Taiana Eberle/ Ideia Comunicação

O Núcleo das Instituições Educacionais da Associação Empresarial de Brusque (ACIBr) realizou na quarta-feira, 7 de agosto, dois importantes momentos de reflexão sobre os impactos e a influência da internet, em especial as redes sociais, na vida dos jovens. Ministrados pelo professor e consultor de comunicação digital, Moisés ‘Béio’ Cardoso, os três encontros foram direcionados e trouxeram palestras para estudantes, professores, educadores e pais.

No período da manhã mais de mil alunos do nono ano e do ensino médio, das unidades de ensino que integram o Núcleo, participaram da palestra ‘Influenciadores digitais e a exposição compartilhada’.

Segundo o palestrante, dados do IBGE, da última Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (PNAD), indica que 97% da população acessa a web via mobile, onde os primeiros contatos de conexão dos jovens são justamente com o celular. Além disso, conforme Cardoso, atualmente o digital é uma continuidade, já que se está on-line o tempo todo e tudo o que é feito ali reflete automaticamente o que acontece na vida real.

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“Se em uma geração passada a inconsequência da juventude era na rua, hoje podemos dizer que a inconsequência do jovem do ano 2020 é digital. E principalmente porque na web temos uma característica diferente: ela nunca esquece das histórias, o digital não apaga e é rememorado de tempos em tempos. Por isso que essa temática é importante para nos precavermos de coisas pequenas e básicas, para não gerar uma dor de cabeça e uma questão constrangedora. Pelo fato de serem mais novos, não terem uma bagagem de vida, muitas vezes os jovens poderão cometer atos que mais tarde poderão se arrepender, por isso a importância da orientação”, destacou.

Outro tema abordado pelo consultor foi referente ao bullying, que antigamente era mais intenso, de forma física e, nos dias de hoje acontece o tempo todo, digitalmente, sem a necessidade de contato físico.

“O raio de atuação do bullying hoje é muito maior. Em contrapartida os pais e educadores têm mais consciência dessa problemática, o que antigamente, em gerações anteriores não havia, e muitas vezes era tratado como uma brincadeira, além de termos sistemas para denunciar e tratar esse mal. Ele é algo não desapareceu, se intensificou, mas hoje ele é reconhecido e tratado. E esse talvez seja um avanço para minimizarmos esse problema”, pontuou.

Jogos e reações
Outra problemática abordada foi em relação aos jogos, em especial os eletrônicos. Se, em gerações passadas era possível pausar uma disputa, atualmente com os jogos on-line não ocorre, o que, de acordo com Cardoso, desperta cada vez mais o senso de urgência e emergência entre os jovens, em relação ao imediatismo. “Isso desencadeia algo chamado ‘nowismo’, que é o agora, intensificado muito mais. A criança, imersa nessa conectividade digital, sente o presente muito mais do que um adulto, com uma conexão mais baixa. E isso gera ansiedade, frustação”, considera.

Para o especialista, a questão do ‘retorno’ também se enquadra nesse processo, já que a cultura do ‘feed back’ que foi trabalhada com as gerações passadas, é algo que uma criança hoje recebe, em tempo real. “A diferença é que um adulto sabe lidar com esse feed back, a criança não. Ela não sabe lidar ainda com uma resposta negativa, com postagens que não são curtidas, ou que ganham um ‘deslike’, de forma negativa. Como uma criança se prepara para isso? Não tem como e ela sofre efeitos que outras gerações levaram um tempo muito maior para se preparar a lidar”, acrescenta Cardoso.

Pais e o monitoramento
Já no período da noite, foi a vez dos pais conferirem a palestra sobre ‘Privacidade de dados e como proteger os filhos dos perigos da internet’. Com a presença de 130 pessoas, pais, mães, e demais familiares ouviram na oportunidade dicas e orientações a respeito do tema.

No encontro Cardoso ressaltou a atitude das próprias famílias e a exposição que muitos pais dão aos filhos desde o nascimento, o primeiro banho da criança, ou criam um perfil no Instagram do bebê, o que acarreta em uma grande exposição, sem saber até onde ou a quem as postagens vão chegar.

“Além disso, quando a criança muitas vezes acessa a internet é por meio de aparelhos dos pais, que estão logados em características digitais voltadas para um perfil de adulto. Ou seja, quando uma criança acesse pelo perfil dos pais um canal no youtube, ela estará exposta a uma publicidade que muitas vezes não é pertinente a ela. Os pais nem sempre se dão conta disso, em especial quando falamos do WhatsApp”.

“Em todas as redes sociais consigo olhar, monitorar, mensurar, mas o Whats App é uma caixa de ‘pandora’, pois não sabemos o que acontece ali. Ou seja, não temos essas informações. Prova disso foram as últimas eleições, onde tivemos um presidente eleito, por uma força oculta disseminada dentro do Whats App, trabalhada desde 2014. Ou seja, as pessoas conseguem se articular muito bem nesse canal, o que os pais muitas vezes não se dão conta”, completou.

Entre as dicas para os pais, o palestrante orientou a fazer sempre o login das contas, ativar no Whats App a segurança em duas etapas, e conversar com os filhos. “Se antes, o castigo era ficar em casa, porque na rua o filho estava ‘desprotegido’, hoje, dentro do quarto, ele continua desprotegido, porque o perigo é digital e está na palma da mão das crianças. Estabelecer horários, ter um diálogo aberto e principalmente cultivar essa integração familiar, e não o isolamento digital, é fundamental”, complementou.

Reflexão
Para o coordenador do Núcleo, Otto Hermann Grimm, poder discutir o tema em vários espaços, com diferentes públicos e, em prol da educação e do desenvolvimento humano foi extremamente positivo.

“Sem dúvida é um tema muito importante e, diante da proporção de muitas ações que estão sendo tomadas hoje pelos jovens, e adultos também, em atitudes impulsivas e impensadas, seja para se divulgar seu trabalho, se apresentar para a sociedade, ou ganhar espaço nas mídias. Como trabalhamos com a formação de alunos nos compete também mostrar a eles como trabalhar com essas mídias, mas com responsabilidade, fazendo com que aquilo com que eles se dedicam, em termos de divulgação, seja de forma pró-ativa, positiva. É um tema recorrente do nosso dia a dia e a formação é essencial para alunos terem esse conhecimento”, declarou.

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