A edição 550 do Guabiruba Zeitung traz a última entrevista da série com os três candidatos a prefeito de Guabiruba nas eleições de 2020. O entrevistado desta semana é Marcos Aurélio Habitzreuter (PL), que tem Jorge Luiz Ponchirolli (PL) como candidato a vice.
Habitzreuter nasceu em 13 de junho de 1973, em Brusque, é casado e pai de três filhas. Advogado há 21 anos, tem um escritório de advocacia desde 2010 em Guabiruba, cidade onde vive há 14 anos.
O primeiro contato com a política foi na adolescência, através da campanha de um professor. Habitzreuter concorreu ao cargo de vereador em quatro ocasiões: em 1992, 1996, 2000 e 2016, sendo as três primeiras em Brusque e a última em Guabiruba.
O advogado atuou também como assessor jurídico da Prefeitura de Guabiruba de 2013 a 2017.
Guabiruba Zeitung: Por que você quer ser o próximo prefeito de Guabiruba?
Marcos Habitzreuter: Eu me sinto capacitado para assumir o cargo de prefeito, com condições de assumir essa responsabilidade perante a comunidade guabirubense. Desde muito jovem participo, acompanho, estudo política, tento entender muito o que se passa dentro de órgãos públicos para um dia poder chegar e exercer com capacidade e responsabilidade um cargo público. Hoje me sinto no momento certo para poder fazer parte da história de uma cidade tão querida como Guabiruba.
GZ: Quais serão as suas prioridades na administração caso eleito?
MH: Pretendo fazer um trabalho voltado às pessoas e não a obras. E quando eu falo em trabalho voltado a pessoas podem pensar que estamos deixando de lado outras ações necessárias, como a construção de estradas, pavimentações, mas não seria isso. A gente pretende fazer um trabalho analisando as pequenas coisas também. Obviamente que obras vão acontecer, são necessárias, a gente até apresenta no plano de governo algumas situações. Uma delas é o hospital municipal, outra é um parque, que entendemos ser necessário, principalmente para as pessoas, para as famílias fazerem uso e até para quem vem de fora poder aproveitar os nossos espaços. Eu sei que não é competência do município, do prefeito, mas a questão (da reforma) da Escola João Boos é um dos compromissos que a gente assume desde já: de fomentar e trazer recursos para que se resolva de uma vez por todas essa situação que está pendente. Volto a dizer: sei que não é responsabilidade do município, é do Estado de Santa Catarina, mas é dever do gestor municipal resolver essas questões que muitas vezes não estão sob sua competência.
GZ: Quais serão as ações iniciais que o candidato pretende adotar para viabilizar a construção de um hospital municipal?
MH: Num primeiro momento, fazer um estudo bem completo sobre a situação da saúde do município. Ver o que se gasta com os postos de saúde, policlínica, ver o que está sendo transferido de verbas para a Associação Hospitalar, levantar o custo do quadro de pessoal e o que toda essa estrutura vem custando hoje. Feito isso, começar a fazer um estudo de local, viabilidade de imóvel, de edificação, as condições financeiras, a questão orçamentária. É uma necessidade muito grande a gente entrar na prefeitura, ver o que tem de dinheiro disponível, o que consegue enxugar ou readequar para que sobre recursos e com isso se consiga levar a efeito a construção de um hospital. Temos que levar também em consideração a situação do Hospital Azambuja, que vem prestando um serviço ao município. Temos a nossa cota de responsabilidade perante aquela entidade, que nos atende muito bem, apesar de ser um atendimento via SUS, mas ela precisa de apoio, não é um hospital que se toca sozinho, então precisamos tomar ciência de tudo que vem ocorrendo dentro da questão financeira, até mesmo da adequação de espaço para a construção de um imóvel, para depois, realmente, aplicar nessa construção. Acredito que não podemos viver reféns de Brusque para o resto da vida, uma hora a gente tem que tocar neste assunto e começar a resolver essa situação, trazer uma solução para esse problema que a comunidade enfrenta, de deslocamento, de não possuir na cidade um atendimento adequado para determinados tratamentos de saúde.
GZ: O candidato foi assessor jurídico da Prefeitura de Guabiruba da atual gestão. Como avalia a sua atuação como assessor? Por que houve o distanciamento do grupo que hoje administra a cidade?
MH: Eu trabalhei como assessor jurídico no período de 2013 até meados de 2017, na gestão Matias Kohler. Eu tenho um bom relacionamento com ele, me dou bem com todos, inclusive até com aqueles que são membros do PP. Fui filiado ao Progressistas e ao MDB, então eu tenho uma certa facilidade, mantenho amizade com a maioria das pessoas com quem vivi e convivi politicamente. Saí da administração porque tinha o interesse em ser candidato a deputado estadual no ano de 2018, por isso resolvi me afastar em 2017, e porque eu estava abrindo um novo escritório de advocacia em Brusque, e por isso precisei de um pouco mais de tempo, e a prefeitura não estava me permitindo isso. Então, foi um conjunto de situações que me levaram a me afastar naquele momento. O cargo de assessor jurídico é técnico, não tem poder de definir obras ou outras situações, é um cargo mais voltado à parte profissional do que a política em si. Foi mais um aprendizado, eu acabei aprendendo muito porque, apesar de não ter comando nas várias áreas, vemos tudo que se passa na prefeitura, tomamos conhecimento de como funciona um setor, outro, quais são as deficiências e necessidades. Quanto a desfiliação partidária, essa se deu posteriormente, foi só no final de 2019, quando acabamos buscando incentivar a criação do partido “Aliança pelo Brasil”, onde coletamos assinaturas e pra fazer parte daquele movimento de criação do partido era necessário não ter filiação partidária.
GZ: Existe dentro do plano de governo do candidato a proposta de trazer novas indústrias para a cidade. Quais serão as políticas adotadas para atrair esses investidores?
MH: Quando se fala em atrair empresas para o município, num primeiro momento, sempre se fala em incentivos fiscais. Hoje nós temos os incentivos (sobre os impostos) municipais, que são o ISS (Imposto sobre Serviços de qualquer natureza), o IPTU (Imposto sobre propriedade Predial e Territorial Urbana) e os alvarás, que acabam entrando na parte da tributação, mas eles são muito pouco ainda. Eu não sou empresário, mas conheço alguns e a gente sabe que isso muda muito pouco na vida financeira de uma empresa, não é o suficiente para atrair alguém para vir pra cá. O que Guabiruba precisa são de espaços adequados para o desenvolvimento industrial. Temos que criar uma área mais apropriada para certas empresas, temos que buscar (investimentos) lá fora. MH: Sempre acreditei que (para) trazer empresas para o município você tem que visitá-las. Dou o exemplo de Brusque, que tem empresas que ali estão localizadas em espaços inadequados e Guabiruba apresenta inúmeros terrenos de proporção maior, com mais condições de viabilidade para a edificação, seja em relação a questão ambiental, enfim, eu acredito que buscar empresas é (agir) nesse sentido: divulgar a cidade lá fora, mostrar para as pessoas que temos mão de obra qualificada, até porque a cidade vem crescendo muito no sentido de moradia, e isso acaba gerando um excedente dessa mão de obra, apesar de contarmos com o apoio de trabalhadores que vem de Brusque, mas temos mão de obra suficiente. Temos que levar aos empresários de fora essas características boas que o município apresenta para, aí sim, convencê-los a vir para Guabiruba e, dentro das possibilidades, trabalhar com incentivos fiscais. Acredito que o empresário não vê somente esse incentivo que o município pode dar como suficiente para mudar para Guabiruba. Ele quer espaço, um bom relacionamento entre prefeitura e empresa, quer saber se aqui vai ser bem tratado a ponto de valer a pena trazer todo o seu parque fabril e os seus funcionários, ou sabendo que aqui ele vai ter mais mão de obra qualificada à disposição.
GZ: Um ponto do plano de governo do candidato fala na criação de um conselho de ex-prefeitos. Como deve funcionar esse conselho? Outra bandeira da coligação é a dos vereadores voluntários. Como essa proposta se viabilizaria?
MH: Vai ser um fato inédito para a cidade e quem sabe até para o país. Ele vem como uma forma da população entender que o prefeito não quer ser dono de uma cidade, de uma cadeira, ele está ali para resolver problemas, trazer soluções. Então, cada pessoa tem suas capacidades e limitações. Eu não me considero nem pior e nem melhor do que ninguém, me considero uma pessoa com vontade, tanto quanto aquelas que lá passaram e deixaram sua história marcada. Porém, elas já tiveram as suas experiências, conhecimentos que eu ainda vou passar a ter. Muitas coisas eu já sei e elas não viram e, com isso, nós temos condições de aprender em conjunto e melhorar a cidade. O conselho de ex-prefeitos, e hoje revendo, penso que podemos abrir para demais lideranças partidárias se for o caso, o que isso consiste: convidar essas pessoas que já estiveram no poder, chamá-las para virem dialogar. Dou um exemplo bem claro: hoje nós temos dois, o Zirke (Progressistas) já assumiu como prefeito, o Orides Kormann (MDB) já foi prefeito por três vezes e hoje estão candidatos porque, acredito, gostam da cidade, porque acreditam que podem fazer algo de bom. Então, se eles têm esse desejo todo, creio que se o Marcos vencer essa eleição, eles vão querer fazer parte do conselho para nos ajudar. Eu cito nas nossas propostas de governo que é um conselho não só consultivo, mas também deliberativo. Obviamente não serão todas as situações em que vamos chamar todos para resolver as questões da prefeitura, mas todos serão convidados para tratar de assuntos importantes, casos onde haja a necessidade de uma visão mais ampla do município, eles serão convidados a participar e as decisões que serão tomadas ali devem ser levadas a efeito de forma deliberativa. Sobre os vereadores voluntários, eu acredito que seja o único município do Brasil que conte com uma nominata inteira de candidatos na condição de voluntariado. Eles estão ali se colocando à disposição como postulantes a vereadores que querem prestar um serviço ao município de forma bem participativa. Não é porque serão voluntários que eles vão ficar só doando o salário ou renunciando os valores, não. Eles irão trabalhar, tem o desejo de vir para a política, deixar a sua contribuição, marcar a história dessa cidade e quem sabe desse país, com um projeto que muitos chamam de novo, mas até 1977 os vereadores não tinham subsídios, é quase como um retrocesso positivo, como a gente chama. O PL não tem nada contra os vereadores que atuam no método convencional, recebendo seus salários, porém queremos apresentar uma proposta nova para poder participar da política, deixar um pouco de si para o município e com isso trazer recursos também. Cada vereador que conseguirmos eleger vai representar um montante de praticamente R$ 240 mil que podem retornar para o município para fazer obras e serviços que a cidade precisa. Isso falando em um só, se estivermos falando em três ou quatro nós poderemos estar chegando a R$ 1 milhão, e quem sabe o número de vereadores que estivermos falando, nós podemos aplicar esses recursos que serão renunciados talvez na construção do próprio hospital, ou num ponta pé inicial. Eles vão indicar o que eles pretendem também, dar sugestões, mas a princípio o valor que eles irão receber no primeiro mês, eles vão ter que fazer a doação desses valores, e já no primeiro mês eles dão entrada em um projeto de lei que visa autorizar a renúncia para aqueles que se disporem.
GZ: Como o candidato pretende atuar em relação aos serviços de água e saneamento básico?
MH: A Casan deixou a desejar, tanto que chegou em um sistema sucateado, isso de fato aconteceu. Diante de tantos pedidos do município, e isso eu reconheço, os prefeitos anteriores já vinham batendo nessa tecla, cobrando, e a Casan infelizmente não cumpriu a sua parte e deixou a coisa chegar nesse ponto em que foi preciso tomar uma decisão, que foi criar uma concessão, terceirizar o serviço. Eu tenho uma opinião formada de que a municipalização, no caso da água, seria no meu ponto de vista o ideal. Mas hoje já tem uma concessão feita, contratada, não temos mais o que alterar nesse momento, e o que cabe hoje ao gestor é pegar esse contrato e aplicar a risca. Eu quero rever todas as cláusulas que estão lá, ver se realmente está tudo ok, se não ficou faltando nada. Nesses contratos, muitas vezes, faltam alguns detalhes, até por que é muito difícil, são contratos complexos, mexe com muitos cálculos, porém eu acredito que nós vamos ter que fazer uma análise dessa contratação, quais pontos e cláusulas foram criadas para poder exigir o cumprimento por parte da Atlantis, a qual eu reconheço que acabou “pegando” um sistema sucateado, não dá para culpar ela nesse momento, pois ela está tentando resolver algo que já vem de anos, porém ela tem obrigação de trazer soluções, metas a cumprir, e nós vamos ter que fiscalizar e cobrar. Sou bem sincero, pelas reclamações que vejo, pelo que eu ouço diariamente das pessoas nas ruas, e nós vemos nas redes sociais em vídeos diferentes a qualidade da água, que já vem escura, então ela não está própria para consumo, é um sofrimento enorme para a população, então temos que acabar com esse problema. Sei que não é fácil, a empresa herdou um sistema sucateado, só que ela se comprometeu a trazer soluções, investimentos. A partir do momento que essa empresa deixa de investir ou de cumprir os objetivos que ela se obrigou, automaticamente a gente tem que falar e pensar em uma rescisão contratual, se for o caso, o que não pode é deixar acontecer o que houve com a Casan, que veio, fez, tratou do jeito que quis durante tanto tempo.
GZ: Como quer ver Guabiruba no futuro?
MH: Eu quero ver Guabiruba uma cidade alegre, como ela já era há muitos anos, hoje ela ainda traz muito das suas tradições, ainda mantém um povo sadio, ordeiro, que gosta de curtir a vida de verdade, mas eu quero mais alegria. Eu lembro quando ainda era jovem, vinha para cá. Eu nasci em Brusque e vivi a minha vida lá e aqui em Guabiruba, porque a gente não saia daqui e passei a morar aqui por gostar da cidade. Guabiruba é um lugar tranquilo, de paz, as pessoas todas se conhecem, e quero ver ela assim, quero ver uma Guabiruba que se desenvolva, que traga o desenvolvimento econômico, que gere emprego, renda para todos os cidadãos. Hoje, graças a Deus, Guabiruba mantem uma qualidade de vida muito boa, vivemos num espaço onde a gente pode visitar um sitio, ir para a praia, geograficamente estamos muito bem localizados, mas volto a dizer, quero ver um povo unido, uma cidade que olhe para o mesmo lugar, não quero ver uma cidade dividida por partidos, pessoas, por crenças que acabam dividindo o ser humano como um todo. Quero ver a população gostando de si como um todo, quero que as pessoas entendam que a política tem que ser deixada de lado após o período eleitoral e que as pessoas têm que apoiar umas às outras.