Desde que a Lei das Federações Partidárias foi sancionada, lá em 2021, muita coisa mudou no jogo político brasileiro. Criada como saída para os partidos ameaçados pela cláusula de barreira, a medida permitiu que siglas se unissem por pelo menos quatro anos, funcionando como uma só no Congresso e nas eleições. A proposta parecia sensata: estimular convergência programática e evitar a pulverização partidária. Mas como em tudo na política a teoria é uma e a prática outra, nem sempre tivemos essa congruência.
Casos como o PSDB e Cidadania mostram o desafio. Formaram federação, mas divergências internas e falta de sintonia ideológica minaram a parceria. Resultado? Separação precoce. Já a união entre PT, PCdoB e PV se mostrou mais estável, graças à afinidade histórica e à coesão no discurso.
Agora, com as eleições de 2026 se aproximando, as chamadas super federações viraram febre. União Brasil e PP criaram a poderosa União Progressista, maior bancada da Câmara. MDB e Republicanos flertam com a ideia de se juntarem, mirando protagonismo no Senado. Outros partidos correm para não ficar para trás — não por afinidade, mas por sobrevivência. E aí que mora o problema.
Essas alianças, muitas vezes costuradas em bastidores recheados de conchavos, se movem mais pela matemática eleitoral do que por projetos de país. É o casamento de fachada: troca-se princípio por pragmatismo. Partidos que se apresentavam como antagônicos agora dividem palanque, tempo de TV e fundo eleitoral como velhos amigos. E o eleitor? Fica perdido, sem saber se vota num partido ou num “Frankenstein” político.
O cenário mostra uma política cada vez mais voltada para o fortalecimento individual, não necessariamente da representação popular. As federações deveriam representar diálogo e união de ideias. Mas algumas viraram instrumento de poder puro, onde o que vale é garantir número, não coerência.
Por isso em 2026, quando formos às urnas escolher deputados e senadores, é preciso olhar além do nome estampado no santinho. A federação à qual o candidato pertence pode dizer muito sobre seus compromissos e sua liberdade de atuação. É hora de investigar, questionar e acompanhar. Porque a super federação pode ser super estratégica… mas também super enganosa.