Transtorno do Pânico: Sintomas e formas de tratamento

Psicóloga Sara Almeida Cuba aborda em artigo aspectos que envolvem a síndrome do pânico

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Você está envolvido em algum aspecto comum da vida quando, de repente, seu coração começa a bater mais forte e fica difícil controlar a respiração. Você sente vertigem, tontura e sensação de desmaio, ficando convencido de que está prestes a morrer.

Então, você corre para o pronto-socorro mais próximo, onde são realizados exames cardiológicos e laboratoriais. Possivelmente, os resultados dos exames dão negativos para algum tipo de doença, e você é informado de que fisicamente não há nada de errado.

Se isso já aconteceu com você, com algum amigo ou familiar, estes sinais são de um problema bastante conhecido, muito comum e bastante tratável. Chamamos estas sensações corporais intensas de ataques de pânico. Outras sensações também podem estar presentes, como sentir calor ou frio, sufocamento, suor, perda de controle urinário, náuseas e dores na região do peito.

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O transtorno de pânico é a recorrência desses sintomas intensos de ansiedade, que geram bastante medo e desconforto, e podem acontecer de repente, em qualquer local (rua, elevador, ônibus, carro, em casa) ou em qualquer situação.

Aos poucos, com a repetição desses sintomas, a pessoa acometida por esses ataques começa a se sentir insegura e pouco confiante em ficar sozinha ou sair na rua desacompanhada. Temem perder o controle, desmaiar, enlouquecer e até mesmo morrer.

Com isso passam a fazer muitas coisas apenas com a companhia de alguém, na ideia de que se acontecer algo, o acompanhante poderá tomar providências, como levá-la a um médico ou para casa ou outro local sentido como seguro.

A principal informação que a pessoa que sofre com Transtorno do Pânico precisa ter é que todas essas sensações experimentadas no seu corpo, apesar de serem realmente desconfortáveis, não são tão perigosas como se imagina. Elas fazem parte da ativação de um sistema de defesa do organismo para que possamos lidar com as adversidades. Cada sensação tem uma função específica que preza pela nossa sobrevivência. Este sistema é acionado em momentos de perigo e serve para nos alertar e nos proteger.

Porém, quando esse sistema fica “desregulado”, ele é ativado sem a real necessidade, na ausência de um perigo eminente, e você tem um ataque, que pode vir a trazer grande desconforto, o que, no entanto, não quer dizer que um perigo realmente exista, e sim que foi somente  uma ‘alarme falso”.

A grande questão é, se você tende a antecipar os piores desfechos possíveis em relação ao desconforto que sente (“Estou morrendo”, “Não vou aguentar”, “Estou enlouquecendo”, “Vou perder o controle” ), essas interpretações costumam aumentar ainda mais a ansiedade, ou seja, as sensações temidas se mantêm intensas. Ao interpretar estas sensações como uma prova de que você realmente está correndo algum risco, você acaba confirmando o perigo percebido de forma equivocada o que intensifica ainda mais os sintomas.

Um dos tratamentos considerados mais eficazes para lidar com o transtorno de pânico, e outros tipos de ansiedade é a Terapia Cognitiva Comportamental (TCC). Através dela você aprenderá estratégias para lidar com seus sintomas, ou seja, irá treinar seu corpo a diminuir a ativação provocada pela ansiedade, reduzindo a intensidade das sensações corporais e, em consequência, as interpretações sobre perda de controle a respeito do próprio corpo. Uma maneira de fazer isso é através de técnicas de respiração, que precisarão ser constantemente praticadas para que você consiga utilizá-las nos momentos em que precisar.

Uma outra estratégia eficaz, também aprendida na TCC, é questionar a validade dos seus pensamentos sobre as sensações que costuma ter, buscando se basear em evidências. Ou seja, você irá questionar se a forma como interpreta suas sensações condiz mesmo com o que acontece na realidade e se há uma maneira alternativa de entender o perigo que costuma antecipar.

É natural sentir-se como se não houvesse uma saída diante de tanto sofrimento, mas é possível interromper este ciclo e começar a viver uma outra história.

Você pode começar a praticar essas estratégias em casa, isso ajudará a aliviar os sintomas e você se sentirá muito melhor. Mas é importante enfatizar que se os sintomas persistirem, faz-se necessário buscar ajuda de um Psicólogo, de preferência que atenda na abordagem Cognitiva Comportamental e um Psiquiatra, que caso precise irá prescrever medicação.

Sara Almeida Cuba, psicóloga (Registro Profissional: 12/17247)

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