Esta edição é especial, pois foi escrita em parceria com a terapeuta integrativa Camila. Como a temática da vez é a ansiedade, a percepção dela traz mais consciência de como esta emoção tem tomado conta das pessoas, inclusive, minha motivação para escrever sobre o tema é porque atualmente o Brasil é considerado o país com mais pessoas ansiosas no mundo.
E “coincidentemente” neste ano tivemos o lançamento de Divertida Mente 2, que foi o maior sucesso de bilheteria no Brasil, e a animação de maior bilheteria no mundo. Seria apenas pela belíssima arte? Dúvido. O tema certamente envolveu as pessoas. Afinal, na história a ansiedade toma conta do pedaço. E quem não vive esta realidade hoje? As causas? São inúmeras. Tão diversas quanto as realidades das pessoas.
Mas certamente temos alguns catalisadores desta onda de ansiedade que assola o país e o mundo. Mas calma, não trago estas informações para gerar alarde ou neuras. Mas para informar, conscientizar e tornar este assunto leve e sem tabus, para que possamos ter mais coragem e liberdade para falar sobre eles em família e com os amigos. E não, não me refiro a falar sobre isto de forma banal, como se fosse a doença do século, e que né, não há o que fazer, “apenas suportar”. Me refiro a tomar consciência para saber que isto está sim acontecendo com mais intensidade, com mais e mais pessoas e que você não está sozinha.
Sabe, como já disse inúmeras vezes aqui, o que me instiga é a curiosidade. E nada melhor para saber, do que perguntar. Sim, as perguntas fazem as respostas brotarem do nosso íntimo, por isto, lhes pergunto: porque será que a ansiedade está tomando conta de todos? Quais as causas você enxerga? E como pode fazer para suavizar os impactos dela em sua vida? Reflita e logo eu volto, mas agora deixo vocês com as palavras da Camila (instagram @camila.terapeutaintegrativa) sobre o tema:
A hiperconexão nas redes sociais, fenômeno que se intensificou com o avanço da tecnologia e a popularização dos dispositivos móveis, traz uma série de implicações psicológicas que merecem atenção. Este estado de constante conectividade, que deveria facilitar a interação humana, paradoxalmente tem contribuído para o aumento da ansiedade e uma profunda desconexão do eu.
Em um mundo onde o acesso à informação e à comunicação é instantâneo, a pressão para estar sempre presente e disponível nas redes sociais gera um ciclo de expectativa e comparação. As redes sociais se tornaram vitrines de vida, onde momentos cuidadosamente selecionados (muitas vezes produzidos) são exibidos, levando os usuários a se sentirem inadequados e inseguros em relação à sua própria realidade.
O “efeito de comparação social” é potencializado, levando a uma constante necessidade de validação externa, que se traduz em likes e comentários. Esse cenário pode causar uma ansiedade generalizada, à medida que o indivíduo se sente obrigado a manter uma imagem idealizada, muitas vezes distante de sua verdadeira essência.
Além disso, a hiperconexão pode criar um ambiente propício para a solidão.
Paradoxalmente, mesmo rodeados por amigos virtuais e interações digitais, muitas pessoas sentem-se isoladas e desconectadas. A falta de interações face a face e a superficialidade das relações online contribuem para um sentimento de alienação. Esse estado de desconexão com os outros acaba se refletindo em uma desconexão ainda mais profunda com o próprio eu. A autopercepção e a autoimagem se tornam distorcidas, e muitos se veem tentando encaixar-se em moldes que não correspondem à sua verdadeira identidade.
A ansiedade, se manifesta como uma resposta emocional a essa insustentável pressão social. A necessidade de estar sempre “ligado” e atualizado pode levar a um estado de hipervigilância, onde o indivíduo se sente constantemente em alerta, temendo perder algo relevante ou ser excluído. Essa constante busca por aprovação e reconhecimento pode resultar em um ciclo vicioso de estresse e insatisfação, dificultando a capacidade de desfrutar do momento presente e de se conectar de maneira autêntica consigo mesmo.
Para reverter esse quadro, é essencial promover uma conscientização sobre a relação que temos com as redes sociais. Práticas como a desconexão deliberada, momentos de silêncio digital e o cultivo de relacionamentos significativos fora do ambiente virtual podem ser passos fundamentais. Além disso, práticas de mindfulness e autocuidado, como meditação e exercícios físicos, podem facilitar a reconexão com o eu interior. A chave está em reconhecer que estar presente para si mesmo é tão valioso quanto estar presente para os outros.
Devido a tamanha e profunda reflexão do tema que a Camila nos proporcionou, sinto de voltar na próxima edição, para então partilhar com vocês como integrar mais harmonia em nossos ambientes, a fim de criar um lar que inspira paz, nos dando este suporte para lidar com mais leveza e bem estar no dia a dia. Até breve!