completa à vida, como se para a pessoa com a doença não houvesse mais motivos para continuar a viver e fazer coisas comuns do dia a dia, como pentear os cabelos, por exemplo. Sendo este quadro estendido por pelo menos três semanas seguidas. Vale ressaltar que a doença não difere de idade, podendo atingir desde crianças à idosos.

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Durante a campanha Setembro Amarelo, profissionais de saúde intensificam o reforço à necessidade do diagnóstico e tratamento da patologia. O psiquiatra Felipe Ramon Gesser Cardoso, que atende no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS I) de Guabiruba, afirma que os pesquisadores observaram um aumento nos casos de depressão no Brasil, que vão de 21% a 27% da população. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) cerca de 350 milhões de pessoas são diagnosticadas com depressão no mundo.

A doença é grave e pode colaborar para quadros suicidas. “Nós temos estudos epidemiológicos que mostram que cerca de 20% a 40% das pessoas diagnosticadas com depressão já tentaram tirar a própria vida de alguma forma, ou seja, é uma doença que está ligada intimamente com as tentativas e ideias suicidas”, salienta o médico.

O psiquiatra do Centro Médico de Guabiruba, Homero Luiz Alves Gastal, afirma que o suicídio é uma das principais causas de morte entre os jovens. “Esse resultado brutal, o suicídio, é muito frequente em vários outros problemas psiquiátricos, como alcoolismo, esquizofrenia, entre outros. Hoje, no mundo, é a segunda causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. Morre mais gente anualmente no mundo de suicídio, do que a soma de mortes em guerra e crimes nas cidades. E o que fazer para se mudar isso? Identificar o problema e tratar”, ressalta o médico.

Como se comporta uma pessoa deprimida?
Bom, é comum ouvirmos algumas expressões como “tal pessoa está deprimida, pois perdeu o pai recentemente”. Durante a vida, momentos de tristeza são comuns e se sentir triste ou abatido com as dificuldades também é normal. Porém, para alguém com depressão, mesmo que coisas boas aconteçam ela não se sente feliz nem motivada e isso se estende por muito tempo.

O psiquiatra Felipe Cardoso salienta que os quadros depressivos diferem um do outro, algumas pessoas se tornam mais impulsivas, outras dormem de mais ou ficam com insônia. Alguns desenvolvem episódios de anorexia, outros comem demais. “São pacientes que têm alterações neurocognitivas, relacionados à concentração e memória, acabam tendo mais dificuldades para gravar informações. E em casos mais graves os pacientes podem apresentar certa psicose como ver vultos e ouvir vozes que não existem, isso em casos mais graves e avançados da doença”, explica.

O psiquiatra salienta ainda que pessoas com graus mais avançados da doença, que apresentam sintomas de psicose, por exemplo, devem ser encaminhadas com urgência a um médico psiquiatra, para que o quadro não evolua e leve o paciente a tentativas ou idealizações suicidas.

Um olhar sem julgamento
O médico psiquiatra Homero Luiz Alves Gastal explica que para ajudar uma pessoa com depressão o primeiro passo é estar livre de julgamentos. “A face, o jeito da pessoa, sua interação com os outros muda notavelmente estando em um estado de depressão. A pessoa começa a não funcionar como antes, seja em casa, na comunidade e no trabalho; deixa de ser ativa. Qualquer pessoa pode sofrer durante a vida dum episódio depressivo, por isso a importância de se exercer a empatia”, salienta o médico.

O psiquiatra Felipe Ramon Gesser Cardoso enfatiza que é importante que os familiares estejam atentos aos sintomas como perda ou aumento de peso repentino, alteração no sono dentre outros, principalmente nas crianças. “Vale ressaltar que temos sempre que dar valor as idealizações ou tentativas de suicídio. Os sintomas também precisam ser levados à sério, as pessoas com depressão de fato não conseguem seguir com suas rotinas, então não são pessoas preguiçosas ou ‘malandras’ como a gente ouve e sim pessoas que precisam de ajuda médica psiquiátrica e de todo apoio familiar”, afirma o médico.

Por: Grazielle Guimarães / jornalismo@guabirubazeitung.com.br

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