Amor, carinho, cuidado, dedicação… São essas e outras incontáveis palavras que definem o voluntariado de Patrícia Suave, de 35 anos. Com 25 animais em casa, dentre gatos, cachorros e até mesmo éguas, a moradora natural de Guabiruba, divide a vida pessoal, com a rotina de trabalho e a paixão pelos animais como voluntária da PATA (Protegendo os Animais com Todo o Amor) de Guabiruba.
A história de amor de Patrícia com os animais começou logo cedo, ainda na infância. Sempre muito apaixonada pelos bichos que tinha em casa quando criança, a moradora do bairro Aymoré levou consigo para a vida adulta o amor pelos peludinhos.
Apesar da paixão, adotar animais não era o suficiente. Patrícia entendeu que podia fazer mais e foi então que iniciou no trabalho voluntário como integrante da ONG PATA. Incentivada por uma amiga, ela começou a ajudar a entidade a arrecadar fundos e, com o passar do tempo, o amor tomou ainda mais conta de seu coração.
Como voluntária da PATA, ela iniciou ajudando a entidade com a venda de rifas e camisetas. Porém, o carinho pelos bichos fez com que a guabirubense abraçasse ainda mais a causa animal e transformasse a vida de animais machucados ou que foram abandonados.
Apesar de não ser uma tarefa fácil, ela aceitou a missão e há quase oito anos vem salvando a vida dos peludinhos que estão em risco. Com o aumento do número de resgates e da demanda dos pedidos de ajuda por parte da população, Patrícia, que sempre se dedicou ao voluntariado, iniciou um compromisso ainda maior em 2021: assumir a presidência da Pata Guabiruba.
Junto da tesoureira, Maindra Horner Lima, dupla de voluntárias que compõe atualmente a entidade, a guabirubense fez com que inúmeros animais recuperassem a saúde ou conseguissem uma nova família. Tudo isso graças aos eventos organizados pelas voluntárias, que se dividem para dar conta da demanda de uma cidade inteira.
Patrícia já salvou dezenas de animais. O coração da voluntária estremece quando nem todos os casos têm solução, mas os que terminam com um final feliz a motivam a seguir em frente.
Desafios e superações
Apesar da imensa paixão pelos bichos, o trabalho voluntário vai muito além do amor e do querer fazer acontecer, principalmente quando envolve a causa animal. Ainda que gratificante, o trabalho é difícil para quem doa grande parte do tempo para salvar vidas. Além de conciliar a vida fora do voluntariado ser um grande desafio e exigir muito, pensar na logística dos resgates também é um obstáculo a ser superado diariamente, conforme explica Patrícia.
“Pensar na logística do resgate é um dos nossos maiores desafios. E quando acontece um chamado no meio da manhã ou da tarde, nós não podemos simplesmente largar o trabalho e ir correndo salvar o animal. Por isso, tentamos carona solidária quando é preciso levar o animal. Vamos conciliando assim”, explica.
Ainda que difícil, os momentos de superação fazem com que a guabirubense continue. Prova disso são os resgates emocionantes e histórias de superação que Patrícia teve frente a Pata. Dentre eles, a voluntária lembra emocionada de um momento comovente e que contou com a parceria de diversas pessoas: o salvamento de uma égua que estava há duas semanas, ferida, sem água e comida, debaixo de muito sol, em um terreno na Planície Alta.
Conforme explica a voluntária, apesar de não ser comum o resgate de equinos, o bom coração e o amor pela causa animal falaram, mais uma vez, mais alto e uma força tarefa foi realizada para o encontro com a égua. “Meu pai, que também sempre teve animais, disse que era para levar ela para casa que daríamos um jeito. Nos primeiros meses achamos que ela não sobreviveria. Com o passar do tempo foi se recuperando e aí veio a surpresa: ela estava grávida!”, recorda. “São esses momentos que fazem tudo valer a pena. Hoje, a pequeninha já está enorme, com sete meses”, completa emocionada.
Ainda que as lindas histórias de superação prevaleçam na longa jornada voluntária de Patrícia, os obstáculos para conseguir salvar a vida dos animais vão muito além do próprio resgate. Com a alta no número de animais abandonados nas ruas, os pedidos de ajuda também aumentam e nem sempre podem ser atendidos. Com isso, há um entendimento errado e equivocado do papel da entidade, segundo explica a voluntária.
“Muitas vezes as pessoas não entendem e acabam nos cobrando quando não conseguimos resgatar um animal ou atender a um pedido de ajuda. Muitos acham que ganhamos para fazer o trabalho, que é voluntário, e isso acaba nos desanimando. Só que a verdade é que tiramos do nosso bolso para pagar o que é preciso. A única coisa que ganhamos e ficamos felizes é quando conseguimos salvar uma vidinha, porque é um momento muito gratificante. Apesar de tudo, continuamos nos doando aos animais”.