Apesar de muitas entidades carregarem o nome de Brusque, elas atendem também Guabiruba e demais municípios da região. Uma delas é o Observatório Social, que completou recentemente dez anos e tem entre sua principal função contribuir para a melhoria da gestão pública. Sua atuação é em favor da transparência e da qualidade na aplicação dos recursos públicos.
A entidade é formada por empresários, profissionais, professores, estudantes, funcionários públicos (exceto os que integrem a esfera de atuação do observatório específico) e outros cidadãos que, voluntariamente, entregam-se à causa.
Atualmente, o Observatório Social de Brusque – OSB tem como presidente Claudemir Marcolla, 33 anos, que participa da entidade desde 2016 e nesta edição do Guabiruba Zeitung fala sobre a atuação do órgão no município.
Guabiruba Zeitung: O que lhe motivou a ingressar no OS? –
Claudemir Marcolla: Minha irmã mais nova estagiava no OSB Brusque quando ficou sabendo que precisavam de um coordenador administrativo, e me indicou. Eu lecionava na universidade e tinha algum tempo livre durante o dia. Conversei com o Evandro Gevaerd e tive amor à primeira vista pela Instituição, cujo compromisso e propósito estavam alinhados com os meus. Dali pra frente, me aprofundei cada vez mais nas atividades e cotidiano do OSB Brusque. Em 2019 fui convidado a assumir a Presidência representando a CDL de Brusque, onde sou Executivo. A CDL é uma das 11 entidades fundadoras do Observatório Social.
GZ: Quais as principais ações nesses dez anos de OS?
CM: Temos alguns programas que sustentam nossos princípios, são eles: Educação Fiscal por intermédio dos Programas Observador Social Mirim, Contação de Histórias, Plantando uma semente do bem e OAB vai à escola com OSB Brusque; Monitoramento de Obras, que evoluiu muito de uns anos para cá, onde um consultor técnico de nossa equipe acompanha as obras públicas e emite relatórios técnicos para o OSB e para o Gestor Público, ou seja, um parecer independente de como estão ocorrendo algumas obras de Brusque, Botuverá e Guabiruba; Licitações, onde além de monitorar os editais, acompanhamos o processo como um todo, desde a formatação até a entrega dos produtos, e muitas vezes contribuímos com melhorias para auxiliar o poder público. Ainda em licitações, auxiliamos entidades a efetuarem suas compras por intermédio de processos licitatórios, onde garantem um preço justo e um processo transparente, e ainda, elaboramos alguns workshops para estimular nossos empresários a participar de licitações locais para que os recursos fiquem em nossa região e o Portal da Transparência: efetuamos constantemente pesquisas dos portais da transparência para comparar o desempenho dos números de nossa região com outras, e para levar ao conhecimento de nossa população o quanto, como e onde são investidos nossos impostos a nível Municipal, claro.
GZ: Quais as últimas atuações do OS em Guabiruba?
CM: Monitoramento de Obras: Obra de pavimentação e drenagem da rua Prefeito Carlos Boos; Nova Policlínica; Pavimentação e drenagem da rua Guabiruba Sul. Além disso executamos o programa de Educação Fiscal e Cidadã: Contação de Histórias Infantis Virtual Mensal onde a rede municipal de ensino autorizou e as escolas transmitiram. Algumas ao vivo e outras remotamente.
GZ: Teve algum trabalho da entidade em Guabiruba que foi mais emblemático?
CM: Alguns, mas o que mais me tocou foi a abertura para o projeto piloto do Observador Social Mirim (nosso programa de Educação Fiscal) no município de Guabiruba. Era 2016 e tivemos dificuldades de implantar em Brusque naquele momento, e Guabiruba abraçou o projeto, que posteriormente foi implantado em Brusque e hoje está sendo implantado em diversos municípios do Brasil.
GZ: Tem algum voluntário da entidade que seja guabirubense?
CM: Muitos acadêmicos de Guabiruba já contribuíram com projetos do OSB Brusque em parceria com as Universidades, sendo voluntários por um determinado período. Hoje, temos um educador fiscal, chamado Felipe Gonçalves do Nascimento, que contribui na aplicação do Programa Observador Social Mirim em Brusque, Botuverá e Guabiruba.
GZ: Como funciona o trabalho do OS? O que é necessário fazer para ser um voluntário?
CM: Em Brusque, somos formados por uma Diretoria Executiva voluntária eleita a cada dois anos e com chapa indicada pelas 11 entidades fundadoras. Além da diretoria, possuímos equipe de consultores, estagiários e voluntários para a execução de todos os trabalhos citados anteriormente.
Pessoas que querem contribuir de alguma maneira para com o monitoramento do dinheiro público, entender como funcionam os gastos públicos, fazer pesquisas e comparativos, podem e devem fazer parte de um Observatório Social. Somos mais de 2 mil voluntários, distribuídos em 140 cidades e em 17 Estados. O único impeditivo é que o candidato a voluntário não pode ter vínculo político-partidário, para que possamos manter nossa isenção operacional e estratégica.
GZ: Que outros aspectos gostaria de destacar?
CM: Apenas destacar que em Brusque o Observatório Social nasceu por parte do saudoso Nelson Zen Filho, o Tato, que trouxe a ideia do Observatório Social após ter visto um flyer do Observatório de Itajaí. Ele juntou 11 Entidades da cidade e deu início a este projeto maravilhoso.
Temos como compromisso desde o início, de acreditar nos gestores públicos e informá-los sempre que encontramos alguma fragilidade no sistema, pois não queremos apontar o dedo para ninguém, apenas queremos uma gestão pública mais eficiente e benéfica para a coletividade. Foi com esta postura que chegamos aos 10 anos e é assim que pretendemos agir nas próximas décadas, com respeito.
Saiba mais
As unidades dos OSB (municipais e estaduais) são organizadas em rede, coordenada pelo Observatório Social do Brasil (OSB) – instituição não governamental, sem fins lucrativos, disseminadora de uma metodologia padronizada
O OSB promove a capacitação e oferece suporte técnico aos OS, além de estabelecer as parcerias estaduais e nacionais para o melhor desempenho das ações locais.
Os observatórios sociais chancelados pelo OSB já estão presentes em 150 cidades de 17 Estados brasileiros.
São mais de 3.500 voluntários trabalhando pela causa da justiça social nos Observatórios Sociais pelo Brasil afora.
Estima-se que entre 2013 e 2019, com a contribuição desses voluntários, houve uma economia superior a R$ 4 bilhões para os cofres municipais. E a cada ano milhões do dinheiro público deixam de ser desviados ou desperdiçados nos municípios onde o OSB está presente.
O mais importante não são os números! É a nova cultura que está se formando: da participação do cidadão de olho no dinheiro público.