Os diferentes impactos da Covid-19 na economia guabirubense

Alguns empreenderam, outros sofreram enorme prejuízo e há ainda os que aumentaram as vendas

0
410

Há diferentes formas de analisar o impacto da Pandemia do novo Coronavírus (Covid-19) em Guabiruba. Enquanto muitas empresas sofreram quedas no número de clientes e na arrecadação, outras nasceram em meio ao caos econômico e social, causado por um vírus que mudou a forma como vínhamos vivendo.

Para a Escola Sucesso, coordenada por Maicon Tomasi, o impacto da pandemia foi negativo, com a queda de aproximadamente 40% no número de clientes e novas vendas. “Como os decretos de fechamento iniciaram em meados de março, e esta é a época em que as pessoas estão mais propensas a iniciarem cursos, nós fomos muito afetados. E muitos que estavam finalizando algum curso evitaram começar outros novos, então levaremos mais tempo para nos recuperarmos. Para cumprir os decretos, ficamos mais de 60 dias fechados e ainda estamos trabalhando com limitações de capacidade, idade e de horários”, explica Tomasi.

Para evitar o aumento dos prejuízos, o empresário salienta que foi necessário investir em marketing e em novos atrativos focados em pequenas empresas. “Adicionamos novos serviços, desenvolvimento de sites e lojas virtuais, manutenção de computadores, recarga de cartuchos, venda de sistemas e consultoria para pequenas empresas. Muito marketing e, claro, nos aproximamos ainda mais das empresas de Guabiruba, as quais sempre nos apoiaram contratando nossos alunos, agora também abriram as portas para que pudéssemos mostrar nosso trabalho a seus colaboradores”, salienta.

- Publicidade i -

Além das dificuldades, Maicon Tomasi reconhece o avanço da marca em Guabiruba. “Apesar de tudo isso, a gente ainda se vê como prestador de serviço para as pessoas de Guabiruba, formando mão de obra. A gente vê que tem uma importância e sabe que conforme os números de infectados vão diminuindo e os decretos vão tendo uma liberação um pouco maior, vai existir uma demanda para que a gente possa trabalhar novamente”, ressalta.

Para Willian Ricardo Fischer, proprietário da Mecânica Automotiva Industrial Fischer, o efeito da pandemia foi ao contrário do que ocorreu com Maicon Tomasi. O número de clientes aumentou, pois ao invés de trocar de carro, muitas pessoas preferiram manter o atual e, com isso, realizar mais manutenções. “Não chegamos a fechar, porém antes da pandemia tínhamos dado uma reformada na oficina. Fiquei preocupado por que o número de clientes decaiu drasticamente, mas graças a pandemia nosso serviço aumentou. Difícil passarmos por mais de um ou dois dias sem serviço. Sempre estamos lotados, graças a Deus”, avalia.

Por conta da pandemia, algumas mudanças no atendimento foram necessárias, principalmente relacionada à limpeza dos veículos e ambientes. “Nós aqui da oficina sempre entregávamos os carros parcialmente limpos por fora. Com a pandemia, entregamos o veículo inteiramente limpo, tanto por dentro como por fora. O veículo entra sujo e sai impecável, tapetes limpos, aspirado por dentro e também limpinho por fora. Já é um diferencial. Junto disso, sempre entregamos o veículo inteiramente higienizado com álcool 70% e sempre que vou fazer a entrega de algum carro uso luvas descartáveis”, explica.

Inovação em meio à pandemia

Para algumas pessoas a pandemia trouxe a coragem de inovar. Foi o caso dos irmãos Djúlia Dirschnabel Seubert e Doglas Dirschnabel que em janeiro deste ano tiveram a ideia de abrir o seu próprio negócio. “Nosso intuito foi abrir uma agropecuária no bairro Aymoré, tendo rações de cachorro, gado, ovinos, caprinos, suínos, peixes entre diversos acessórios e utilidades”, explicam os irmãos. 

Os empresários completam afirmando que “quando começou a ter grande impacto da Covid-19, já estávamos com 50% das mercadorias na loja. Optamos em continuar com a ideia, porém ficamos um tanto apreensivos com os casos aqui da região”, afirmam.

Ainda assim, eles decidiram, com todas as medidas de segurança recomendadas, continuar com o projeto. “Optamos em  abrir dia 1° de maio, com todos os cuidados possíveis para não haver contágio do vírus. Continuamos firmes na luta com o uso de máscara, álcool em gel e toda higiene necessária. Seguimos confiantes e na expectativa que consigam a cura para essa doença que já acarretou em grandes perdas para muitas famílias”, finalizam.

Já para a Dois Amores Contraturno Escolar, a pandemia se tornou um grande impeditivo para a abertura do educandário. Por conta da suspensão das aulas e até mesmo a proibição de atendimentos individuais, como conta a diretora da instituição, Elaine Cristina Moser Lepeck.

“A nossa programação era abrir em julho de 2020, então não chegamos a inaugurar a escola, pois em março já paralisou tudo. A gente estava bem no começo da nossa reforma, iniciada em fevereiro, mas estávamos com esperança de que tudo iria se resolver e que poderíamos abrir em julho”, pontua. “Hoje, temos o contato de muitos interessados, tenho lista de espera para quando liberar. Estamos com espaço pronto para abrir, porém não estamos conseguindo por causa da não liberação. Já tentei liberar pelo menos o apoio pedagógico aqui no município, para que eu pudesse atender individualmente às crianças, mas não consegui”, enfatiza Elaine. 

Com a proibição completa da educação presencial no município, o prejuízo do educandário, que ainda nem abriu, é enorme. “A gente se sente muito prejudicado com essa pandemia toda, porque tínhamos a expectativa de abrir em julho com colônia de férias, uma quinzena bem diferente para as crianças e saiu da nossa programação e agora estamos no aguardo e esperamos a liberação para poder abrir com tudo, pois nosso espaço é muito legal, muito bacana. A gente tem certeza que os pais e as crianças vão amar”, frisa.

Feito em Guabiruba

A pandemia fez com que os empresários se unissem para que os guabirubenses pudessem valorizar o comércio e serviços prestados no município, assim nasceu a Feito em Guabiruba, uma ação que evidencia os empresários locais, e foi idealizada por Elivelton Reichert, Aline Nayara Habitzreuter, Lais Dalagnoll e Taina Baron.

“De modo geral o Feito Em Guabiruba já era um projeto que eu tinha em mente, um lugar que a gente pudesse reunir informações de onde encontrar os produtos locais, baseado nos próprios produtores locais, para que a gente pudesse criar esse hábito e consumir o que é produzido aqui em Guabiruba”, destaca Elivelton Reichert.

De acordo com Elivelton Reichert a pesquisa foi realizada por e-mail e reforçada pelo WhatsApp. Dos mais de 60 parceiros, 25 responderam e, com base nisso, o grupo realizou uma pesquisa que mostra o cuidado e preocupação dos empresários guabirubenses com a saúde e as atuais regras sanitárias.

“Todos os estabelecimentos entrevistados mostraram que oferecem álcool em gel aos seus clientes e também cobram o uso da máscara por todos que frequentam os estabelecimentos. A maioria dos entrevistados afirmam que não houve impacto da Covid-19 nas suas vendas, seguido pelo impacto negativo da pandemia. Mas o número de clientes foi amplamente afetado, segundo o gráfico apontado na pesquisa”, explica um Elivelton.

Dos 25 empresários que responderam a pesquisa, a grande maioria oferecem atendimento pelas redes sociais, sendo o WhatsApp o meio mais utilizado.

Deixe uma resposta