Desde o ataque à creche, que deixou quatro crianças mortas em Blumenau, iniciaram em Guabiruba e nas demais cidades do Estado discussões sobre como melhorar a segurança das escolas. Cresceram os debates, mas cresceu ainda mais a insegurança dos pais em deixar seus filhos nos ambientes escolares, justamente por todos compartilharem o mesmo desejo: ver os filhos crescerem em segurança.
Na tarde de segunda-feira (10), as autoridades do município se reuniram para tomar as medidas de segurança nas escolas da cidade. Na ocasião, o secretário de educação Alfred Nagel enfatizou que as todas as escolas já possuem sistema de câmeras e portão eletrônico, bem como, a maioria possui interfone com câmeras e muros altos.
No encontro foram definidas as seguintes providências: aumentar muros e grades nas escolas; intensificar o controle de acesso (entrada e saída) de pessoas nas unidades de ensino; instalar interfone com câmera nas escolas que ainda não têm; intensificar a ronda da polícia militar nas unidades escolares.
O prefeito Valmir Zirke participou de reunião com a Associação de Municípios do Vale Europeu (AMVE) para tomar decisões em conjunto com os 14 municípios da região, em relação à contratação de segurança profissional para as escolas. “Com a associação, através de um consórcio, possuímos um processo licitatório e teremos rapidez na contratação de seguranças profissionais para as escolas”, afirma.
Insegurança
Jackson José Bretzke tem um filho de um ano, que frequenta uma creche municipal em Guabiruba. Ele e dezenas de outros pais, alunos e professores foram à sessão da Câmara de Vereadores na terça-feira (11), para reivindicar mais segurança nas escolas e creches da cidade.
Jackson espera que as ações definidas no momento pelo Poder Público tragam mais segurança para as crianças e confiança dos pais em deixar seus filhos nas escolas.
“Esperamos que resolva. Aumentar muros e instalar cerca elétrica, colocar policiais armados nas creches, porque não vamos esperar acontecer outra tragédia. Só câmera de segurança não vai adiantar. Depois de acontecer outra tragédia não adianta. Vamos esperar que resolvam”, desabafa.
Ele conta que o sentimento é de tristeza pelo fato ocorrido em Blumenau na semana anterior. “Somos pais e nos colocamos no lugar daqueles que passaram por aquela situação. Não sabemos como reagiríamos, só quem passa sabe”, destaca.
Com o filho na creche, na tarde do ataque (quarta-feira, dia 5), o pai conta que foi buscar a criança imediatamente quando soube do incidente. Na terça-feira (11), ele e a esposa ainda não estavam confortáveis em levar o filho para a creche.
Taniel Barbosa, empresário e pintor, diz que recebeu a notícia da tragédia e também foi buscar a filha de dois anos na creche imediatamente. “Foi um choque, não sei como descrever. Fomos o mais rápido possível buscar a nossa filha e ver que estava em segurança. Não temos confiança em levar ela novamente. Desde então, tem ficado em casa com a mãe, que está na gestação de um menino. Só de pensar minha esposa fica com medo”, relata.
Ele comenta que as ações tomadas pelo Poder Público não devem resolver a questão da segurança. “Acredito que enquanto não tiver uma guarda armada ou vigilante, pelo menos para nós, não vamos ter confiança. Acredito que muro, câmera e interfone não são suficientes”, opina.
A estilista Jéssica Pereira também reivindica segurança nas escolas da cidade, pois tem uma filha em idade escolar. “É bem complicado. Hoje eu preciso da minha filha na escola e sei que ela precisa também. E é um lugar que eu não sinto mais segurança. Meio período ela fica com a minha mãe e no outro frequenta a creche, no Imigrantes”, relata.
“Hoje a gente chega lá e vê que se bobear uma criança consegue subir na cerca” , acrescenta Jéssica. Ela também comenta sobre os pronunciamentos dos vereadores na tribuna. “A gente fica triste. É um momento para eles buscarem uma solução, e, no fim, eles falam sobre o que aconteceu. O que a gente já sabe. Precisamos saber o que vai acontecer daqui em diante”, questiona.
Jéssica diz que os pais precisam reivindicar uma solução, mas que pelo visto não vai dar em nada. “A parte estrutural a gente sabe que não vai ser semana que vem. Vai demorar. Para trocar um ventilador, a gente sabe o tempo que leva. De imediato eu me sentiria mais tranquila em saber que tem uma pessoa responsável pela segurança da escola. Sei que só a pessoa não vai impedir algum problema, mas consegue diminuir a ação. Eu me sentiria mais tranquila com um segurança na escola em que minha filha frequenta”, conclui.
Caroline Leoni Schaefer, mãe e professora, acredita que as ações pensadas sobre a segurança podem amenizar o problema, mas o que a preocupa é o tempo que vai levar para que sejam colocadas em prática.
“Como mãe, é uma preocupação ter de entregar meu filho na escola. Não tenho mais o pensamento de que entrego meu filho para que ele aprenda. Estou aflita. Preocupada. Vim aqui junto com outros pais para que tenham um olhar mais cuidadoso com a questão da segurança na escola. Sei que não é da noite para o dia. Mas essa falta de segurança já tem bastante tempo. E o que vai ser feito? Acho que vão esperar acontecer algo para poder agir. Eu saio da Câmara bem insatisfeita com a resposta. Vou aguardar uma resposta definitiva para a falta de segurança nas nossas escolas”, lamenta.
“Antes desse acontecido, na escola que meu filho frequenta, desde o ano passado eu percebo a falta de segurança. Desde o ano passado que eu venho conversando com a direção da escola. O portão não estava sendo fechado. Nunca vi nada, mas penso que pode acontecer se não fecharem o portão”, completa.