Imagem: Rodrigo Bustamante

Nos períodos que antecedem as eleições, sejam elas municipais, estaduais e federais, as pesquisas de intenção de voto costumam receber grande atenção dos eleitores e cidadãos. Não raro, os números apresentados influenciam na escolha e geram debates acalorados e contestações nos diferentes pleitos. Longes dos processos científicos auditados pelo Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC), uma tradição local promete indicar as possibilidades dos candidatos em disputa.

Em Guabiruba, cidade com cerca de 15 mil eleitores, nenhuma pesquisa foi publicada durante o período de campanha eleitoral para mostrar as intenções de voto. Entretanto, a cultura popular contou com uma alternativa curiosa para apontar quem deveria ser eleito o novo prefeito. Apesar do folclore envolvido, os praticantes do costume detalham o método adotado para a projeção.

A tradição das bananeiras

- Publicidade i -

Angelita Alfarth, 55 anos, nasceu no município vizinho Blumenau. Ela é filha da guabirubense Hertha Alfarth, 85, e sua família reside na cidade há cerca de 30 anos. Angelita e outros moradores de Guabiruba mantém a tradição de cortar bananeiras para identificar qual candidato irá vencer as eleições.

A tradição consiste em escolher pés da fruta – a quantidade varia de acordo com o número de candidatos que disputam o pleito – da mesma espessura. Eles são cortados e, ao mesmo tempo, batizados. Cada um recebe o nome de um dos postulantes ao cargo – no caso das eleições de 2020, Marcos Habitzreuter (PL), Orides Kormann (MDB) e Valmir Zirke (Progressistas). O resultado depende de tempo e é indicado pelo tronco, segundo o desenvolvimento do broto. Assim como as pesquisas habituais, não basta se destacar antes, é preciso crescer mais que os adversários.

Pela crença, o sucesso do candidato é indicado após analisar a planta. “A minha mãe sempre diz que o certo é fazer uns dois ou três dias antes da data prevista da eleição”, conta Angelita.

“Você tem que cortar os três pés na mesma altura. Eu faço desde a época de Blumenau. Lá, hoje em dia, são muitos candidatos, então fica difícil, mas como aqui são três, continuamos fazendo”, explica a simpática dona Hertha, que reservou três bananeiras de seu quintal para cortar na sexta-feira, 13 de novembro.

Angelita conta que começou a seguir essa tradição por influência dos pais, que sempre se interessaram muito por política. De acordo com ela, depois de começar a se interessar mais pelo assunto, ela acabou conhecendo o costume.

“Eu acabei conhecendo essa tradição através da minha mãe, ela sempre faz isso. Ela já fez (o corte das bananeiras) há duas semanas e vai fazer novamente, então eu acabei conhecendo pelos meus pais e, automaticamente, eu estou ensinando para os meus filhos”, relata Angelita.

 Costume inusitado

Denise Carminatti mora em Guabiruba há 23 anos. A porto-alegrense conta que conheceu a tradição com a família do marido, que é da cidade. Segundo Denise, no começo ela achava o costume inusitado e começou a se interessar também pela tradição.

“Há quatro anos, conversando com a tia do meu marido, ela me disse ‘Vamos fazer de novo?’ eu acabei concordando”, revela Denise, que disse que não fez a tradição em 2020 pois as bananeiras foram retiradas do fundo do quintal da família.

  Margem de erro

Apesar de se tratar de uma tradição popular local, os praticantes defendem que os brotos das bananeiras não costumam errar quem saíra vitorioso no pleito. “Sempre deu certo, tanto nas outras eleições, em que o partido da nossa preferência não ganhou, como na última, quando a diferença foi um pouco maior, dava pra ver que o broto estava um pouco maior que o outro”, revela Denise.

Já aconteceu também de a bananeira apontar quando um postulante ao cargo de prefeito poderia perder. Angelita lembra que em determinada eleição, os brotos das bananeiras indicavam a vitória do empresário Pedro Schmitt nas vésperas da votação e, no dia do pleito, o broto acabou apontando outro resultado.

“Eles cortaram e a bananeira indicava que ele ia ganhar. Chegou no domingo, ela murchou, o talo entortou e ele perdeu a eleição”, relembra Angelita.

E as bananeiras não erraram mais uma vez. Os pés da fruta da família Alfarth foram cortados na manhã de sábado, 14, véspera das eleições. No domingo pela manhã, os brotos que saiam da planta apontavam a vitória do candidato Valmir Zirke (Progressistas), que se confirmaria mais tarde.

Coincidências ou não, resta saber se as bananeiras de Guabiruba vão acertar os vencedores nas próximas eleições.

Deixe uma resposta

- Publicidade -
banner2
WhatsAppImage2021-08-16at104018-2
previous arrow
next arrow